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‘Inovação é a única forma de a sociedade crescer’

Clemente nóbrega é autor de 7 livros e vencedor do prêmio Abril de Jornalismo
Clemente nóbrega é autor de 7 livros e vencedor do prêmio Abril de Jornalismo
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Inovação é muito mais do que uma palavra de ordem para os negócios em período de crise. Inovação é a única forma de uma sociedade crescer. É este conceito que o palestrante Clemente Nóbrega difunde entre os empresários – ele participou de um evento de empreendedorismo na cidade e região, promovido pelo Sebrae. Formado em física e mestre em engenharia nuclear, Clemente Nóbrega iniciou a experiência no mundo dos negócios em 1987. Na década de 1990, atuou como diretor de marketing da Amil Assistência Médica. “Vi claramente que todo tipo de pessoa deve ter um olhar de gestor, independentemente de sua formação. O que conta em gestão são resultados, não é papo, não é ideologia”, garante. Clemente é autor de sete livros e vencedor do Prêmio Abril de Jornalismo. Em entrevista à Tribuna, ele falou sobre o que é inovar, como fazê-lo e as expectativas para o futuro diante deste processo que irá acarretar na desconstrução de profissões e na demanda por um novo perfil de profissional.

Tribuna – Inovação tem sido a palavra de ordem para a criação e a sobrevivência dos negócios, sobretudo, em período de crise. O que é preciso para inovar?
Clemente Nóbrega – Para começar, precisamos entender a importância da inovação. De 1800 para cá, a humanidade viveu grandes transformações e um aumento incrível da sua riqueza. Quando digo “riqueza”, falo não só em dinheiro, mas em melhoria da qualidade de vida, aumento da longevidade e prosperidade de forma geral. Isso tudo graças aos avanços na saúde, em infraestrutura, como saneamento e água encanada, dentre muitas outras coisas. Não sabemos detalhadamente como tudo ocorreu, mas sabemos que, numa visão macro, graças à inovação foi possível a transformação de produtos já existentes e a maturação de novas ideias. Inovação é a única forma de uma sociedade crescer. Hoje, ela também virou prioridade para as empresas por uma questão de sobrevivência. Quem não inova fica para trás. As pessoas precisam aprender a inovar e, para isso, é preciso conhecer a técnica, a metodologia, estudar. Inovação é, sim, uma disciplina.

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– Então a inovação é possível para qualquer negócio, independente de porte ou setor?
– Sim, embora existam fases diferentes. Quando uma empresa começa, ela já tem que ter uma proposta de inovação em relação aos concorrentes. No momento, temos um bom exemplo com a Uber. Não vamos discutir se é bom ou não, mas o fato é que ela propôs uma nova maneira de fazer um negócio que já existia. Quando a empresa é jovem, para ela ter sucesso, tem que começar com uma proposta inovadora. Não adianta fazer o mesmo que os outros fazem. Já as empresas mais antigas devem fazer do processo inovador um imperativo. Elas não podem achar que receberam o direito eterno de existir. É preciso embutir processos de inovação no trabalho que realizam. É um grande desafio, mas é a forma de sobreviver no mercado. Conhecemos várias histórias de negócios que acabaram depois de muitos anos de existência simplesmente porque se acostumaram a fazer as coisas do mesmo jeito.

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– No caso das startups, que já nascem com o objetivo de inovar, qual é o caminho para se destacar no mercado? Há futuro para todas elas?
-Não há futuro para todas, pois a competição existe e é grande. Não é uma regra que a empresa que nasceu com uma proposta inovadora terá garantia de sucesso. É preciso aprimorar o processo de inovação. Para qualquer tipo de negócio, é importante dedicar um percentual de recursos para esta busca permanente por processos, serviços, produtos e modelos de inovação. O gestor tem que patrocinar este processo de aprendizado. O mundo dos negócios, felizmente ou infelizmente, não permite que ninguém fique parado. Quem fica parado, cai.

– Você diz que, com as constantes inovações, algumas profissões serão desconstruídas. Quais são elas e por que devem desaparecer?
-Há uma tendência de que muitas das profissões tradicionais irão perder relevância com o tempo. Temos visto a tecnologia substituir especialistas em vários campos. Algumas áreas passarão por essa transformação de forma mais lenta, outras de forma mais rápida. Quando digo que uma profissão será desconstruída com o tempo, me refiro ao fato de que o profissional da forma como conhecemos hoje não encontrará mais mercado. À medida em que tudo é viabilizado pela tecnologia, essa desconstrução ocorre. A engenharia já tem acompanhado a codificação de parte dos seus processos, o que exige que um engenheiro hoje saiba mais do que aprendeu nos cinco anos da faculdade. O jornalismo também acompanha esse avanço da tecnologia, os jornais impressos têm site e redes sociais, o que exige outros conhecimentos dos profissionais. O jornal clássico não vai morrer, mas tende a se direcionar para nichos. Até mesmo áreas como saúde e educação, que se modificam de forma mais lenta, ganharão novos conceitos de hospital, médico, professor, sala de aula.

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– Qual é o perfil que será cobrado dos novos profissionais?
– Ele deverá estar sempre em busca do que vai permitir dar o passo seguinte na sua área de atuação. O mercado precisará de profissionais nas áreas de informação e inteligência. Temos que estar preparados para isso, colocar informação dentro da nossa atividade para reconfigurá-la. Novamente falando da Uber, olha o que ela fez. O motorista não só dirige um carro, ele manuseia uma tecnologia para se conectar ao passageiro, tem um GPS acompanhando o trajeto, o pagamento feito via aplicativo e uma série de inovações. Qual profissional vai estar livre disso? A tecnologia vai propiciar esta desconstrução e exigir que todas as áreas, mais cedo ou mais tarde, se adaptem.

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