Quase dois anos após a assinatura do protocolo de intenções – em dezembro de 2012 -, o projeto do Centro de Distribuição (CD) de veículos, peças e componentes da Fiat em Juiz de Fora começa, de fato, a sair do papel. Com a assinatura, nesta segunda-feira (6), do termo de concessão do direito real de uso do terreno, localizado na BR-040, no Distrito Industrial, a montadora informa que as obras começam ainda este mês. O início das operações está previsto para janeiro de 2015.
O gerente de Logística da Fiat na América Latina, Mauricélio Faria, esteve na cidade e destacou que as conversas para a concretização do projeto acontecem há três anos. A unidade, que demanda investimento de R$ 11 milhões, ocupará área de, aproximadamente, 180 mil metros quadrados e terá capacidade para receber até 20 mil automóveis por ano. São modelos como Fiat 500, Freemont, Palio e Siena, importados de Argentina e México. A filial também fará a expedição de automóveis que serão exportados para América do Sul e México. Pelas contas de Mauricélio, o faturamento é estimado em R$ 1,2 bilhões por ano, considerando a movimentação de 20 mil veículos com valores médios de R$ 30 mil a R$ 60 mil. A necessidade de mão de obra para operacionalizar o núcleo é baixa, estimada em 20 trabalhadores diretos.
A filial juiz-forana vai receber os automóveis que chegam pelo Porto do Rio de Janeiro e, até então, eram levados a Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A importação também será feita pela cidade. Ainda serão realizadas, no município, a inspeção e a preparação para venda a clientes localizados nas regiões fluminense, capixaba e baiana. Com a base local, será possível economizar tempo e mais de 600 quilômetros em cada carro transportado, explica Mauricélio.
O gerente comenta que desconhece projeto de industrialização de veículos na cidade, cuja atuação será focada em importação e distribuição logística. Com o passar do tempo, explica, também pode ser incorporada a atividade de pre-delivery inspection (PDI), que consiste na inspeção de carros importados visando a acrescentar acessórios e componentes específicos do mercado brasileiro. “É uma operação logística industrial”, define. O CD de Juiz de Fora é o segundo do estado. A montadora já possui uma unidade de distribuição em Extrema, no Sul mineiro, em operação desde 2010, que movimenta os produtos advindos do Porto de Santos. Para Mauricélio, Juiz de Fora tem potencial para se tornar um polo logístico nacional.
Expectativa
O prefeito Bruno Siqueira (PMDB) destacou a importância da chegada da empresa ao município, o impacto na arrecadação municipal e a perspectiva de que, no futuro, seja possível conquistar novos empreendimentos do grupo. O Grupo Fiat é constituído também pelas marcas Iveco (caminhões), FPT – Powertrain Technologies (motores e transmissões), Teksid do Brasil (peças em ferro e alumínio) e CNH (máquinas agrícolas e de construção).
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Geração de Emprego e Renda, André Zuchi, analisou que, se o faturamento do negócio alcançar a marca de R$ 1,2 bilhões, possibilitará o retorno de até R$ 5 milhões aos cofres públicos, na forma de repasse do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por meio do Valor Adicionado Fiscal (VAF). “Vai contribuir muito para a receita do município e para o desenvolvimento local.” Para Zuchi, a Fiat é uma âncora, capaz de atrair outros projetos logísticos. “Empresas que trabalham para eles já estão prospectando a cidade no campo logístico.”