Levantamento feito pela Embrapa Gado de Leite, em parceria com a Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), apontou mudanças no consumo de produtos lácteos durante a pandemia. A pesquisa alcançou 5.105 pessoas com questionamentos sobre os fatores levados em conta no momento da compra dos derivados do leite e constatou mudanças sensíveis nos critérios do consumidor e na faixa etária dos compradores.
O levantamento foi realizado entre 23 de abril e 3 de maio por meio de redes sociais, com a colaboração de divulgação por meio da Abraleite. Entre o contingente de mais de cinco mil pessoas, tido pela Embrapa como muito significativo, houve maior representatividade de Minas Gerais, mas também com respostas de pessoas de estados do Sul, do Centro-Oeste e dos demais estados do Sudeste brasileiro.
Variação do consumo durante quarentena
Questionamento junto aos consumidores constatou que poucos enfrentam problemas em achar os produtos nas prateleiras de supermercados. Do total de respostas, 83% afirmaram encontrar com facilidade os lácteos no mercado. O queijo continua sendo o produto mais consumido (97%), seguido pela manteiga (95%) e pelo creme de leite (92%). “Nós não tivemos controle sobre o tipo de pessoa que respondeu à pesquisa, se eram consumidores de lácteos ou não. Ainda assim, teve um número grande de consumidores”, explica a pesquisadora da Embrapa Kennya Siqueira.
Em termos gerais, entre produtos mais ou menos populares, o quantitativo de consumidores que mantiveram o consumo nos mesmos padrões anteriores à pandemia é maior do que os que diminuíram ou aumentaram o consumo. No saldo da variação de consumo de produtos lácteos durante a pandemia, queijos (+17%), manteiga (+16%) e leite condensado (+14%) puxam as filas dos que apresentaram variação positiva no número de pessoas que afirmaram ter aumentado o consumo. Por outro lado, o sorvete (-14%), o petit suisse (-13%) e o doce de leite (-5%) estão na outra ponta do ranking, indicando diminuição do consumo entre os clientes que responderam a enquete.
Fatores influenciadores na compra
Também foram levantados os fatores tidos em conta pelos consumidores no momento da compra em cada produto. Em todos, a marca, o preço e a qualidade, somados, concentram cerca de 90% dos consumidores e se consolidam como os fatores mais preponderantes para a obtenção dos lácteos.
Entretanto, o fato de ser uma empresa local também ganhou espaço significativo entre os consumidores. Na compra de leite pasteurizado, 11% afirmaram ter em conta a proximidade geográfica com a produtora; em queijos e iogurtes, fatias consideráveis dos consumidores também levaram em conta o fator, com 8% e 7% de respostas, respectivamente. “A compra de produtos regionais e locais já vinha sendo, há alguns anos, mais valorizada pelo consumidor. Nós observamos que isso está sendo fortalecido durante o período de quarentena e pode permanecer forte mesmo depois da quarentena”, aponta Kennya.
O benefício nutricional dos alimentos foi um destaque negativo do levantamento, sendo pouco considerado no ato da compra. Entre os produtos questionados pela pesquisa, ele é levado em conta por 1% a 4% dos consumidores, mesmo durante o período de pandemia. Para a pesquisadora, é um indicativo da necessidade de maior conscientização. “Essa situação indica que o setor lácteo deveria investir mais em marketing institucional para divulgar os benefícios dos seus produtos e conscientizar os consumidores sobre os benefícios nutricionais e funcionais dos produtos”, analisa.
Perfil do consumidor
Com isolamento domiciliar recomendado sobretudo para pessoas integrantes do grupo de risco da Covid-19 e idosos, o consumidor se tornou ligeiramente mais jovem. As mulheres ainda são maioria nos corredores dos supermercados, representando 55% dos consumidores durante a pandemia. Mas houve aumento de homens entre 25 e 40 anos nas compras, saindo de 13% antes da pandemia para 16% durante o período epidêmico.
Por outro lado, a porcentagem de consumidores com mais de 55 anos de ambos os sexos teve redução durante a pandemia. Entre os homens, saiu de 12% para 11%. Já entre as mulheres, reduziu de 14% para 9%.