As medidas de contenção de crédito adotadas pelo Governo federal para frear o consumo e controlar a inflação, ao que parece, ainda não impactaram o mercado automotivo em Juiz de Fora. O número de emplacamentos de automóveis e comerciais leves em abril foi o maior do ano (920) e representa alta de 16,4% na comparação com o mesmo mês de 2010 (790). Na comparação do primeiro quadrimestre (4.962) com o do ano anterior (4.695) também há crescimento: 5,7%. O balanço do acumulado também considera outros veículos, como caminhões, motocicletas e reboques.
Os dados locais foram divulgados ontem pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG). No país, os emplacamentos cresceram 4,6% de janeiro a abril em relação ao mesmo período de 2010. No estado, a evolução foi quase três vezes maior (12,68%) tendo por base a mesma comparação. Os números, apesar de expressivos, estão dentro das expectativas, mesmo com as restrições, como aumento de juros e impostos, avalia o presidente do Sincodiv-MG, Mauro Pinto de Moraes Filho.
Segundo o supervisor de vendas da Delta Fiat, Bruno Felipe Pereira, as vendas em abril cresceram 10% ante março. Para ele, a redução de juros oferecida pelas montadoras e as promoções têm conquistado os consumidores. O gerente de vendas da Parvel, Adriano Torres Mattar, também identifica aquecimento. Mesmo sem citar percentuais, disse que a demanda está ascendente em abril e no quadrimestre. Para Adriano, a concorrência entre as marcas têm derrubado a incidência de juros, criando condições atrativas para a aquisição de um automóvel. O preço tem atraído o consumidor. Nas concessionárias, dependendo do modelo, é possível reduzir os juros a zero, desde que a entrada seja elevada (em torno de 60%).
Perspectiva moderada
O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze, adverte que a tendência é de crescimento mais moderado devido às medidas do Banco Central (BC). Para ele, o aumento do valor da entrada no financiamento e a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 1,5% para 3% ao ano, têm provocado um crescimento mais moderado no mercado. No mês passado, as vendas caíram 5,5% ante março. Ainda assim, foi o melhor abril da história, com 289,2 mil unidades negociadas no país.
Para Reze, o crescimento em patamares menores é benéfico para a administração de toda a cadeia automotiva. Na avaliação do presidente, o setor automotivo não contribuiu para o aumento da inflação, já que o preço do automóvel estaria praticamente inalterado nos últimos doze meses. Em alguns modelos, inclusive, o consumidor pode encontrar preços menores do que os praticados no ano passado.
Ainda segundo a Fenabrave, a Fiat foi a montadora que mais vendeu carros e comerciais leves em abril. A participação da marca no total de vendas do mês passado foi de 22,28% no caso dos automóveis. A Volkswagen está em segundo lugar, com 20,70% da fatia. A GM ocupa a terceira posição, com 20,47% de participação. Em abril, o Gol foi o carro mais vendido, com 22.304 unidades comercializadas, seguido de perto pelo Uno: 22.179. O terceiro veículo mais procurado foi o Celta (13.077 unidades).