Os motoristas que estacionaram na Rua Braz Bernardino enfrentaram um dificultador a mais: os dois equipamentos da rua estavam desativados durante a manhã. A única alternativa dada aos motoristas era se deslocar até as ruas próximas para usar as máquinas em funcionamento, o que causou irritação. A empresária Andrea Gerheim se recusou a fazer o percurso. Considerou a situação absurda e questionou como poderia ser multada se não havia parquímetros ativos no setor em que estacionou. Também no local, Reinaldo Pinto Fernandes ficou inconformado com a situação. Ele chegou a ir até a Rua Santa Rita, mas reclamou da perda de tempo, já que estava trabalhando. Na sua opinião, o sistema antigo era mais prático.
Na parte alta da Marechal Deodoro – e mediante a falta de agentes -, um grupo de usuários tentava se ajudar na utilização do parquímetro. “Como foi a primeira vez, achei meio complicado”, disse o metalúrgico Moisés Honorato Ferreira. Uma das dificuldades, comenta, foi a exigência de digitar o número do setor utilizado. A informação está disponível na placa de sinalização, mas não havia quem alertasse sobre isso. Para o propagandista Fernando dos Santos, a descrição do setor deveria estar disponível no parquímetro correspondente. Com isso, o motorista que não observou a informação na placa, não precisaria retornar ao local do estacionamento para completar o processo. “Inicialmente, vai gerar uma necessidade de treinamento.”
A fisioterapeuta Priscila Barbosa Machado reclamou da falta de auxílio e de o preço ter dobrado. Ela precisou observar outros usuários para aprender a utilizar o equipamento. Na sua opinião, as máquinas deveriam aceitar também cédulas, já que nem sempre os motoristas têm moedas no bolso.
Em uma banca localizada na Rua Oscar Vidal, a atendente Rívia Oliveira comenta que foi grande a procura de pessoas tentando trocar notas por moedas, para utilizar as máquinas. O corretor Ivan Perlatto nem se deu ao trabalho. Apesar de utilizar, há mais de quatro anos, a Área Azul diariamente, decidiu procurar outro lugar para estacionar o seu carro, gratuitamente, mesmo que isso represente andar mais até chegar ao trabalho. Ele se recusa a pagar o dobro pelo rotativo, sem a contrapartida em melhorias no serviço.
Na Rua Oscar Vidal também havia um equipamento com defeito, que foi reparado por volta das 11h. Na via, havia carro com dois tíquetes antigos da Área Azul, no valor de R$ 1 cada. A medida não é aceita no novo sistema. A orientação é que os usuários que possuem talões no valor de R$ 1 devem trocá-los por crédito do mesmo valor, no prazo de 90 dias, na central de atendimento da Estapar (Avenida Olegário Maciel 45, Bairro Santa Helena).
O representante comercial Marcelo Fajardo Vieira, que utiliza o estacionamento rotativo duas semanas por mês, reclamou da restrição de uso. Com o novo sistema, o motorista só pode permanecer, no máximo, três horas por dia no mesmo setor. Fajardo não encontrou dificuldades para utilizar o parquímetro, cujas instruções foram consideradas claras. “Toda mudança encontra um pouco de resistência.”
O professor Benício Moreira da Silveira dedicou alguns minutos para “entender” a máquina e considerou as regras “bem explicadas”. Na sua opinião, o valor de R$ 2 para automóveis é justo se comparado aos preços praticados pelos estacionamentos pagos em Juiz de Fora. Para o professor, a informatização trará melhorias ao sistema.
Esquema especial
Por meio de nota, a Estapar, operadora do sistema, afirmou que montou esquema especial para orientar os usuários. A informação é que foram alocados 20 dos 30 monitores contratados em 20 pontos fixos para informar e tirar dúvidas da população, no horário entre 9h e 18h. Conforme a empresa, durante as próximas duas semanas, será adotado esquema de rodízio, de forma que toda a extensão da Área Azul seja percorrida. Além destes agentes concentrados em localidades fixas, os dez restantes farão a cobertura dos demais setores na cidade.
Segundo a empresa, não houve “nenhum tipo de defeito” nos parquímetros. A informação é que os equipamentos estão passando por ajustes operacionais, conforme a utilização. “Quaisquer eventuais problemas serão resolvidos.” Sobre o fato de o cartão recarregável ainda não estar disponível, a justificativa é que trata-se de período educativo e de orientação. “A venda dos cartões será divulgada em breve, assim como os postos de venda.”
A Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), por meio de sua assessoria, argumentou que a implantação de uma nova tecnologia, em um primeiro momento, causa dúvidas sobre a utilização. A informação é que, durante os primeiros dias, o foco do serviço será na orientação. “Aos poucos, os usuários vão se adaptando com o novo serviço, que vai favorecer e muito à cidade, principalmente no que diz respeito à fiscalização e mobilidade urbana.”
Sobre os usuários que ainda estão utilizando o tíquete antigo, a informação é que eles serão orientados e, caso persista a infração, poderão ser penalizados. Essa será a abordagem dos agentes de trânsito nesses primeiros dias, informou a pasta.