O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) classificou como “crítico” o abastecimento de combustíveis no interior do estado, em nota oficial enviada à imprensa no fim da noite desta sexta-feira (1º), mas pediu paciência aos consumidores. Segundo o comunicado, o abastecimento já está praticamente normalizado na região metropolitana de Belo Horizonte, onde 90% dos postos de combustíveis já tinham recebido a primeira carga de abastecimento após a greve dos caminhoneiros, finalizada nesta quarta-feira (30). Em Juiz de Fora, no entanto, até sexta, apenas 30 de cerca de 140 postos haviam recebido combustíveis, mas, conforme análise da Prefeitura, a situação está próximo da normalidade.
Segundo a nota, a demora para a normalização do abastecimento nas cidades do interior de Minas Gerais pode ter ligação com a dificuldade de aquisição de combustíveis por parte dos postos, já que o sindicato teria recebido reclamações de diversas revendedoras relatando o problema. Em razão disso, o Minaspetro afirma, em nota, que procurou as distribuidoras para informar a necessidade de dar mais atenção aos postos de combustíveis situados em cidades do interior.
Porém, o sindicato diz que reconhece a dificuldade logística para abastecer os cerca de 4.300 postos localizados em todo o estado. A informação é de que eles ficaram, quase em sua totalidade, desabastecidos com a greve dos caminhoneiros. Por isso, o Minaspetro pede paciência aos consumidores e orienta a população a evitar a corrida aos postos com o intuito de abastecer os veículos antes de uma suposta nova greve, informação que estaria circulando em redes sociais. Conforme o sindicato, a medida acelera o processo de baixa no estoque e o aumento de filas.
Corrida aos postos continua
Desde a chegada do primeiro comboio com carregamento de combustíveis em Juiz de Fora, na última terça-feira (29), motoristas da cidade e da região têm permanecido por horas em filas nos postos de combustíveis na tentativa de abastecerem seus veículos. Até esta sexta, ainda valia o decreto de emergência da Prefeitura de Juiz de Fora, que determinava prioridade no abastecimento de veículos de serviços públicos e limitava o abastecimento de 20 litros para veículos particulares.
Apesar da revogação do decreto, divulgada na sexta pelo prefeito Antônio Almas (PSDB) e publicada no Diário Oficial do Município neste sábado (2), motoristas continuavam formando filas em postos de combustíveis pelo quinto dia consecutivo. Durante a manhã de sábado, era possível observar a movimentação, principalmente, em postos da região Central e naqueles localizados em avenidas e ruas de acesso aos bairros. Apesar de haver filas na maioria dos postos, a reportagem verificou que o número de pessoas aguardando já era menor em comparação com as filas dos últimos dias.
No posto Romualdo, localizado na esquina entre a Rua Dr. Romualdo e a Avenida Barão do Rio Branco, no São Mateus, Zona Sul, a fila para abastecer ocupava parte das faixas de ambas as ruas. Na mesma região, o Posto Chalé, no Bairro Bom Pastor, também havia formação de fila. No Posto Andradas, localizado na região Central, na Avenida dos Andradas, o movimento era um pouco menor no momento da passagem da Tribuna, mas havia fila de espera.
Com a revogação do decreto e o encerramento do esquema de comboios realizado pela Prefeitura, a expectativa é que o abastecimento leve ainda alguns dias para ser normalizado, sem previsão de data.
Falta de qualidade dos combustíveis é motivo de denúncia
Em nota, o Minaspetro se posicionou sobre as diversas denúncias relacionadas à falta de qualidade dos combustíveis utilizados para abastecimento nos últimos dias em Minas e aos preços abusivos praticados pelos postos. Segundo o sindicato, os postos de combustíveis que atuam no estado possuem índice de excelência atestado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e afirma que é preciso cuidado por parte da população para não propagar “difamações contra a imagem” dos estabelecimentos.
A recomendação é que, em caso de suspeitas de irregularidade, o consumidor deve exigir o teste de qualidade, que deve ser feito na hora e na presença do solicitante. Se, ainda assim, o consumidor quiser denunciar, é possível entrar em contato com o Centro de Relações com o Consumidor da ANP, pelo telefone 0800 970 0267.
Sobre a prática de preços abusivos, os estabelecimentos flagrados serão enquadrados nos crimes contra a economia popular, ordem econômica e ordem tributária, sendo que o dono do posto pode ser preso. Em Juiz de Fora, a Agência Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-JF) tem efetuado fiscalizações na tentativa de coibir a prática de preços abusivos. No entanto, conforme análise do órgão, o reajuste praticado na cidade não é abusivo, pois encontra-se dentro da média de preços do estado. Até esta sexta-feira, a média de valor nos postos de combustíveis era de R$ 4,99 em Juiz de Fora.