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Salões e restaurantes mais vazios

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Os salões de beleza também sentiram o impacto e tiveram redução de 30% na demanda; segundo o sindicato da categoria, só no Centro, foram fechados cerca de 20 estabelecimentos (Foto: Leonardo Costa)
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Os dados da última Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, divulgada em fevereiro, mostram retração de 5% na oferta de serviços do país no ano passado. O percentual, que é uma média entre diferentes segmentos e a atuação regional, pode aumentar significativamente quando avaliado caso a caso. Esta é a situação de alguns serviços prestados na cidade, que perceberam queda de até 50% na demanda. Transporte, hospedagem, cuidados pessoais e alimentação fora de casa estão entre as principais áreas afetadas. Para sobressair ao momento difícil, a solução tem sido criar estratégias de fidelização.

O número de passageiros que usam táxi caiu pela metade, de acordo com o Sindicato dos Taxistas. “Essa queda vem sendo percebida ao longo dos últimos dois anos e agora se acentuou. A crise econômica, o aumento da frota e a concorrência com Uber são os principais motivos”, analisa o presidente Aparecido Fagundes. Segundo ele, não há expectativa de melhora a curto prazo e, por isso, os taxistas buscam alternativas para garantir a renda. “A solução tem sido ficar mais tempo na rua. Quem descansava no domingo, agora trabalha. Também foi criado um aplicativo que oferece 30% de desconto nas corridas.”

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Ano difícil

Ofertas e descontos também tem sido a principal estratégia dos salões de beleza para atrair a clientela. “O ano passado foi muito difícil, vários estabelecimentos fecharam as portas. Só no Marechal Center, no Centro, foram 22. Aqueles que continuam ativos sentiram retração de até 30% da demanda, e o jeito tem sido fazer promoções. É comum ver salões anunciando ofertas semanais de combos. Os preços também foram mantidos”, relata o superintendente do Sindicato Intermunicipal da Classe Econômica do Setor de Beleza e Similares de Juiz de Fora e Região (Sinterbel), Paulo Bitar. Para ele, as pessoas substituíram o serviço para economizar. “O poder aquisitivo diminuiu. Quem ia toda semana passou a frequentar uma vez por mês. As pessoas passaram a fazer as unhas e escovar o cabelo em casa, deixando a ida ao salão apenas para os dias de comemorações importantes.”

No segmento de hotelaria, a estratégia para atenuar a crise foi congelar os preços. “Os hotéis trabalham com tabela de 2013. A taxa média de ocupação no ano passado ficou entre 40% e 50%”, diz o coordenador executiva do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora, Rogério Barros. A crise também atingiu o segmento de alimentação fora do lar. “Além da queda do movimento, que variou entre 20% e 30%, tivemos o aumento das despesas de aluguel, energia, gás e do hortifruti no primeiro semestre de 2016. Muitos bares e restaurantes fecharam.”

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Para o economista Fábio Bentes, o cenário ainda vai continuar difícil, “mas o pior já passou”. “Os cortes dos gastos com serviços estão atrelados ao desemprego e à redução da renda das famílias. Nós esperamos a criação de até 600 mil vagas de emprego este ano, o que não vai suprir os 2,8 milhões de postos que perdemos nos últimos dois anos, mas já pode dar um fôlego para a economia. Estamos longe do período de bonança que tivemos em 2010, mas acredito que o pior da crise ficou para trás.”

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