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Qualificar para conquistar mercado

ignez e a irma analucycota largaram o emprego e montaram o proprio negocio

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Ignez e a irmã AnalucyCota largaram o emprego e montaram o próprio negócio
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Ignez e a irmã AnalucyCota largaram o emprego e montaram o próprio negócio

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Flávia diz que é preciso avaliar os riscos antes de iniciar um empreendimento

Após passar dez anos trabalhando como promotora de eventos em grandes empresas, Ignez Cota Pereira, 31 anos, decidiu, há um ano e meio, seguir carreira solo. A proposta era aumentar o rendimento e trabalhar com o que gosta. Ao lado da irmã, que também deixou um emprego formal, ela hoje presta assessoria a noivas. “Abrimos um ateliê no segundo andar de nossa casa no Bairro Nossa Senhora das Graças. Passamos a trabalhar em home office. De lá para cá, já realizamos 52 casamentos. Além de fazer o que eu gosto, conto com a flexibilidade dos meus horários”, comemora Ignez.

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Porém, antes de deixar o emprego convencional para se lançar no mundo do empreendedorismo, Ignez, que é formada em jornalismo, precisou se qualificar. “Fiz um curso de cerimonial em São Paulo com especialistas renomados. Além disso, participo de feiras de eventos todos os anos. Isso gera um diferencial porque apresentamos aqui em Juiz de Fora as tendências no segmento de eventos. Aprendemos formas de como negociar com nossos fornecedores e a compreender o que ele está vendendo”, afirma. Hoje, Ignez frequenta um curso técnico na área de eventos no IF Sudeste, em Cataguases.

Professora do Departamento de Ciências Econômicas da UFJF, Flávia Chein Feres alerta para a necessidade de avaliar os riscos antes de iniciar um empreendimento. “Para o indivíduo que não está empregado e vai trabalhar sozinho, a atividade empreendedora é sempre uma saída. No entanto, para um alto investimento, com alguém trabalhando para você, o custo é maior e arriscado. É preciso antes entender quais são os investimentos que se vai fazer e buscar uma assessoria como a do Sebrae. O ideal é evitar que uma tentativa de empreendimento se transforme em uma dívida, afinal de contas, o cenário é de incertezas”, avalia.

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O diretor do Centro de Educação Profissional de Juiz de Fora (Senac-JF), Luiz Henrique Andrade de Deus, atesta que é grande o número de pessoas em busca de qualificação. Segundo ele, a demanda parte tanto de jovens que buscam a inserção no mercado de trabalho, quanto de profissionais que apostam no crescimento do próprio negócio.

“É uma tendência que vem se observando, mesmo em tempos de crise. Com a restrição na empregabilidade, em que as empresas se tornam mais seletivas na contratação, estas têm sido opções mais acessíveis para dar uma guinada e aumentar a renda”, afirma.

Segundo Luiz Henrique, o ramo da beleza está em alta. Só no ano passado, dos 2.200 profissionais formados no Senac, 470 optaram por esta área, principalmente entre pessoas de 29 a 42 anos. “Quando um profissional, que já tem um salão que atende a vizinhança, percebe que o negócio está crescendo, ele começa a buscar cursos para ampliar sua oferta de serviços. Procura por cursos de cabeleireiro, manicure, esteticista, depilador. Vai se capacitando para incrementar o próprio negócio”, analisa o diretor do Senac.

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Entre o emprego e uma vaga na faculdade

Garantir os ganhos em meio à crise, no entanto, ainda não tem sido um fator acessível a todos os trabalhadores, principalmente para os jovens. A dúvida entre cursar uma faculdade ou arrumar um emprego ainda é um grande problema para esta faixa etária. Professora do Departamento de Ciências Econômicas da UFJF, Flávia Chein Feres explica que, durante o boom econômico de anos anteriores, faltou maior discussão sobre a qualificação dos jovens profissionais. “O boom foi alavancado pela demanda, com a estabilização do preço. Viveu-se uma euforia, em que a maioria desses jovens conseguiu emprego, mas sem pensar na qualificação. O jovem entra no mercado de forma precária, principalmente o de ensino médio, que se concentra nos setores de comércio e serviços”, afirma.

De acordo com Flávia, além de garantir a produtividade, a qualificação se faz extremamente necessária. “O jovem de hoje tem suas possibilidades muito restritas. O universitário está disputando vagas no comércio com um jovem de ensino médio. Concursos públicos para ensino médio tem grande número de aprovados com ensino superior e até pós-graduação. A ideia do emprego para a vida toda foi embora há muito tempo. E numa situação como essa, quem não se qualifica tem menor chance”, conclui.

O crescimento do trabalho informal no período é também um fator a se observar, segundo a professora. Na ausência de oportunidades com carteira assinada, as pessoas começam a recorrer a funções que antes poderiam ser consideradas como um “extra”. “Toda vez que se tem uma dificuldade no emprego, aparece a criatividade do brasileiro. As pessoas começam a buscar fontes de renda alternativas. É uma condição precária porque o sujeito convive com uma incerteza muito grande sobre a renda que ele vai obter.”

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