Diante da maior crise hídrica registrada nos últimos 90 anos, o risco de apagão energético no Brasil passou a ser cada vez mais discutido e preocupa, tanto os especialistas quanto a população. Além desse risco, os consumidores passaram a ter outra preocupação: o preço da conta de luz. Em setembro, a bandeira tarifária de “escassez hídrica” passou a valer, acrescentando R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Para tentar amenizar a escassez, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) lançou o Programa de Incentivo à Redução Voluntária do Consumo de Energia Elétrica, que prevê bônus para consumidores residenciais e pequenos negócios que economizarem de acordo com a meta estabelecida.
Para fazer parte do programa, os consumidores precisam reduzir, no mínimo, 10% do consumo de energia elétrica, somando os meses de setembro a dezembro de 2021, em comparação com o consumo registrado no mesmo período de 2020. Caso seja atingida essa meta de redução, o consumidor receberá desconto de R$ 50 por cada 100 KWh (quilowatt-hora) de energia racionada no período estipulado. O bônus será creditado na conta de luz e é limitado a 20% da energia economizada. Se o consumidor economizar 30%, por exemplo, receberá o bônus limitado aos 20%.
Não é necessário fazer cadastro
O desconto será informado na conta de luz do mês de dezembro. O valor será abatido quando o consumidor pagar a tarifa do mês seguinte. Para aderir ao programa, não é necessário fazer cadastro ou registro na distribuidora de energia elétrica. Basta fazer a economia.
Estão aptos a receber o bônus consumidores do grupo B (baixa tensão) e os do grupo A (média e alta tensão), que façam parte das classes de consumo residencial, industrial, comércio, serviços, rural e serviço público. Também pode ser incluído no programa quem conta com o benefício da Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE). Não estão autorizados a receber o bônus aqueles com sistema de geração distribuída, consumidores especiais e livres, que adquirem energia elétrica no ambiente de contratação livre.
Situação energética em Minas
A Cemig, que fornece energia elétrica para a maior parte do estado de Minas Gerais, publicou um alerta para o baixo armazenamento dos reservatórios de água. Em setembro, dos oito reservatórios de acumulação, que possuem potencial para armazenamento de grandes volumes de água, três estão em situação mais crítica, enquanto os outros apresentam diminuição nos níveis de água considerados normais.
De acordo com o gerente de Planejamento Energético da Cemig, Ivan Sérgio Carneiro, 2021 está sendo atípico, já que é o pior ano na quantidade de água que chega aos reservatórios. “Essa baixa quantidade de água é fruto de mais de dez anos de precipitações abaixo da média. Estamos acumulando períodos chuvosos muito ruins, que estão implicando em vazões recordes. Infelizmente essa previsão vai permanecer pelo resto do período seco, ou seja, estamos enfrentando ou vamos enfrentar ainda um período de estiagem muito severo, que, com certeza, vai impactar sobremaneira o armazenamento dos nossos reservatórios. Por isso é importante que a população faça uso racional da energia e da água.”