Os homens são vítimas de 91 a cada 100 golpes financeiros aplicados no país, mostra pesquisa sobre fraudes financeiras do Centro de Estudos Comportamentais e Pesquisas (Cecop) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A pesquisa revelou que a criptomoeda é o produto mais citado pelas vítimas (43,3% dos casos) e que o principal meio de divulgação das fraudes é o WhatsApp (27,5% das citações).
De acordo com a pesquisa, a maior parte das vítimas de golpe têm de 30 a 39 anos de idade (36,5% do total), renda familiar de dois e cinco salários mínimos (23%) e pós-graduação (38%). São geralmente pessoas que investem mais em poupança, criptomoedas e start-ups. Parte das pessoas que caíram em golpes não possuíam investimentos financeiros. A pesquisa ouviu 1.002 pessoas, das quais 178 foram vítimas de fraudes.
Depois da criptomoeda, que aparece na pesquisa como o produto de investimento mais citado pelas vítimas de golpes financeiros (43,3%), os ativos mais citados são Forex (29,8%), opções binárias (16,9%) e ações (15,2%). Forex é o mercado de negociação de moedas estrangeiras. Opção binária é um tipo de operação em que se investe na projeção de alta ou de queda de determinado ativo.
A pesquisa mostra que a divulgação das fraudes é mais frequente por aplicativo WhatsApp (27,5%), seguido pela divulgação boca a boca pessoalmente (19,7%). Além disso, e-mail e ligação telefônica ainda aparecem na lista (12,4% cada). Metade dos participantes da pesquisa afirmou conhecer os fraudadores de alguma forma, seja pessoalmente (28,1%) ou remotamente (21,9%).
Valores perdidos
Os valores perdidos citados pelos entrevistados foram diversos, havendo respostas de R$ 100 a até acima de R$ 100.000. Em geral, as vítimas investiram entre R$ 10 mil e R$ 50 mil (22,5%) e entre R$ 1 mil e R$ 5 mil (21,3%), informou a CVM.
E por que os investidores caem nessas fraudes?
Segundo a pesquisa, as respostas mais frequentes foram: aparência do site transmitindo confiança (39,9%), outros familiares/amigos já haviam feito o investimento (38,8%), bom atendimento por parte dos profissionais (35,4%), pequeno investimento exigido (30,9%), desconhecimento da modalidade do golpe (24,7%). Cada vítima de fraude podia escolher mais de um item de resposta.
Uma vez identificada a fraude, o principal canal de denúncia tem sido a CVM. A autarquia foi a principal opção de denúncia para 65,1% das vítimas, seguida pela própria empresa fraudulenta (49,4%), advogado particular (45,8%), sites de reclamação (31,3%).
Segundo Isabella Pereira, psicóloga do Cecop/CVM, e Bruno Bruno, analista da CVM, autores do estudo, os investidores levam em conta a confiança em terceiros e elementos de credibilidade para fazer aportes. A personalidade do investidor, mais voltada ao risco, também é um fator da tomada de decisão.
Fragilidades financeiras não foram apresentadas como motivos para investimento. “Pelo contrário, 35% da amostra afirmou estar em busca de lucro, mas ainda sem objetivo definido, seguidos pelos 17% dos participantes que queriam diversificar o portfólio, mesmo que sem um objetivo definido para o lucro”, afirmaram os pesquisadores.