A desejada recuperação em “V” do comércio varejista no Brasil, movimento classificado pelos economistas que se refere à retomada intensa de uma atividade econômica após queda rápida, ainda parece ser uma incógnita para muitos especialistas. Mesmo com alta de 13,9% no volume de vendas do varejo em maio, conforme a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um outro levantamento, feito pelo sistema Meu Crediário, apontou baixa de 5,75% nas vendas por crediário em junho em comparação ao mês anterior.
Para o CEO do Meu Crediário, Jeison Schneider, apesar de não ser uma estatística que abranja todo o segmento varejista, o levantamento pode trazer um indicativo de arrefecimento na próxima edição da Pesquisa Mensal de Comércio – prevista para ser publicada este mês – que irá trazer os dados consolidados do varejo em julho. “Historicamente, maio é um mês bom para vendas no varejo por conta do Dia das Mães. Neste ano, a pandemia prejudicou um pouco o desempenho da data comemorativa, mas o resultado alcançado (-10%) foi até além das expectativas”, afirma.
O levantamento realizado pelo Meu Crediário também mostrou que as vendas pelas redes varejistas no crediário tiveram redução de 10% em junho se comparado com o mesmo período de 2019. Para o curto e médio prazos, o executivo ressalta que os lojistas que possuem maior caixa e operação de crediário organizada terão a possibilidade de aumentar suas vendas utilizando esta modalidade. A justificativa, segundo o CEO, tem como base o fato de que alguns bancos reduziram limites do cartão de crédito e de empréstimo pessoal para diversos correntistas, com isso, a tendência é que esses consumidores procurem parcelar diretamente com as lojas compras de itens menos essenciais, como roupas, calçados e cosméticos, entre outros.
Inadimplência no período
O levantamento do Meu Crediário também registrou que o número de parcelas atrasadas no crediário no final de junho, ou seja, com mais de 30 dias, diminuiu 2,12% em comparação a maio. A inadimplência, porém, saltou nos meses de março, abril e maio, e teve relação com o fechamento de boa parte do comércio. “Com o retorno da ‘nova’ rotina, muitas pessoas resolveram quitar suas pendências com as redes varejistas”, comenta Schneider.
Em relação ao futuro, o CEO acredita que é impossível prever a conjuntura da inadimplência até o final do ano. Por isso, o varejo precisa avaliar cuidadosamente o percentual de pagamento em cada grupo de risco. “O lojista, mais do que nunca, precisa saber vender neste momento crucial. Ou seja, é preciso manejar a oferta de crédito corretamente em cada perfil de cliente para não comprometer o fluxo de caixa.”
O Meu Crediário é um sistema de análise de crédito e cobrança que atende diversos segmentos varejistas. A pesquisa considerou dados de aproximadamente mil lojas parceiras da entidade.