Você já deve ter notado o símbolo do R$ ao lado da caixa de mensagem do WhatsApp. Essa funcionalidade, que permite realizar pagamentos dentro do próprio aplicativo, foi anunciada em 2020, mas só foi totalmente liberada em março deste ano. Isso porque, quando surgiu, o Banco Central suspendeu o serviço por falta de aval do Governo.
Ao longo dos últimos três anos, em meio a muitas negociações, as medidas coercitivas foram aos poucos sendo derrubadas. Desde 2021, os usuários já podem realizar pagamentos entre pessoas físicas, mas só em 2023 a transferência para empresas foi liberada. Atualmente, o WhatsApp Pay, como o serviço é chamado, possui duas empresas parceiras, a Visa e a Mastercard.
No site do WhatsApp, a funcionalidade está descrita como uma forma “rápida para transferir dinheiro para amigos e familiares”, com informações criptografadas e sem cobrar taxas. O serviço é semelhante ao Pix, você cadastra um cartão de crédito, débito ou pré-pago no aplicativo e tem a possibilidade de enviar o dinheiro direto na conversa com uma pessoa ou empresa. No entanto, para receber a quantia, é preciso que a pessoa que você vai transferir também tenha uma conta cadastrada no WhatsApp Pay. Se ela não tiver, ou não aceitar a transferência, em 24 horas o valor volta para sua conta.
Cuidado com golpes
Atualmente, o WhatsApp é a principal rede social utilizada no Brasil. De acordo com a pesquisa mais recente da Reuters Digital New Report, publicada em 2022, cerca de 78% dos brasileiros usam o aplicativo para compartilhar mensagens e receber notícias. A intenção da empresa é fazer com que a rede social seja também um meio de pagamento. Em seu site, o WhatsApp garante a segurança da ferramenta, afirmando que os dados bancários do usuário ficam protegidos e são criptografados.
No entanto, casos de golpes pelo WhatsApp são frequentes e é preciso ter cuidado para que a nova funcionalidade não se torne um facilitador desse tipo de prática. Thiago Bertacchini, representante da empresa Nethone, especializada em segurança digital, afirma que os atuais golpes aplicados por meio das redes sociais majoritariamente são focados em técnicas de engenharia social, ou seja, o golpista se passa por um conhecido da vítima ou tenta convencê-la de que trata-se de uma oportunidade única por tempo limitado, por exemplo. “Esses golpes podem ser ainda mais efetivos considerando que a vítima nem precisará sair do app para fazer a transferência para o golpista.”
Empresas de fachada
Bertacchini ainda alerta para possibilidade de golpistas criarem empresas de fachada para aplicar golpes, recebendo pagamentos via cartão de crédito por produtos e serviços que jamais serão entregues. Para evitar situações desse tipo, o especialista alerta que o cidadão deve tomar cuidados parecidos com os da “vida real”. Ele lista uma série de medidas que devem ser aplicadas para evitar golpes virtuais.
O primeiro passo é analisar quem está entrando em contato e o conteúdo da mensagem. “Caso seja algum conhecido que supostamente mudou de número de telefone, ligue para esta pessoa e fale com ela antes de fazer qualquer transação. Dificilmente o fraudador atenderá a ligação e você saberá que é uma tentativa de golpe.” No caso de empresas, é necessário observar se a conta é verificada ou se o número de telefone consta nos canais oficiais de venda. Caso a dúvida ainda persista, ligue para o número fixo da loja e confirme.
Bertacchini diz que é importante entender o que está sendo oferecido. “O produto ou serviço ofertado está com preço muito abaixo do mercado? O vendedor está muito afoito para finalizar a venda? Há uma pressão excessiva para que o pagamento seja realizado o quanto antes? Se sim para qualquer das perguntas, desconfie.” Outra estratégia é fazer perguntas específicas sobre a loja e o produto oferecido. “Não tenha pressa em fechar logo o negócio. Ofertas ‘boas demais para ser verdade’ na maioria das vezes são golpes.”
Ativar a abertura por senha em aplicativos sensíveis, como o Whatsapp e aplicativos de banco, por exemplo, é uma boa medida de segurança, explica. “O ideal também é ativar a autenticação em duas etapas do WhatsApp e outros aplicativos para evitar que criminosos tenham acesso a seus dados e contas bancárias.”