Chega aos cinemas, nesta quinta-feira (31), o filme de terror “Toc toc toc – Ecos do além”, de Samuel Bodin, responsável pela série “Marianne”. Esse longa é inspirado no conto “O Coração Revelador”, de Edgar Allan Poe, e conta a história de Peter, uma criança que fica atormentada quando, em uma casa antiga, começa a escutar um barulho que vem de dentro da parede de seu quarto. Seus pais, no entanto, dizem para ele que é apenas a sua imaginação, fazendo com que o menino se sinta ainda mais sozinho com seu medo. O barulho na parede revela para ele, então, que é sua irmã, e que seus pais escondem um segredo terrível.
Peter vive em uma casa sombria, que está praticamente caindo aos pedaços. Ele é distante dos genitores, que são quase estranhos para ele, e que atribuem os barulhos que passa a escutar apenas a sua “imaginação fértil”. O menino ainda enfrenta bullying na escola e vive em uma cidadezinha assombrada por um acontecimento sinistro, uma vez que uma garotinha sumiu, em uma noite de halloween. Quando os pesadelos de Peter se intensificam, seus pais insistem em desviar atenção do menino e até em puni-lo por continuar com os sonhos. Essa situação faz com que o clima de desconfiança entre eles aumente, e a criança passe até mesmo a sentir receio dos pais, que mostram realmente estar escondendo algo. A única pessoa que pode ajudá-lo é a sua professora, Devine.
É a partir de um pesadelo terrível de Peter que todo o filme vai para um caminho ainda mais sombrio do que o típico esperado em filmes de terror, trazendo cenas perturbadoras e de muita violência. A escolha ousada do diretor faz com que o filme tenha um verdadeiro “plot twist”, e se divida em dois momentos bastante diferentes. O terror de estreia do diretor consegue subverter as expectativas do público, e, não à toa, o título original do filme é “Cobweb”, que significa teia de aranha, revelando toda a complexidade das relações que nascem ali.
O longa se aproxima de uma atmosfera obscura que parece ter vindo direto dos contos de fadas dos Irmãos Grimm. Elementos como o moletom vermelho de Peter, por exemplo, trazem um ar de Chapeuzinho Vermelho, enquanto a relação com os pais dele se aproxima de um medo que João e Maria sentem quando são abandonados. Há também referência a Stephen King, já que apresenta uma criança que está sozinha e que precisa crescer rapidamente para sobreviver. Acaba sendo, por tudo isso, também uma história que fala sobre amadurecimento e que deixa ainda muitas questões em aberto para sequências futuras.