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‘Quando a história de um homem tem o seu valor’

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Toda história de vida tem o seu valor. Algumas, em especial, se tornam verdadeiras lições. Quatro delas foram escolhidas a dedo para integrar o clipe de “Mundo interior”, da banda juiz-forana Só Parênt, lançado essa semana na internet. Misturando música e documentário, o vídeo de seis minutos e meio já foi visto por mais de dez mil pessoas no YouTube e no Facebook. Mais do que apresentar a nova música de trabalho da banda, que faz a fusão de ritmos como o forró e o reggae, a produção audiovisual, dirigida por Daniel Couto, pretende dar visibilidade a histórias de juiz-foranos que superaram desafios.

Maria Expedita tem 73 anos e está aprendendo a ler e a escrever (Foto: Reprodução YouTube)

É o caso do mesatenista paralímpico Alexandre Ank, que conta no clipe como o acidente que sofreu aos 17 anos mudou sua vida, deixando-o paraplégico. “Tive que me reinventar no esporte”, relata, relembrando os 12 dias em que ficou em coma. O clipe ainda dá voz a Maria Expedita, que aos 73 anos de idade está aprendendo a ler e a escrever. “Às vezes, vou ao médico e tenho que pedir uns e outros para olhar as receitas, olhar os remédios. Aí eu fico constrangida com isso, sabe? Tinha vergonha de os outros rirem de mim, já estou velha para poder estudar”, conta na abertura do vídeo. A trajetória de Gilmara Delmonte, que dá vida à Miloca, uma famosa personagem local que leva alegria durante visitas animadas a hospitais e asilos da cidade, também é retratada no clipe.

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Alexandre Ank é campeão paralímpico de tênis de mesa (Foto: Reprodução YouTube)

Emociona ainda a história do cabeleireiro Hoslany Fernandes, de 30 anos, que durante 13 anos mergulhou no universo das drogas, sendo metade desse tempo dedicado ao crack. “Quando eu usava drogas, eu não conseguia me relacionar com as pessoas como faço hoje. Quantas vezes eu já coloquei o cliente na cadeira, ia fumar pedra escondido e voltava louco. Não tinha olhos para as pessoas como tenho hoje”, diz à Tribuna. Seis anos depois do último contato com as drogas, dedicado ao esporte e nome de referência na arte dos cortes de cabelos e dos penteados, ele ajuda outras pessoas a deixarem o vício. “A história é real e tem que ir para o mundo inteiro mesmo. Isso me orgulha muito. Quero ser um legendário. O mundo interior é gigante”, diz, sobre como o clipe do Só Parênt pode levar sua história de vida aos quatro cantos do planeta.

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Gilmara Delmonte dá vida à Miloca, que leva alegria a pessoas hospitalizadas (Foto: Reprodução YouTube)

A proposta de “Mundo interior” – composição dos integrantes do Só Parênt – é servir como uma verdadeira injeção de ânimo no público que acompanha o trabalho da banda. A nova música de trabalho busca inspiração no deus Shiva, “o destruidor e regenerador” da energia vital, a personificação da força renovadora do universo, na visão do hinduísmo. “A canção traz a ideia da transformação da pessoa que passa por algum problema e usa isso para poder crescer na vida. Chegar até o fundo do poço não é vergonha para ninguém. O importante é como você vai usar isso para impulsionar a sua vida”, diz o baterista e compositor Gustavo Mad Villanova.

Hoslany Fernandes ajuda dependentes químicos a vencerem o vício. (Foto: Reprodução YouTube)

A participação do cantor, violonista e guitarrista de O Teatro Mágico, Fernando Anitelli, no clipe é apenas mais um capítulo no diálogo que o Só Parênt trava com a banda paulista, conhecida nacionalmente por misturar música e artes performáticas. “A música tem tudo a ver com a fase mais lúdica e da metalinguagem que O Teatro Mágico emprega no seu trabalho”, explica Gustavo. Assim como o grupo paulista, os artistas de Juiz de Fora utilizam as redes sociais para formação de público e mantém um trabalho artístico autoral e independente.

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Música e documentário

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A mistura de videoclipe com documentário é algo mais comum em gêneros que abordam a temática social, como rap, hip-hop e funk. Em 2013, o MC Guimê, um dos nomes mais conhecidos do funk ostentação, lançou o clipe de “País do futebol” com participação do rapper Emicida e do jogador Neymar.

Os convidados falam sobre o menosprezo a jovens de origem pobre e da necessidade de acreditar nos sonhos. “Era uma referência que eu já estava acompanhando há algum tempo. São duas das linguagens que eu mais gosto. Juntar isso foi muito gratificante”, diz o diretor geral do clipe do Só Parênt, Daniel Couto.

Ele assina também a direção dos depoimentos, montagem, edição e finalização do projeto, que tem Kiko Barbosa na direção de fotografia e Samir Hauaji na direção da banda no clipe. As histórias coletadas para o vídeo impressionaram tanto a equipe de produção que o material gravado deve render um pequeno documentário, que deve ser lançado em breve.

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A banda

A banda Só Parênt tem mais de dez anos de estrada e vem consolidando seu nome no cenário musical, tendo expressiva representatividade sobretudo nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os músicos já fizeram turnês na Europa e lançaram um DVD, em 2013, e um CD no início deste ano. O grupo, originado por uma amizade nascida às vésperas do vestibular para a UFJF, é composto por Gegê (voz e violão), Douglas (gaita), Luquinhas (zabumba e voz), Arthurzinho (triângulo e voz), Gustavo Mad (bateria) e Vitão (baixo).

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