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Rodrigo Portella leva prêmio de melhor direção em Cesgranrio

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Michel Marc Bouchard é um dramaturgo contemporâneo, canadense, pela primeira vez montado em peça brasileira. Em seus últimos trabalhos, ficou conhecido por tratar, à sua maneira e poética, a temática LGBT. Armando Babaioff, ator e produtor do espetáculo “Tom na Fazenda”, encontra ao acaso com o dramaturgo em um festival de teatro em Montreal e compra os direitos do texto, ainda todo em francês. Ao fazer o convite para Rodrigo Portella ler e dirigir a peça, foi traduzindo pouco a pouco até ter o trabalho completo em português. “Tom na fazenda”, desde sua estreia, já se tornara o grande destaque na carreira de Portella. A consolidação veio na última terça (30), com o reconhecimento durante a quinta edição do Prêmio Cesgranrio de Teatro, quando Portella levou o prêmio de melhor diretor por “Tom na fazenda”. A cerimônia aconteceu no Golden Room do Hotel Belmond Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

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Além da premiação de melhor diretor, “Tom na fazenda” levou outros três prêmios: melhor cenografia realizada por Aurora de Campos e dupla premiação de melhor ator, para Gustavo Vaz e Armando Babaioff. “A premiação aponta que há um espectador mais ativo e aberto à imaginação. Como se a peça fosse um livro”, diz o diretor sobre a cenografia enxuta e pouco didática do espetáculo. Embora tenha sido indicado por outros trabalhos no teatro, é a primeira vez que Rodrigo Portella ganha um prêmio dedicado a espetáculos profissionais e em um circuito específico, do Rio de Janeiro.
“As coisas já mudaram a partir de quando o ‘Tom na fazenda’ estreou, comecei a receber convites sem parar. Como passei a ter uma visibilidade muito grande, isso acabou atraindo artistas que estão interessados em me abrir suas companhias. Eu já estou com a minha vida preenchida para este ano como eu nunca estive. É um mercado muito difícil, e para mim é muito importante estar fazendo exclusivamente isso da minha vida. Felizmente, nesse último ano, eu tenho podido escolher o que eu realmente quero fazer como artista. É como uma carta de alforria, uma libertação. É raro e tenho que aproveitar esse momento”, relata Portella.

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A noite de cerimônia teve como ator homenageado Antônio Fagundes. Christiane Torloni e Du Moscovis entregaram os prêmios aos vencedores do ano. Segundo o diretor, os discursos foram muito inflamados. “Os artistas estão sofrendo uma espécie de retaliação. Existem pouquíssimos editais na cidade, e no Brasil como um todo estão fazendo um movimento para desarticular a classe”, diz Portella, afirmando que é necessário patrocínio e verba para que a arte resista e os artistas possam viver dignamente. “Tom na fazenda”, após muitos nãos de empresas que não queriam se envolver com a temática homossexual, foi um dos quatro espetáculos contemplados por um edital do Espaço Oi Futuro, selecionado pelo gestor de cultura Roberto Guimarães, que também foi premiado na noite de terça.

De olho no Shell

Os destaques para a peça continuam até a 30ª edição do Prêmio Shell, que acontece em março. “Tom na fazenda” está indicado em cinco categorias: direção, ator (duas vezes, com Vaz e Babaioff), cenografia e música. “A gente ficou bem surpreso. Em um mercado dominado pelos musicais, é difícil ter uma trilha de uma peça dramática indicada. Marcello H. (diretor musical) acompanha todos os ensaios, assim como os atores, e constrói junto. A música foi utilizada por mim e por ele para estimular os atores. Marcello vai ocupando os espaços abertos do texto, as arestas. Tem hora que a trilha está contando a peça, pelo ritmo que desenha. Há uma preocupação muito delicada e detalhada em cada som que aparece”.
“Tom na Fazenda”, assim como o teor dos últimos trabalhos de Portella, busca se aproximar do público provocando um reconhecimento em cada um que assiste. “É uma retomada de um encontro com o espectador. É ousado, atrevido, mas antes de tudo a peça quer se comunicar, causar uma relação de conseguir falar com qualquer pessoa. Está preocupado com essa comunicação em todos os âmbitos e em todas as camadas”, relata o diretor premiado, que estreia em março peça de um texto inédito de Jô Bilac, junto à Cia. dos Atores.

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