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‘Com boa vontade, tudo há de dar certo’

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Valéria Faria comemora o bom resultado das sete edições do projeto Som Aberto em 2016 (Foto: Marcelo Ribeiro)
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O ano de 2016 foi mais um dos tempos recentes em que incentivar a produção cultural foi tarefa nada fácil, seja no âmbito privado ou público. Apesar de todos os contratempos, a pró-reitora de cultura da UFJF, a professora e artista visual Valéria Faria, destaca que a instituição conseguiu manter-se fiel a seus princípios de incentivar a produção cultural, a memória e a dinamização dos espaços culturais, entre outros, promovendo diversos eventos nos vários equipamentos administrados pela UFJF.

No total, foram destinados R$ 650 mil pelo Conselho Superior, que beneficiaram instituições como o Centro Cultural Pró-Música, em que além das exposições foram realizados o tradicional Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga e o Piano Brasil, que trouxe o pianista Miguel Proença. Valéria aponta, ainda, a importância do edital para a seleção de instrumentistas para a Orquestra Sinfônica e Camerata do Pró-Música e o retorno do coral da instituição, que deve passar por reformas que incluem troca de piso, forro, parte elétrica e instalação de equipamentos de som e luz para o teatro.

Além de diversas apresentações musicais, teatrais e de dança, o Cine-Theatro Central – que atualmente está com a capacidade de público reduzida devido a questões de segurança – realizou o Central de Compositores, evento mensal nas escadarias do prédio. Já o campus da UFJF teve como principal destaque o retorno do Som Aberto, tradicional evento musical dos anos 70 que voltou repaginado e ampliado para outras atividades artísticas.

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Em entrevista concedida ontem à Tribuna, Valéria Faria comenta, ainda, sobre o desafio de manter tantas estruturas em atividade, as principais realizações, os contratempos com a greve dos técnicos-administrativos da UFJF, a disposição em manter o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, as negociações com a Bienal de São Paulo e a expectativa pela reabertura, em novos locais, dos museus Dinâmico de Ciência e Tecnologia e o de Arqueastronomia e Etnologia Americana. Trabalho não faltou, não falta e nem vai faltar.

TM – Qual o principal destaque e o maior desafio dentre as atividades da pró-reitoria de Cultura da UFJF em 2016?
Valéria Faria – O principal destaque foram as sete edições do Som Aberto, sucesso de público e crítica, e o principal desafio ainda é a manutenção das próximas edições do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, que requer grande empenho em diversas instâncias.

A UFJF é responsável por equipamentos como o Mamm, Pró-Música, Cine-Theatro Central, o Forum da Cultura. Como foi manter todas essas estruturas em atividade constante?
Não tem sido fácil. É preciso muito empenho e trabalho colaborativo. Dou graças e ressalto o empenho da administração superior da UFJF, que trata a Cultura como prioridade e não mede esforços para manter e desenvolver as ações de seus extensos equipamentos.

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O quanto a greve dos técnicos-administrativos da UFJF atrapalhou as atividades previstas nestes locais?
Tivemos que adiar alguns projetos em função da greve e da ocupação dos alunos na Reitoria. Mas vejo com tranquilidade estes movimentos, pois fazem parte da vida acadêmica no contexto de uma universidade pública vivenciando tempos difíceis, em face a um governo ilegítimo que não valoriza a educação e a cultura como princípios essenciais de uma sociedade.

O Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga é dos eventos que mais sofreram com o corte de recursos nos últimos anos. O que está sendo articulado para conseguir a mesma estrutura que havia até 2014?
Na verdade, o que aconteceu em termos de investimento foi um pouco diferente deste quadro. Desde a incorporação do Centro Cultural Pró-Música à UFJF, em 2011, a universidade passou a ser a maior fonte de recursos do festival, o que sobrecarrega bastante o orçamento, uma vez que a UFJF tem outros equipamentos de cultura que merecem igual atenção. Nos últimos anos, a UFJF tem investido bastante no festival, mas a crise do país levou ao afastamento de antigas parcerias com o setor privado. É preciso reaver antigos parceiros e novos investidores para viabilizar maior empenho aos próximos festivais.

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Como estão as articulações para o Som Aberto voltar em 2017?
Conseguimos dar maior visibilidade a uma grande diversidade de expressões culturais na cidade, promovendo a integração de dezenas de grupos artísticos com distinção nas áreas de música, dança, teatro, poesia, circo, capoeira, performance, artes visuais, moda, design, zine e artesanato, dentre outros, com opões para todas as idades. Tivemos inclusive atividades diferenciadas como hipnose, barbearia e multiateliê de arte e tecnologia. Isso mostrou a extensa riqueza cultural de Juiz de Fora e o quanto é preciso dar voz e visibilidade para estas ações. Pelo bom resultado, a administração superior já manifestou interesse na continuidade do projeto em 2017. Temos apenas que acertar algumas questões de logística, pois, num sistema público, sempre enfrentamos entraves burocráticos. Mas com boa vontade, tudo há de dar certo.

Existe possibilidade de o Mamm receber recortes da Bienal de São Paulo em 2017?
Sim, existe. Em novembro fizemos uma visita técnica à 32ª Bienal de São Paulo no intuito de trazer a exposição de recortes desta edição. Infelizmente os artistas da nossa predileção não estão disponíveis para itinerância. No entanto, há outras possibilidades não menos interessantes, que podem dialogar com o acervo do Mamm. Estamos investigando os caminhos possíveis.

O prédio do DCE já foi reformado, e o acervo do Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia está lá. O que precisa ser feito para que ele seja reaberto?
O antigo prédio do DCE protagoniza o movimento estudantil na história da UFJF, portanto vai receber o Museu do DCE, com a memória deste movimento ao longo de décadas com expressiva atuação na UFJF, além do Cecom (Centro de Conservação da Memória) e do Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia. Falta ainda um maior investimento para acomodar estes três setores com recursos mais modernos em termos de concepções expográficas para que sejam abertos à visitação pública em nível de excelência.

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Em uma entrevista para a Tribuna no mês de abril você falou sobre sua preocupação em encontrar um espaço para o Museu de Arqueastronomia e Etnologia Americana (Maea). Alguma novidade?
O Maea conquistou dois espaços. Um na Avenida Barão do Rio Branco, onde era a antiga sede da Sintufejuf, e outro espaço no campus, no novo Centro de Ciências, com uma sala muito próxima ao Planetário, que receberá como homenagem o nome do Professor Franz Hochleitner, e pretende apresentar uma parte preciosa do acervo do museu que foi doada pelo professor Franz. Estamos com excelentes expectativas para a reabertura do Maea nestes dois espaços e temos trabalhado neste sentido, no desejo de inaugurar a sala do campus no início do primeiro semestre.

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