
Com apenas 10 anos, o juiz-forano Eduardo Milward já desenha um percurso impressionante na dança. Entre o balé clássico, a dança contemporânea e o repertório, ele já levou aos palcos de Juiz de Fora, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Joinville e outras cidades do país uma dedicação que surpreende para alguém tão jovem e que vem rendendo prêmios e reconhecimentos pelo caminho. A novidade que movimentou sua rotina nos últimos meses foi a seleção para o Youth America Grand Prix (YAGP) 2026, em Houston, no Texas (EUA). Será sua primeira participação em um mundial, considerado um dos maiores concursos internacionais de bolsas de estudo de ballet.
Em entrevista à Tribuna, junto com a mãe, Eduardo falou com naturalidade sobre o ritmo acelerado dos dia, divididos entre escola, aulas de inglês, pilates e uma sequência de ensaios. Mesmo assim, tudo parece encontrar sentido quando ele dança. “É bastante coisa, mas eu amo muito o que faço”, comenta com entusiasmo.
Dança que atravessa gerações
A aptidão pela dança é coisa de família. Eduardo é filho de Raphaela Milward e neto de Denise Milward, responsáveis por um estúdio de dança tradicional de Juiz de Fora, que já revelou nomes importantes, como a bailarina Luciana Sagioro, primeira brasileira a integrar a Ópera de Paris e que, aos 19 anos, alcançou o posto inédito de bailarina principal da companhia.
Raphaela, hoje professora na escola, costuma dizer que “cresceu dançando”. A história faz sentido. Denise fundou o estúdio há 48 anos, e dois anos depois Raphaela nasceu: crescendo entre os ensaios, os figurinos e as apresentações, a dança sempre esteve ali dentro de casa. Ela conta que, quando Eduardo nasceu, nunca projetou nele o desejo de seguir carreira. A ideia era que ele encontrasse o próprio caminho, como aconteceu com ela. Mas, convivendo diariamente com a rotina da escola, os passos começaram a surgir naturalmente pelos corredores de casa e a vontade, aos poucos, se firmou.
Eduardo compartilha que a decisão pelos treinos mais intensos e a participação em festivais surgiu em agosto de 2023, quando tinha 8 anos. De lá para cá, as conquistas se acumularam. Entre elas, o 1º lugar no Solo Contemporâneo do Festival de Joinville, um dos que ele considera mais marcantes pela competitividade e pelo número de participantes. No Festival CBDD, no Rio de Janeiro, alcançou o 1º lugar com a variação “Harlequinade”, além de vencer as categorias Clássico Livre e Contemporâneo. Já no Festival Arte Minas, também em 2025, conquistou o 1º lugar nas três modalidades em que competiu, além de indicações a Melhor Bailarino e Revelação.
Próximos passos
O caminho até o mundial não foi simples, a trajetória começou pela etapa regional do concurso, realizada em Belo Horizonte. Depois da aprovação, Eduardo seguiu para Barueri, em São Paulo, onde aconteceu a final brasileira, em outubro deste ano. Entre mais de 30 bailarinos e bailarinas competindo juntos, ele conquistou o terceiro lugar, resultado que garantiu a vaga para a final mundial.
Agora, Eduardo direciona toda a energia para o campeonato no Texas, no ano que vem. Até o fim do ano, a rotina de treinos continua intensa, focada no aperfeiçoamento técnico. Em janeiro de 2026, ele embarca novamente para o estado de São Paulo, desta vez para participar de um curso de férias e, no retorno a JF, começam os ensaios dos novos solos.
Raphaela explica que faz questão de trazer profissionais de outras regiões, como Rio de Janeiro e São Paulo, para acompanhar o desenvolvimento do filho. Junto à equipe do estúdio, eles garantem o suporte necessário para que, no momento das apresentações, cada movimento esteja seguro, limpo e bonito no palco.
Apoio da família e dos amigos
“Eu amo muito dançar e, por mim, dançava o dia todo”, conta Eduardo. A paixão ganha ainda mais força com o apoio da família e dos amigos. Ele diz que, na volta dos festivais, é sempre recebido com abraços, parabéns e mensagens de incentivo, gestos que tornam cada conquista ainda mais especial.
Mesmo tão jovem, Eduardo já guarda alguns sonhos para os próximos anos. Um deles é, aos 15, participar do Prix de Lausanne, prestigiada competição internacional realizada anualmente na Suíça. A partir dessa experiência, ele sonha em seguir para Londres e estudar na Royal Ballet School. “O meu sonho é sair de Juiz de Fora para o mundo”, finaliza empolgado.
*Estagiária sob supervisão da editora Carolina Leonel

