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Museu Mariano Procópio recebe o concerto sobre música afro-brasileira e afro-americana

MUSEU fernando priamo

Museu Mariano Procópio está fechado à ampla visitação pública desde 2008 (Foto: Fernando Priamo)

Elmir2 foto Livia Saens
Para Elmir, o concerto funciona como um elemento condutor da herança ancestral e cultural da África à música americana e brasileira (Foto: Lívia Saens)
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O Museu Mariano Procópio irá receber o concerto ‘As Africanias como Matriz da Música Americana e Brasileira’, que trata da música afro-brasileira e afro-americana, nesta quinta-feira (30), a partir das 18h30. Esse recital é feito pelo musicista Elmir Santos acompanhado da pianista Maria Tereza Aguiar, e fecha a programação do ‘Novembro Negro’ do Museu. A entrada para a apresentação é franca, mas é preciso fazer a inscrição anteriormente através da plataforma Sympla, pois as vagas são limitadas.

O recital conta com a participação da pianista Maria Tereza Aguiar ((Foto: Lívia Saens)

O objetivo da apresentação é funcionar como um elemento condutor da grande herança ancestral e cultural da Mãe África à música americana e brasileira, apresentando para muitas pessoas um repertório diverso da música erudita e que nem sempre é conhecido pelo público. “O repertório conta com músicas de Heitor Villa Lobos, Lorenzo Fernández e Waldemar Henrique. São compositores nacionalistas e que buscam essa herança cultural que temos. É um trabalho que fala sobre africanias na música do Brasil e dos EUA”, explica Elmir.

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Também foi selecionado para o público alguns ‘negro spirituals’, que são “músicas cantadas por negros e que eram feitas nas lavouras, principalmente sobre a saudade da terra deles”. Além disso, como aponta, também tinham muitos cânticos alegres, com esperança de retorno para casa. “Não sabemos de quem são essas músicas, os autores são desconhecidos, mas temos esse resgate feito por pesquisadores e que trazemos de novo”, revela. A adição da música afro-americana neste recital, como ele explica, acontece justamente por ter um contexto parecido com o brasileiro, vindo do período da escravidão, e refletindo de alguma forma sobre as pessoas que foram trazidas obrigadas e de pessoas que trabalhavam em lavouras e plantações. “Os negros que foram trazidos para os EUA e para cá ajudaram a reerguer esses países”, diz o musicista.

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O recital foi apresentado pela primeira vez na formatura de Elmir no Curso de Música da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 2017, e agora tem uma versão reduzida para o concerto. O recorte realizado foi fruto do seu Trabalho de Conclusão de Curso, que busca justamente trazer um resgate da história dessas músicas. “Queria divulgar a música brasileira de concerto, em especial as que têm origem com as africanias e com essa herança africana que há no país, e que se misturou com a música dos europeus com o tempo”, conta. Para ele, esse é um trabalho de resistência: “São músicas que acabam sendo menos conhecidas. É um trabalho que vai contra o racismo e que enaltece a cultura brasileira, em especial aquela que está ligada à mãe África”.

Vida, história e ligações

O recital também tem tudo a ver com a própria história de Elmir Santos, o primeiro barítono negro formado pela UFJF. “Sou um estudante negro, de escola pública e que sempre gostou de música popular brasileira, mas que não conhecia a música erudita brasileira. Só quando entrei na academia, comecei a conhecer e a pesquisar. Vi que eles resgatavam a minha origem e a minha ancestralidade”, relembra. Por isso, para ele, foi importante fazer um trabalho que encerrasse sua trajetória acadêmica, naquele momento, e que também refletisse sobre a trajetória da música brasileira. “Queria aproveitar algo que fosse meu e que me fizesse sentir pertencente. Isso é a minha música, a minha cultura”, conta.

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Para ele, poder juntar todas essas referências em um concerto é “algo maravilhoso” – ainda mais considerando que, dessa vez, um público ainda maior pode ter acesso. “Divulgar e mostrar para as pessoas a nossa música é muito importante. É um repertório que é esquecido justamente por conta do sistema do racismo estrutural”, diz.

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