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Rock com barulho bom na noite de Juiz de Fora

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Baco Doente, de Juiz de Fora, faz primeiro show após lançar o álbum de estreia (Foto: Filipe Furtado/Divulgação)
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Discípulos das guitarras no volume máximo, distorções, elevações espirituais auditivas e afins: o sábado juiz-forano tem duas bandas no mesmo dia e local dispostas a deixar os presentes com os sistemas auriculares em frangalhos, porém felizes. O Maquinaria recebe neste sábado (30), às 22h (abertura da casa), os shows de Baco Doente, cria da terrinha, e os paulistas do Early Morning Sky em sua primeira visita a Juiz de Fora.

No caso da Baco Doente, o motivo é especial. O quarteto formado por Frederico Arruda e Walner Del’Duca (guitarras e vocais), Victor Fonseca (bateria) e Stéphanie Fernandes (baixo) lançou o primeiro álbum, que leva o nome do grupo, na última quarta-feira (27), e tem de tudo um pouco para quem saca as manhas do rock alternativo: no wave, noise rock, indie, experimental music, art rock e alguns outros rótulos que a criatividade permitir. Como referências, Sonic Youth, Melvins, Nirvana e Swans, entre outros. O trabalho gravado em agosto é o 19º lançamento da incansável PUG Records. Para o show, o setlist terá o trabalho na íntegra, mais três que ficaram de fora, e serve ainda de aquecimento para o show oficial de lançamento, em 14 de dezembro, na Necessaire.

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“Grande parte do álbum foi produzido no quarto do André Medeiros, que desempenha um forte papel como produtor musical e entusiasta das bandas locais. É um cara muito criativo, inteirado e saca muito do processo de gravação”, elogia Walner. “Foi ele o responsável pela gravação dos baixos, visto que a Stéphanie entrou um pouco depois, quando o disco já estava pronto. Além disso, o André foi peça chave, contribuindo de forma extremamente eficaz, mixando e masterizando uma banda como a nossa, repleta de detalhes e instrumentação dissonante. Ele é, para nós, integrante da banda.”

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Arte na veia

A Baco Doente é daqueles grupos com integrantes que fazem ou fizeram parte de bandas conhecidas no cenário local, como Alles Club, Basement Tracks e Top Surprise. A história teve início há quase dois anos, com Frederico passando a frequentar a casa de Walner, os dois mostrando composições de própria autoria e percebendo que tinham ideias parecidas, influencias similares, e pronto: lá foram os dois montar (mais) uma banda.
“Tanto eu quanto o Fred já tínhamos diversas músicas, muitas das quais se encaixariam perfeitamente no então projeto. A próxima etapa foi experimentar… e experimentamos ao longo de mais de seis meses com alguns bateristas e baixistas, amigos e músicos da cidade. Foi quando me veio a ideia de chamar o Victor Fonseca para assumir a bateria definitivamente. Ele é vocalista da Basement Tracks e era baterista na Top Surprise, da qual também fiz parte. Começamos, aos poucos, a lapidar a identidade do que viria a se tornar a Baco Doente”, conta. Enquanto isso, baixista vai, baixista vem, até chegarem ao nome de Stéphanie Fernandes, que além da Alles Club emprestou prestou bons trabalhos a Papisa e Cinamon Tapes, de São Paulo.

“O nome Baco Doente só surgiu no final de 2018, por influência do quadro do artista do barroco italiano, Caravaggio, mestre da luz e sombra. Eu e o Frederico sempre fomos muito ligados a arte. Eu trabalho com pintura e já fiz vários posters e capas de discos para diversos artistas brasileiros e estrangeiros. Frederico faz artes na UFJF e tem se dedicado à escrita, ao cinema e à produção artística.”

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Shoegaze, psicodelia e outras viagens

O vocalista da Early Morning Sky, Gerson Alves, já mandou avisar. “Levem seus protetores auriculares! Nossas apresentações costumam ser em volume bem alto e nível de ruído grande. A ideia não é agredir a audição, e sim retirar as harmonias e dissonâncias que existem em algumas faixas de frequências sonoras que ficam mais evidentes em alto volume”, adianta. E quem já ouviu o EP “If I see you”, lançado em 2017 e fácil de achar nas searas do streaming, sabe como funciona o negócio. Guitarras e mais guitarras, barulho, distorção, tudo inspirado por bandas de shoegaze, glam rock, dream pop, psicodelia, space rock, música experimental, Black Sabbath, punk e pós-punk. Já as letras falam de questões da vida urbana e das crises do cotidiano adulto. O EP marca presença no show, com algumas que sairão no próximo trabalho e uma versão dos escoceses do Jesus and Mary Chain. Completam o trio o baixista Xixo Sere e o baterista Mauro Terra.

Formada em 2017, Early Morning Sky mistura shoegaze, psicodelia, punk e outras vertentes musicais em seu caos sonoro (Foto: Jo Belissimi/Divulgação)

“Juiz de Fora possui um cenário cultural muito rico, conhecida como a ‘Manchester Mineira’, termo com o qual concordamos muito. Algumas das bandas que mais gosto atualmente são de Jufas, e é um grande prazer termos a oportunidade de nos apresentar aqui”, elogia o vocalista. “O contato rolou junto ao Rodrigo Lopes, da Alles Club, e a ideia inicial era tocarmos juntos na mesma noite, porém por conta das agendas e a distância, ainda não aconteceu. Quem organizou nossa ida e a data foi a Stéphanie Fernandes, pessoa fantástica!”

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Sobre o surgimento da banda, Gerson conta que a Early Morning Sky nasceu em julho de 2017, durante uma apresentação do Slowdive em São Paulo. “Ficamos após o show por um bom tempo conversando sobre o cenário alternativo atual e como fazer algo para manter a arte viva. A primeira referência foi o nome, que surgiu em um momento inusitado voltando de um festival de música em Leeds, na Inglaterra. Ao fim do festival, ao chegar em Londres pela manhã, uma senhora muito gentil e bem vestida usou a frase que seria o nome da banda anos depois: ‘Look boy, what a beautiful Early Morning Sky’. Ela tinha uma forma de se vestir ‘swinging sixties’, e em sua homenagem usamos esta estética nas capas dos nossos trabalhos.”

Dentre os estilos e subgêneros roqueiros nos quais a banda milita, o mais identificável pode ser o shoegaze, que tem entre seus grandes nomes o My Bloody Valentine e os já citados Slowdive e Jesus and Mary Chain. Como o próprio Gerson aponta, é um nicho bem restrito, a princípio, mas que tem seus seguidores fiéis. “Fazemos parte de um cenário muito pequeno, mesmo quando visto mundialmente, e de certa forma esta é uma escolha pela arte, que afeta a vida das pessoas de forma a trazer novas perspectivas de mundo ou aliviar o cotidiano. Mesmo em pequenas quantidades, existem cenários na América Latina, Asia, Oriente Médio e nos tradicionais Estados Unidos e Europa. É um público muito fiel e com grande entendimento musical. Tenho uma grande quantidade de bandas queridas, algumas delas são Sapo Boi (RS), Firefriend (SP), Loomer(RS), Baco Doente, Alles Club, MoonPics(JF) entre uma porção de gente muito boa!”

Baco Doente e Early Morning Sky
Neste sábado (30), às 22h (abertura da casa), no Maquinaria (Rua São Mateus 552 – São Mateus). Classificação: 18 anos

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