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Grupo Divulgação comemora 58 anos com a estreia do espetáculo ‘Cidade partida’

Grupo Divulgacao Cidade Partida foto taynara miguel
“Cidade Partida” mostra o Grupo Dibulgação de volta às tragédias gregas (Foto: Taynara Miguel/ Divulgação)
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O Grupo Divulgação comemora 58 anos de atividades retornando às origens, montando clássicos, elemento que está no DNA do grupo criado durante a ditadura. Desta vez, José Luiz Ribeiro, professor aposentado da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (Facom/UFJF), imortal da Academia Brasileira de Cultura (ABC) e criador e coordenador do grupo, compilou três tragédidas gregas em um único texto, unindo a teia dramática que perspassa “Sete contra Tebas”, de Ésquilo; “As fenícias”, de Eurípides e “Antígona”, de Sófocles, à série de ataulidade “Game of thrones”. “Cidade partida” estreia nesta quarta-feira (30), às 20h, no Forum da Cultura, e segue em temporada até o dia 23 de novembro, de quarta a sábado, sempre às 20h.

Após a descoberta da verdade do laço entre Édipo e Jocasta, seus dois filhos homens, Etéocles e Polinices, decidem se revezar no poder em anos alternados. Ao fim do primeiro mandato de Eteocles, este se recusa a deixar o trono – o que faz com que Polinices decida invadir a cidade. A Tribuna conversou com José Luiz para falar da atualidade do teatro grego. 

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Tribuna: “Cidade partida” marca a comemoração de 58 anos de atividades do Grupo Divulgação. Qual o segredo para tanta longevidade? Quais as principais contribuições do grupo para as artes cênicas na cidade?

José Luiz Ribeiro: Bem, principalmente, trabalho. Acreditar na proposta que, quando nós nascemos, em 1966, era o propósito de montar grandes textos da dramaturgia universal e trazer para os estudantes da cidade cultura em um certo sentido de conhecimento. Era um tempo quando não havia as redes sociais, em que a Google não fazia isso, e nós trabalhamos nesse ponto. Então, a cada momento, a gente recria. O Divulgação é como uma ponte na qual passam várias pessoas que, hoje, já estão em grandes centros, alguns como atores, trabalhando profissionalmente. E a nossa principal contribuição é fazer um teatro para a nossa comunidade e, consequentemente, responder às coisas do tempo que nós estamos vivendo. Ou seja, nós nascemos em 1966, época dos anos de chumbo, e fizemos espetáculos que contribuíam para a sociedade pensar o tempo. E hoje, em 2024, nós continuamos com essa missão. “Cidade Partida” vai mostrar a nossa sociedade dividida por rancor e é impressionante que um trabalho grego ainda tenha tanta atualidade.

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A montagem reúne três clássicos do teatro grego, “Sete contra Tebas”, de Ésquilo, “As fenícias”, de Eurípides e “Antígona”, de Sófocles. Como você fez essa junção dos clássicos e por que o teatro grego é tão importante para quem estuda teatro? Quais as principais lições que se tiram dele nos dias atuais?

As peças têm uma referência. “Sete contra Tebas” é continuação, praticamente, de “Édipo Rei”, que é também colocado no tempo de Sófocles e fala dos dois irmãos lutando até a morte pela coroa de Tebas. “As fenícias” conta essa história sobre outra vertente. E “Antígona” é praticamente uma continuidade do “Sete contra Tebas”. Então, nós conseguimos fazer um remake unindo isso, e o texto é extremamente atual, parece que foi escrito naquele momento. A gente pinçou isso, reorganizou, e acredito que vai dar uma grande mensagem.

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(Foto: Taynara Miguel/ Divulgação)

Como o grupo propõe fazer uma reflexão sobre a sociedade atual? O que continua na pauta dos dias de hoje e é apresentado nesses textos?

O retrato do Brasil dividido por proposta de líderes. Os que querem o Eteócles e os que querem Polínices (os dois filhos de Édipo e Jocasta). Um quer invadir o espaço do outro, e o outro não quer deixar. Então, consequentemente, o que nós vamos ver é um povo angustiado com uma guerra. Nós estamos em tempo de Ucrânia, nós estamos vendo essas lutas. Como é que esse povo, então, vai sofrer as causas da guerra? Israel, toda essa confusão do Oriente Médio. Está tudo presente e a peça é um retrato disso tudo.

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Como a série “Game of thrones” te inspirou na criação do texto? A série é bem intensa e tem momentos de punch que marcam a história da televisão, né? Os finais de episódio que deixam a gente sem chão.

Eu sou fãzão da série “Games of thrones”, e a gente nota que esse momento da televisão vai colocar justamente as coisas que os gregos tinham. A cena do Cadmo matando o dragão é realmente uma resposta. E nós vamos mostrar isso, porque é ali que começa a genealogia e o sofrimento de toda uma família, que é o Ciclo Tebano. Então, a gente vê que todas essas séries de televisão. “A casa dos dragões” também. Elas têm um pezinho nos mitos fundadores. Se a gente pegar a “Ilíada” e, principalmente, a “Odisseia”, que conta a casa do Ulisses, a gente vai ver que essas histórias foram apenas recontadas.

Serviço

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“Cidade Partida”, de José Luiz Ribeiro, em adaptação de textos de Ésquilo, Eurípides e Sófocles

Estreia: Quarta-feira (30), às 20h

Temporada: de quarta a sábado, às 20h, até 23 de novembro 

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 Teatro do Forum da Cultura (Rua Santo Antônio 1.112, – Centro)

Colaboração opcional: R$ 10

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