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O que pensam os fãs sobre a nova série de “Jornada nas Estrelas”

jornada nas estrelas capa
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Quando a CBS e a Paramount anunciaram em 2015 que haveria uma nova série de “Star Trek”, a comunidade trekker ao redor do mundo entrou num estado de alerta maior que o da tripulação da Voyager tentando fugir dos Borgs: afinal, era a primeira produção para a TV da franquia desde o cancelamento de “Star Trek: Enterprise”, em 2015. Os sentimentos iam da expectativa positiva dos fãs menos radicais ao eterno pessimismo daqueles que colocam defeito em tudo que foi feito depois da Série Original.

Pois as boas e más expectativas dos trekkers foram respondidas na última segunda-feira, quando “Star Trek: Discovery” chegou ao Brasil por meio do serviço de streaming Netflix. A primeira temporada, com 15 episódios, se passa no ano de 2256, quase uma década antes da Enterprise comandada pelo capitão Kirk iniciar sua jornada de cinco anos pela galáxia. A personagem principal é a imediato Michael Burnham (Sonequa Martin-Green), que a bordo da USS Shenzhou se torna involuntariamente uma das figuras envolvidas no estopim da guerra entre a Federação Unida dos Planetas e o Império Klingon, trama principal da atração.

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Agora que a nova série estreou e já foi assistida, discutida e analisada por trekkers de todo o Quadrante Alfa, a Tribuna ativou seus scanners para saber as opiniões de três fãs de “Jornada nas Estrelas” sobre a nova atração, além de comentarem a expectativa criada na época com o anúncio da nova série e também qual seria a história de “Star Trek” que eles gostariam de ver na telinha. Um deles é o escritor e jornalista Gustavo Goulart; o outro é o gaúcho Társis Salvatore, colaborador da revista “Mundo dos Super-Heróis” e editor do “Papo de quadrinho”, fã de “ST” desde a década de 1980 e que tem com a esposa, Adriana Amaral, uma gatinha chamada Uhura; e a divulgadora científica Thamiris Carvalho, que se apaixonou pelo universo de “Jornada” graças à avó.
Parafraseando o capitão Kirk: “três para escrever, Sr. Scotty”.

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Gustavo Goulart

(Foto: Felipe Couri)

Nova série: Red Alert ou Engage?
É justo dizer que a expectativa positiva superava a negativa. Mas havia suspeitas no ar: estaríamos no universo tradicional ou na nova linha temporal (universo K) inaugurada com o longa de 2009 do diretor J.J. Abrams? A segunda possibilidade não mexia positivamente com nossos nervos. Não seria incorreto afirmar a ansiedade. Afinal os longas de 2009, 2013 (“Além da escuridão”) e de 2016 (“Sem fronteiras”) dividiram opiniões e tiveram fraca acolhida dos fãs mais antigos e ardorosos. E eu me encontro nesta turma. O que eu aguardava sobre a nova série não se pode dizer que era uma boa esperança.

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Primeiro episódio: Fascinante ou Irrelevante?
O início superou as expectativas. O tom é leve nos diálogos simples que permitem doses corretas de humor – bem à moda da velha geração. O ritmo é um pouco mais rápido do que estávamos acostumados com a nave da Federação logo se envolvendo num mistério, posterior imbróglio, com uma nave Klingon. Mas o roteiro, usando de alguns flashbacks, consegue conduzir a trama corretamente. Ao final, tudo parece que foi muito rápido e deixa gosto de “quero mais”. E, sim, isto é muito positivo. O enredo parece não cometer os erros da série “Enterprise”, pois apesar de se passar dez anos antes da era Kirk, amarra corretamente um evento importante: o flagrante desentendimento entre a Federação e o Império Klingon. Há 100 anos ninguém via os Klingons. Nesse meio tempo, esta raça estava dividida em Casas a serem seguidas e sem um comando unificador. Esta é a premissa que “ST: Discovery” usa como ponto de partida, mostrando-se interessante e cuidadosa.

Estas são as viagens (que você escolheria)
Cada fã tem seu pensamento “como seria uma nova série de ‘ST'”; eu confesso que – apesar de satisfeito com a atual – faria decididamente uma outra vertente: continuaria de onde parou a “Nova Geração” do capitão Jean-Luc Picard, mais exatamente depois do longa “Nêmesis” (2002), aproveitando que o sumo do elenco ainda está vivo, e mostraria os eventos da passagem de bastão do bom capitão francês para um novo e, claro, uma nova Enterprise (no caso a de nomenclatura “F”) e seguiria com as aventuras que se iniciaram no distante ano de 1966 com a NCC-1701 Enterprise, classe Constitution. E desde daquele ano… audaciosamente indo onde ninguém jamais esteve.

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Társis Salvatore

(Foto: arquivo pessoal)

Nova série: Red Alert ou Engage?
Quando anunciaram a nova série fiquei empolgado, porque estávamos com um hiato de uns dez anos sem ter uma série de “Star Trek” na TV. O fato dos filmes serem um reboot da Série Clássica também me deixou ansioso, porque existem tecnologia e possibilidades imensas do ponto de vista visual. Isso somado ao fato de as séries de TV estarem em um momento importante na história do entretenimento me encheu de expectativa.

Primeiro episódio: Fascinante ou Irrelevante?
Confesso que foi além das minhas expectativas. Primeiro, porque eles respeitaram aspectos clássicos de “Star Trek”: personagens marcantes, tramas políticas, batalha espaciais com naves e corpo-a-corpo. Depois trouxe bons atores. Sonequa Martin-Green não é apenas linda, ela é muito boa protagonista, embora o elenco seja bom no geral. Por fim, como eu imaginava, capricharam nos efeitos especiais. Cenários grandiosos, detalhes das raças alienígenas, a produção se puxou e entregou um universo “real”.

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Estas são as viagens (que você escolheria)
O que ficaria legal seria fazer algumas homenagens e refazer alguns episódios da Série Clássica, ou de outras séries nesta versão. Tipo uma releitura mesmo, o que eles chamam hoje de “cameo”, também me agradaria. Além disso, uma que divirja mesmo as linhas temporais; gosto demais de vilões como os Borgs, eles funcionam tremendamente como uma crítica atual para alguns comportamentos de manada e outros desafios que enfrentamos no mundo neste século XXI.

Thamiris Carvalho

(Foto: arquivo pessoal)

Nova série: Red Alert ou Engage?
Eu realmente fiquei com medo da série (risos), achei que não ia prestar. Mas já me surpreendeu e muito.

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Primeiro episódio: Fascinante ou Irrelevante?
É para fã, sim. Fico imaginando como seria um papo com o Gene Roddenberry (criador da Série Clássica) sobre como é incrível ver “Star Trek” vivo, no cinema e numa plataforma de streaming, com direito de usar muitos efeitos especiais – e não porque é um filme do Michael Bay, mas porque já não estamos em 1966 com uniformes de feltro e quase nenhum dinheiro. A série profetizou varias tecnologias, mas pra mim o mais importante é saber que a sociedade é a mesma, temos os mesmo problemas, e todas as metáforas maravilhosas estão lá. Eu gostei dos klingons, e acho que essa mudança (eu achei mais Orc que Klingon, mas ok) pode ser explicada de alguma forma durante o programa, não adianta ficar nervoso, sabe? Tem fã nervoso (risos), mas estamos descobrindo algo novo, melhor manter a lógica e aguardar os próximos capítulos. Eu amei os personagens, (os atores) Doug Jones e Sonequa Martin-Green são incríveis, e a representatividade é sempre linda, mas eu ainda não entendo por que nessa frota ainda não tem ninguém gordo (risos).

Estas são as viagens (que você escolheria)
Eu gosto muito de “Enterprise”, é a minha favorita depois da Série Clássica, então eu gostaria de uma série que se passasse antes mesmo do início da Federação, de tudo que já vimos, só para imaginar se o futuro vai ser assim mesmo, afinal estamos bem mais próximos do início nunca visto (na TV) do que o que já foi feito. As séries de “Jornada” costumam mostrar um planeta por semana e os efeitos da passagem da Federação, mas eu queria conhecer essas espécies com mais profundidade. Por estar ligada à astronomia, eu tenho essa curiosidade mais antropológica. Por isso, não queria que o programa se passasse na Terra ou numa nave espacial, gostaria que fosse num outro planeta para que pudéssemos conhecer melhor essa civilização. Como era sua sociedade, a parte política, cultura, as viagens, conflitos com outras espécies. E é também por causa disso que gostaria que fosse situada bem antes de “Enterprise”, que se passa por volta de 2150. Eu com certeza estarei morta até lá (risos), então gostaria que fosse por volta de 2100, quem sabe ainda estou viva para saber se acertamos como seria o futuro?

“Star Trek: Discovery” se passa uma década antes dos eventos da Série Clássica, com a USS Shenzhou se envolvendo no estopim da guerra da Federação com o Império Klingon

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