A partir desta quinta-feira (2) até domingo (5), a cidade histórica de Tiradentes recebe a 11ª edição da Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena. O evento, que reúne artistas e grupos locais e nacionais, acontece a partir do tema “Celebrações e encontros”, e homenageia as atrizes Christiane Torloni e Monah Delacy. A programação conta com 25 espetáculos teatrais e de dança, oito Cenas Encontro, seis atrações musicais, três atividades formativas, lançamentos de livros, exposições e cortejo com o grupo Sagrada Profana – todas elas espalhadas pela cidade.
Já nesta quarta-feira (1), no Teatro Municipal de São João del Rei acontece um pré-lançamento do Tiradentes em Cena. No dia, será realizada uma homenagem ao grupo Maria Cutia, de Belo Horizonte, que é o responsável, inclusive, pela abertura oficial da mostra. Na quinta, no Palco Cultural Vale, montado no larga da Rodoviária de Tiradentes, eles encenam o musical “Auto da compadecida”, dirigido por Gabriel Villela, a partir das 19h, com entrada gratuita.
O Tiradentes em Cena surgiu há 11 anos a partir de duas paixões claras de Aline Garcia: sua cidade natal, lugar onde vive até hoje, e as artes cênicas. A cidade histórica recebe, praticamente durante todo o ano, uma série de atividades e festivais que reúnem turistas e comunidade local. Faltava, então, como conta Aline, um de artes cênicas.
Circulação do teatro do interior
A idealizadora e coordenadora conta ainda que o festival já começa com uma missão: “Uma vontade de colocar e reforçar em Minas Gerais a importância desse tipo de arte, além de democratizar a cultura e proporcionar oportunidades de artistas locais e de outras regiões do Brasil estarem aqui e apresentarem seus trabalhos”. A mostra é não-competitiva e traz esse desejo de abrir portas.
Nesse sentido, uma série de atividades estão sendo colocadas em prática nesta edição do Tiradentes em Cena com o intuito de apresentar e fazer circular, principalmente, as artes cênicas do interior. Programadores de diversos festivais brasileiros estarão na mostra para assistir aos espetáculos, em uma possibilidade de incluir as companhias participantes em futuros eventos pelo Brasil. “Um sonho antigo”, afirma Aline.
Além disso, participa também da mostra o programa de educação e formação GIRART que, em dois momentos da programação, fala sobre as formas e as possibilidades de internacionalização do teatro, apontando estratégias e caminhos para fazer com que isso aconteça. As atividades acontecem na quinta e na sexta e são divididas em quatro módulos.
“O foco é o interior e o que é produzido no interior. Porque, a partir desses encontros, cria-se um mercado cultural, a possibilidade de girar e gerar a economia criativa. Fazer com que essas companhias consigam alçar novos voos. E mostrar também para quem vem de fora o que é a produção do interior”, pontua Aline.
Destaques do Tiradentes em Cena
Ainda no sentido de conectar e na proposta estampada no tema “Celebrações e conexões”, uma de vários nomes importantes das artes cênicas chegam ao Tiradentes em Cena. Ione Medeiros, por exemplo, pesquisadora, encenadora e pianista, conhecida por sua trajetória à frente do Grupo Oficcina Multimédia (GOM), lança seu livro “Oficcina Multimédia _ 45 anos”, na quinta, a partir das 16h, no Instituto Rouanet. Em seguida, ela participa de uma roda de conversa com Jonnatha Horta Fortes, Henrique Torres Mourão e mediação de Maria Clara Ferrer.
“Diário de um órfão” será estreado no Tiradentes em Cena, na sexta, a partir das 19h, no Centro Cultural Yves Alves. Ele é dirigido, assinado e atuado por Saulo Rocha e fala sobre os órfãos do Brasil, mesclando linguagens de teatro ritual e documental. Já às 21h, Paulo Betti apresenta, no Palco Cultural Vale, a peça “Autobiografia autorizada”, que mergulha nos escritos do ator desde sua adolescência até os dias atuais, em uma narrativa guiada por uma série de personagens que são, na verdade, o próprio Paulo.
Mãe e filha juntas
Já as homenageadas, mãe e filha, Monah Delacy e Christiane Torloni participam da Cena Encontro: um bate-papo que acontece no sábado, a partir das 15h, no Centro Cultural Yves Alves. As atrizes, que nunca trabalharam juntas, vão falar sobre os bastidores de suas carreiras, a paixão pelas artes cênicas e as vivências fora de cena, além do vínculo que existe entre elas. Antes, na quinta, Torloni apresenta seu documentário “Amazônia, o despertar da florestania”, seguido por uma sessão de conversa, às 15h, também no Yves Alves.
“A mostra une, cria conexões e junta pessoas”
A programação do Tiradentes em Cena é extensa e é pautada, sobretudo, pelo encontro. “Porque um dos maiores legados que uma mostra pode proporcionar é o encontro. Estando aqui, com compartilhamento de experiência, uma diversidade enorme de programação, a gente consegue promover diversos tipos de encontros. A mostra une, cria conexões e junta pessoas”, acredita Aline. Apesar de ser parte da temática deste ano, esses encontros fazem parte de todas as edições, como a coordenadora lembra.
“A nossa maior preocupação enquanto mostra é ser plural e diversa: proporcionar uma gama de possibilidades, já que é um festival feito para todo mundo”. Isso significa que tem peças de vários formatos e categorias e vários lugares de Tiradentes. “A nossa construção e nossa existência enquanto festival, o nosso DNA é esse: ocupar os espaços da cidade para poder ser cada vez mais diverso e plural. É o nosso DNA”, finaliza Aline.