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A dança é para todos

O sapateado ajudou Regina Sabino a superar uma depressão
O sapateado ajudou Regina Sabino a superar uma depressão
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Em comemoração ao Dia Internacional da Dança, celebrado neste sábado, a Tribuna decidiu contar histórias de pessoas que quebraram tabus e encontraram na atividade corporal qualidade de vida. É o caso da recepcionista Regina Maria Marques Sabino, 59 anos, que já foi professora de balé. Em 2012, ela desenvolveu um longo quadro de depressão. Parou de trabalhar e não saía mais de casa. Passou por altos e baixos, até que, este ano, Regina recebeu o convite de um amigo, professor de sapateado, para experimentar uma aula da modalidade. Começou a praticar e não parou mais, afirmando, com convicção, que o sapateado foi o que a ajudou a se recuperar da depressão. “Esse retorno à dança está sendo muito prazeroso, é a retomada do controle da minha vida. A vida só é boa quando se é alegre, quando você acorda e se sente feliz, e o sapateado me proporciona isso.”

O psiquiatra Gustavo Dimas Costa confirma que a dança pode ajudar na recuperação de um quadro depressivo. “Considerando a dança uma atividade física, diversos estudos comprovam que sim, a prática pode ajudar o paciente a se recuperar da depressão. Mas é importante lembrar que o tratamento é multidisciplinar. A dança deve ser aliada aos psicotrópicos, psicoterapia e ao fortalecimento da espiritualidade.”

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Após duas gestações, a fotógrafa Janaina Ferreira, 38, buscava um exercício para emagrecer. Começou a dançar zumba há um ano e encontrou, além benefícios para a saúde, uma forma de levar alegria a outras pessoas. Juntamente com o professor Wendell Pires, Janaína se engajou na dança e passou a organizar eventos beneficentes. Em dezembro do ano passado, eles realizaram o “Jingle Zumba”, que arrecadou brinquedos para doação, com a presença de quase 200 pessoas. Depois do sucesso do primeiro evento, eles promoveram o “Zumba Kids”, para crianças. A próxima parada é no Instituto João de Freitas, com o “Zumba Gold”, organizado para os idosos. “Hoje sou muito mais tranquila. São 40 minutos de felicidade e alegria, é o momento em que me desligo do mundo.”

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Vencendo o preconceito

O jornalista Caio Zóia, 24, tem uma antiga relação com a dança, mas adiou a prática pelo velho tabu de que homem não pode dançar. Vivia em uma pequena cidade na Zona da Mata mineira e, para evitar críticas e constrangimento, não procurou pela atividade. “Era incomum meninos dançarem.” Caio mudou-se para Juiz de Fora e, alguns anos depois, recebeu o convite para uma aula de balé clássico. Se apaixonou de cara e experimentou diversos outros estilos. Fez aulas de hip hop, axé, samba, forró, e, atualmente, está dedicado ao balé contemporâneo. “A dança é uma possibilidade que tenho de me expressar artisticamente usando o corpo como instrumento. É comunicação. Uma oportunidade diferente de conexão com a música. Desafio, frustração, liberdade.”

Maria Eduarda Gomes Novaes, 11, também está cercada pela dança em sua história. A bailarina de balé clássico iniciou a atividade aos 3 anos e está seguindo uma trajetória vitoriosa. A menina já conquistou vários prêmios, um dos mais recentes foi o VI Dança, realizado no Rio de Janeiro, no ano passado, em que Duda e uma colega ganharam o prêmio de melhor coreografia infantil na categoria duo, entre outras 93 apresentações.

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A mãe da pequena bailarina, a educadora física Karina Pereira Gomes, 45, conta que Maria Eduarda sempre conviveu com a dança por causa da família. Ela também fala que nunca impôs a dança à menina e nem a forma como ela se dedica, treinando aos fins de semana, saindo tarde dos ensaios, fazendo algumas restrições alimentares devido às competições. Tudo é por opção dela e feito com muita garra pela bailarina. Quando perguntada sobre o que o balé representa em sua vida, Maria Eduarda compara a dança ao trigo. “Sem trigo não tem pão, e sem balé eu não vivo direito.” A menina diz que se inspirou na mãe para seguir a carreira de bailarina. “Quando eu era pequenininha, via algumas pessoas dançando na TV, na rua, e achava lindo. Minha mãe também dançava, e eu quis buscar isso pra mim, sempre achei que eu ia conseguir.”

Diretora há 40 anos da Corpus Núcleo de Dança, Denise Barbosa Milward atesta o poder inclusivo da atividade. “Quando a dança começou em termos técnicos, era muito procurada por pessoas que queriam ser bailarinos e bailarinas. Atualmente, as pessoas procuram a dança por diferentes motivos, quebrando diversos paradigmas. O primeiro deles é a idade. Hoje temos várias companhias com bailarinos mais velhos. Também temos a presença cada vez maior de homens e de pessoas com deficiências. A dança é inclusiva, leva a pessoa a um estado de felicidade de uma forma que é muito difícil encontrar em outra atividade. Sem dúvida, a dança é para todos e quem dança é mais feliz.”

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