
Claudia Romano lança álbum independente; cantora lembra os anos vividos em Juiz de Fora
O lar costuma ser o lugar onde nos sentimos bem. No caso da cantora capixaba Claudia Romano, este pode ser divido em três, como pode ser conferido no seu mais recente álbum, “No ato”, lançado este mês de forma independente. Nascida em Vila Velha, no Espírito Santo, descobrindo-se cantora em Juiz de Fora e consolidando sua carreira na capital paulista, ela reúne em 12 canções um pouco de suas percepções e memórias desses lugares, além de outros temas que entram no seu baú de sentimentos.
Para Claudia, este pode ser considerado sua “estreia” solo, pois ela gravou, há mais de dez anos, em Juiz de Fora, um trabalho em parceria com Adilson Santos pela Lei Murilo Mendes. “Comecei a pensar na ideia desse disco assim que vim para São Paulo, em 2008. Queria fazer um trabalho meu, com a minha cara, e aí é aquela velha história: o artista vem para a capital e a coisa não é como ele imagina. Então me envolvi em diversas atividades ligadas à música, gravei jingles, toquei em vários lugares. Fui desenvolvendo o trabalho até chegar ao ideal das composições, após passar por um período sabático”, conta a cantora e compositora, responsável por todas as letras e melodias do trabalho. “Eu havia tentado alguns projetos, mas não fui agraciada. No final de 2013, uma empresária se interessou pelo projeto, e logo entrei no estúdio”, acrescenta.
Para “No ato”, Claudia teve muita história para contar. “Algumas canções são reflexo do que vivi em São Paulo, ‘Ibirapuera’ é bem representativa disso. ‘É carnaval’ refere-se ao carnaval de Juiz de Fora, que vivi muito intensamente na década de 1990. Em ‘Berlin’, apesar do nome, eu falo do Espírito Santo, onde nasci, em que há uma colônia alemã muito forte. Berlin é uma palavra que ouvia muito quando criança e gostava dela. E eu sinto muitas saudades de lá, da minha mãe”, explica.
Ainda falando sobre Juiz de Fora, ela diz que viveu na cidade por 14 anos, tendo se mudado para cursar filosofia na UFJF. O curso ela terminou, mas acabou irremediavelmente conquistada pela possibilidade de seguir uma carreira na área musical. “Quando cheguei tinha a Ana Carolina tocando em barzinhos, o Emmerson Nogueira, o Lúdica Música!. Era o cenário que encontrei, de músicos maravilhosos, tive a honra de tocar com muitos deles. Me deparei com um cenário muito produtivo, com o qual não tinha contato onde nasci. Minha primeira grande apresentação foi na UFJF, na Calourada, depois cantei em bares, teatros. Deixei a cidade porque acreditava que estava pronta para alçar novos voos, estava querendo crescer mais”, relembra a artista, que, em Vila Velha, cantava em uma igreja, de forma amadora. “Muita gente, em São Paulo, acredita que nasci em Juiz de Fora.
Escolhendo os parceiros
Tendo estabelecido-se na capital paulista, uma das atividades que Claudia Romano desenvolveu foi a de professora de canto em uma escola de música. Essa atividade, junto às apresentações na noite e gravações em geral, permitiu que ela conhecesse muita gente que participou de “No ato”. “O trabalho como professora me abriu muitas portas. Conheci muita gente, trabalhei com cantores importantes, e nesses bastidores fui fazendo essas amizades e escolhendo quem gostaria de convidar, artistas com quem tivesse afinidade musical”, diz ela. Um dos grandes achados foi a participação de Amilton Godoy, do Zimbo Trio, e que também é diretor da escola de canto. “Mostrei para ele o projeto e ele topou participar. O Amilton tocou um piano elétrico que trás uma sonoridade dos 1970 e um órgão que nunca havia tocado.”
O álbum, conta Claudia, já estava desenvolvido na cabeça. O trabalho com o produtor Alexandre Fontanetti, acrescenta, foi tranquilo, assim como as diversas participações especiais (James Muller, do Funk Como Le Gusta, e Fábio Sá, entre outros). “É um disco mais suave, quero atingir com ele as pessoas que desejam ouvir uma boa música e fazer um ambiente legal.”
Agora, Claudia começa a se preparar para apresentar suas canções ao vivo, inicialmente em São Paulo. Juiz de Fora, garante, não deve demorar a ter o retorno, mesmo que temporário, da “filha pródiga”. “Meu desejo, inicialmente, era começar os shows por Juiz de Fora com produção da Loló Nevves, porque é a cidade em que nasci musicalmente, onde me formei na faculdade e vivi por muitos anos, mas não foi possível por questões de logística. Assim que terminar alguns projetos aqui em São Paulo, espero fazer o show aí”, encerra.