Sebastião Rodrigues Maia até pode ser criticado pelos inúmeros defeitos e burradas que cometeu em seus 55 anos de vida, mas poucos diriam que Tim Maia, como se tornou conhecido, teve uma vida ordinária. E são algumas das infindáveis histórias protagonizadas pelo cantor e compositor, morto em 1998 em Niterói, que compõem “Tim Maia”, filme de Mauro Lima que estreia nesta quinta-feira em todo o país. A produção, com roteiro de Antonia Pellegrino e do próprio diretor, tomou como base a biografia “Vale tudo – o som e a fúria de Tim Maia”, escrita pelo setentão Nelson Motta, histórias contadas por amigos e parentes e pelo cantor paraguaio Fábio, que acompanhou o artista por cerca de três décadas. Babu Santana e Robson Nunes interpretam, respectivamente, o cantor em sua fase adulta e na juventude.
Mesmo com duração longa (cerca de 140 minutos), os responsáveis pelo filme tiveram de abrir mão de algumas fases da vida do cantor – como o período brega dos anos 80, da suprema dor de cotovelo chamada “Me dê motivo” – para não deixar “Tim Maia” como um documentário fast-food da vida do artista. O fã e o neófito terão a chance de acompanhar a vida de Tim desde a infância pobre na Tijuca, quando precisava trabalhar entregando as marmitas que a mãe preparava, até uma de suas primeiras e mais famosas incursões no mundo da música, quando participou da banda The Sputniks ao lado de uns tais Roberto e Erasmo Carlos, ainda na década de 1950.
Outros momentos mais ou menos inspiradores e constrangedores fazem parte do longa – como a viagem para os Estados Unidos, onde gravou um compacto, trabalhou em empregos menores, roubou um carro, cometeu pequenos furtos e foi preso com maconha, sendo posteriormente deportado, mas que serviu para que ele se apaixonasse pela música negra norte-americana; os primeiros sucessos da carreira, fortemente influenciada pela black music; a sua desastrosa incursão pela doutrina Cultura Racional, renegada por ele posteriormente mas que rendeu dois volumes dos clássicos “Tim Maia racional”; os problemas com as drogas e os inúmeros shows cancelados devido à vida desregrada do cantor.
Tim morreu em 15 de março de 1998 em um hospital de Niterói, depois de passar mal no início de um show no Teatro Municipal da cidade. Mesmo com todo o registro audiovisual disponível atualmente, é difícil explicar para as gerações mais novas a sua personalidade ímpar, capaz de disparar verbalmente contra amigos e inimigos com igual sagacidade . Sem contar o folclore em seus shows (pelo menos, aos que ele comparecia), com suas eternas reclamações sobre o retorno, graves, médios e agudos, o jeito de “cantar não cantando” e frases impublicáveis. E é esse Tim Maia que esperamos encontrar na tela grande.
TIM MAIA
UCI1: 13h45, 16h40, 19h35 e 22h30. UCI 3: 16h05, 19h e 21h55. Alameda 4: 15h, 18h50, 21h30 (exceto sábado e domingo), 14h, 16h40, 19h20 e 22h (sábado e domingo). Palace 1: 14h30, 17h30 e 20h30. Santa Cruz 1: 16h, 18h30 e 21h
Classificação: 16 anos