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Tribuna 43 anos: atravessando a cultura e a vida dos artistas

Carlos Bracher por Marcelo Ribeiro
Carlos Bracher no Castelinho, que vai virar centro cultural (Foto: Marcelo Ribeiro)
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O mês de setembro marca o aniversário do jornal Tribuna de Minas. São 43 anos contando a história de Juiz de Fora. Ao longo desses anos, foram muitas transformações.

O jornal mudou, e a forma de produzir e consumir arte também. Grandes talentos locais contam como têm sido essa relação com a passagem do tempo.

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“Eu tenho 84 anos e estou neste contato com a Tribuna de Minas desde os meus 16”, conta o encantador Carlos Bracher, emblema da arte e da cultura juiz-foranas, integrante de uma família que é uma das maiores expressões de criatividade, liberdade e amor ao patrimônio histórico da cidade, responsável por capitanear a campanha “Mascarenhas, mon amour”, nos anos 1980. Bracher agora está empenhado na reforma e na abertura do Castelinho dos Bracher, na Rua Antônio Dias Tostes,  no Poço Rico, como centro cultural.

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“Ao longo desse tempo,  houve muita transformação, no teatro, na música, na pintura, nas artes plásticas, enfim, isso tudo contendo outros componentes, a questão da internet, dessas novas mídias que são muito potencializadoras de novos anseios, novas possibilidades, da amplidão de chegar. Na verdade, isso é uma riqueza absolutamente extraordinária via processos tecnológicos. É muito lindo e comovente isso, todos terem acesso a mais horizontes, que antes eram só para poucas pessoas, para uma certa elite, digamos. Isso é uma coisa muito linda, essa democratização da cultura, dos conhecimentos. Uma grande maravilha, um novo mundo se abriu diante de todos nós”, conta por áudio de WhatsApp.

“E a Tribuna tem sido assim, grande aliada de primeira linha de todos os artistas, todas as pessoas empenhadas nesses organismos criativos”, analisa o mestre.

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Tairone Vale foi repórter e entrevistado (Foto: Fernando Priamo)

O jornalista e ator Tairone Vale, 48, teve a experiência dupla de trabalhar no jornal, como repórter de Política, em 1999, e ser fonte de matérias como ator. “Estive sempre próximo da Tribuna desde seu nascimento, já que, na época, eu estudava no colégio Academia, e a estrutura do grupo Esdeva ficava naquele terreno”, relembra.

“À medida que minha carreira na atuação e na dramaturgia foi se desenvolvendo, sempre pude contar com o jornal para divulgar minhas iniciativas artísticas. Sempre admirei o esforço da Tribuna em divulgar a cena artística local e, mesmo tendo uma estrutura reduzida, tentar dar voz aos mais diferentes espectros dos fazedores de arte da região, tanto do centro quanto da periferia, novatos ou veteranos das artes plásticas, da literatura, do teatro, do cinema, da dança e da música, do samba ao rock.””, analisa.

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“Lembro, especialmente, de uma coluna no Caderno Dois em que um artista analisava alguma obra local. Em uma delas, tivemos a visão do grande ator José Eduardo Arcuri sobre o espetáculo “As Bruxas de Salém”, que me trouxe de volta aos palcos depois de um longo hiato. Isso foi em 2009. Para mim, que estava me arriscando de novo como ator depois de tantos anos parado, foi um belo incentivo, somado à cobertura jornalística da Tribuna”, relembra.

“Apesar de termos, hoje, na internet, nas mídias sociais, os grandes canais de divulgação de uma obra, de um espetáculo,  o peso da assinatura de um jornal ainda é muito importante na construção de credibilidade. Para o público, saber que uma crítica, uma matéria, surgiu do olhar de um profissional especializado, referendado por uma estrutura consolidada como um jornal com tradição, é um carimbo de validação”, analisa.

“Mesmo com os novos formatos de se fazer arte, a Tribuna se faz presente. Durante a pandemia, trancafiado contra o vírus e a cabeça cheia de ideias, querendo sair, criei uma websérie no Instagram, chamada “X semanas depois”. Nela, eu atuava como um sobrevivente da pandemia que estava algumas semanas no futuro e, ao vivo, eu ia ficcionalizando fatos que aconteceriam em breve no Brasil e na minha vizinhança. Mesmo tendo sido criada de forma muito despretensiosa, a série mereceu uma bela cobertura da Tribuna, que soube enxergar naquela iniciativa toda a carga crítica e artística que ela continha.”

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Gutti Mendes, Rosana Brito e Isabella Ladeira, o Lúdica Música (Foto: Diego Sá)

O trio musical juiz-forano, radicado em Portugal, Lúdica Música, estampa as páginas da Tribuna de Minas desde sua criação, em 1991, ainda com o Joãozinho da Percussão na formação. “Desde que começamos, a Tribuna nos dá espaço e divulga as diversas fases da nossa trajetória. O Gutti Mendes ainda não fazia parte do trio, mas, em 1991, já estava na coluna César Romero, que foi quem primeiro falou do The Quarrymen… “, relembra Isabella Ladeira, 55 anos.

O grupo vem observando transformações na forma de se fazer cultura durante este período. “O músico que divulgava em fita K7 e hoje está no streaming; o ator, que antes só tinha o teatro, a TV e o cinema como opções, agora também tem o streaming; o artista que tem um público cativo, mas viu novas gerações curtirem seu trabalho”, analisa.

“No começo das nossas carreiras, tudo era ainda bem artesanal, analógico. Tínhamos um material gráfico bonito, sempre nos preocupamos com isso, e divulgávamos os shows enviando cartões postais pelo correio para as pessoas que se cadastravam no nosso mailing. A matéria no jornal do fim de semana era muito aguardada, e garantia a presença do público no evento. Temos vários postais dessa época, depois, com a internet, passamos a divulgar por e-mail também”, relembra.

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O Lúdica Música ainda com Joãozinho da Percussão

“Antes de lançarmos o primeiro álbum, ainda em vinil, em 1994 , bancado pelo público por meio do vale-disco, pioneiro do crowdfunding, nosso material de divulgação era fita K7. Depois, vieram os CDs, DVDs, lives, séries especiais no YouTube… Hoje, o processo é muito diferente, e acabamos nos envolvendo talvez bem mais, pois muitos artistas, além de criarem e produzirem sua arte, também são os principais responsáveis por sua divulgação e produção de conteúdo. Sobre as novas gerações, é bacana demais ver adolescentes e crianças nos descobrirem por meio de seus pais e avós, professores e internet e podermos, inclusive, trocar figurinhas com os artistas jovens que nos enxergam como referência”, conta.

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