Números estão sendo fechados e relatórios, elaborados, mas o superintendente da Funalfa, Rômulo Veiga, considera a edição deste do Corredor Cultural um sucesso. De acordo com ele, o evento que aconteceu de sexta-feira (26) a domingo (28) para celebrar o aniversário da cidade ocorreu de forma satisfatória dentro do novo formato, que aglutina mais eventos em um menor número de dias. Dentre os pontos positivos, Rômulo aponta o uso dos espaços públicos pelos artistas locais, o fato de muitos deles terem produzido suas apresentações, os espetáculos criados tendo em mente o Corredor Cultural e o público heterogêneo observado durante os três dias. A expectativa é que o balanço oficial, com a estimativa de público e outras informações, seja divulgado ainda esta semana. Rômulo adianta, porém, que não foi registrado nenhum problema grave durante os três dias, com as atrações ocorrendo nos horários previstos ou, no máximo, com pequenos atrasos.
“A descentralização funcionou muito bem. Tivemos, por exemplo, a Manhã Infantil na praça Adalberto Landau, no Bairro Industrial, que recebeu cerca de 150 crianças, fora os adultos, num espaço que não era olhado sob o ponto de vista cultural. Ao mesmo tempo, tivemos o show do MV Bill que encheu a praça Antônio Carlos num clima de paz, ao contrário da visão que muitos têm da população jovem da periferia. Acreditamos que no momento do show havia 2,5 mil pessoas, sem ocorrências graves, num espaço que esteve com bom público o dia todo.”
Estes foram dois dos eventos que Rômulo acompanhou durante o final de semana, e ele destaca outros que também aconteceram de sexta a domingo. “Nos eventos em que estive, vi que a organização não só era possível como também viável. Houve reposta positiva da população. Os três que acompanhei na sexta-feira (Algarabia, Batalha de Dublagem do Realce e Super Goofy Band) tiveram o engajamento da população. A Batalha de Dublagem teve público que excedeu nossa expectativa; o Algarabia tinha uma plateia heterogênea, assim como a Super Goofy Band. Eram pessoas mais velhas que acharam interessante, gente engravatada saindo do trabalho, muitos jovens, crianças, mães levando filhos, o público indie. Isso continuou no sábado no festival Rock Pé no Chão, o Piano na Rua, que foi muito emocionante. O mesmo se deu domingo com a Manhã Nordestina e o Súbita 0800 na Rua Mister Moore.”
Produzindo a própria arte
Para o superintendente da Funalfa, o Corredor Cultural de 2017 é a prova de que o espaço público deve ser usado para qualquer apresentação artística e ser abraçado pela população. “Essa coisa da desordem, do caos, da violência está mais na nossa cabeça, muito pelo momento que vivemos. O Corredor ajuda a desmitificar esse pensamento”, afirma. “Se houver articulação entre poder público e a categoria artística, podemos transformar a cidade num polo cultural efervescente, em especial com essas pequenas apresentações.”
Rômulo destaca ainda os eventos criados especialmente para o Corredor Cultural, como a Manhã Nordestina, a Mostra Piquenique e o evento “Contos de amor e sexo”, de Ulisses Belleigoli. “Dar a rua para os artistas foi o maior destaque do Corredor Cultural. Queremos ajudar a simplificar para que eventos deste tipo ocorram mais vezes, queremos convidá-los a proporem como ocupar esses espaços. A partir daí, podemos conversar com as secretarias e instituições para criarmos um regramento e fazer isso o ano inteiro.”
Arte no Parque Halfeld
Homenagem aos 30 anos de abertura do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, a exposição “Do tear à arte II”, permanece em junho no Parque Halfeld, diante da boa recepção do público e da ausência de depredação nos três dias em que fez parte da programação do Corredor Cultural. Releitura da mostra homônima apresentada em 1987, a montagem reúne os artistas Afonso Rodrigues, Breno Chagas, César Balbi, César Brandão, Fernanda Cruzick, Frederico Merij, Henrique Lott, Renato Abud e Ricardo Cristofaro, que junto de outros seis nomes, também compuseram a primeira edição. Dispostas em três grandes andaimes localizados no centro da praça, as obras retomam a arquitetura e o ideário da Mascarenhas, cuja inauguração como espaço das artes se deu em 31 de maio de 1987, como um presente à cidade que lutou pela revitalização da antiga fábrica dando voz ao projeto “Mascarenhas, meu amor”.