O professor Jorge Ferreira vai lançar a biografia “Elisa Branco: uma vida em vermelho”, que busca recuperar a vida de uma militante comunista brasileira que lutou pela paz mundial. Na visão do autor, a trajetória política da personagem foi esquecida pela história, e, por isso, é importante um movimento de recuperação. A obra também aborda a fundação de um partido comunista dentro do Brasil. O evento será realizado, nesta quarta-feira (29), às 19h, no Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e a discussão que a livro traz será tema da aula inaugural do primeiro semestre letivo do Programa de Pós-Graduação em História da faculdade.
O autor foi atraído pela história por estudar o período em que Elisa Branco viveu, e também por já ter experiência com biografias antes. Foi inclusive autor de “João Goulart, uma biografia”, de 2011, e assina livros didáticos concentrando pesquisas sobre trabalhismo, comunismo, história das esquerdas e a história do Brasil republicano. Para construir a obra, foram utilizados diversos recursos diferentes, como entrevistas orais, escritas e digitais, além de arquivos da imprensa, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e relatos da própria biografada e de arquivos privados, entre outros recursos utilizados pela historiografia para ter um panorama mais completo da vida da personagem.
A trajetória de Elisa passa então por um estudo de recuperação dessa memória, que mostra que ela era uma militante que acreditava no projeto de construção de uma sociedade comunista e lutava ativamente por isso. Devido inclusive a essa dedicação, foi presa por um ano, condenada por abrir uma faixa contra o envio de soldados brasileiros à Guerra da Coreia, no dia 7 de setembro de 1950, durante um desfile militar que acontecia em São Paulo. Sua prisão acabou mobilizando uma campanha de repercussão internacional, e as ações para libertá-la percorreram vários países, fazendo com que a brasileira se tornasse um dos símbolos da luta pela paz. Com esse feito, em 1952, recebeu, na União Soviética, o Prêmio Internacional Stalin da Paz, considerado como a maior distinção que um comunista poderia alcançar.
As vivências pessoais da militante vão se relacionando com o próprio desenvolvimento dos eventos políticos no país, e, por isso, também são consideradas relevantes para o estudo da história. De acordo com coordenador do Programa de Pós-Graduação em História da UFJF, professor Leandro Pereira Gonçalves, as reflexões sobre o tema acontecem ao mesmo tempo em que o curso celebra um importante marco ao alcançar a nota 6 na Capes, deixando o curso entre os programas de excelência.