A Mostra de Cinema de Tiradentes, que abre o calendário do audiovisual brasileiro, vai acontecer entre 19 e 27 de janeiro. Em sua 27ª edição, traz como tema “As formas do tempo”. A proposta é, a partir dos filmes, dos convidados e debates, pensar e olhar as temporalidades que atravessam a noção de contemporâneo nas práticas cinematográficas, principalmente nos filmes brasileiros de agora. A partir disso, promove a discussão que vislumbra pensar o caminho em que o setor faz de qual é o futuro possível de construir.
Os mais de 100 filmes selecionados trazem uma ampla compreensão de como é fazer filme no Brasil hoje e como o momento do agora impacta as estéticas cinematográficas. Na justificativa da escolha do tema, o crítico Francis Vogner dos Reis, que coordena a curadoria, afirma que a velocidade dos acontecimentos do mundo fazem com que as solicitações de atenção e sentido sejam mais rápidas, fragmentadas e ansiosos – o que é um desafio tanto para os novos quanto para os já consagrados realizadores brasileiros.
Homenageados
Os homenageados da vez são o cineasta André Novais Oliveira e a atriz Bárbara Colen, que, por suas trajetórias, dialogam intimamente com o tema “As formas do tempo”. Ambos mineiros, eles têm de certa forma, suas carreiras entrelaçadas, muito por terem surgido em uma mesma geração e por serem considerados figuras-chave do momento atual do cinema mineiro. O principal elo em comum é a produtora Filmes de Plástico, da qual André é um dos fundadores. Com o lançamento de “Fantasmas”, em 2010, inclusive em Tiradentes, ele é apontado como um dos criadores mais interessantes do evento. No mesmo ano, mas em Brasília, Bárbara surge como protagonista do curta “Contagem”, também produzido pela Filmes de Plástico.
André tem como suas principais obras os longas e curtas já premiados: “Pouco mais de um mês” (2013), “Ela volta na quinta” (2014), “Temporada” (2018) e “O dia em que te conheci” (2023). Já Bárbara atuou como atriz em “Aquarius” (2016) e “Bacurau” (2019), ambos de Kleber Mendonça Filho, em “Baixo centro” (2018), de Ewerton Belico e Samuel Marotta, e em telenovelas na Globo. Celebrar a trajetória dos dois é, para a curadoria, uma celebração do cinema mineiro, que foi considerado um dos mais inovadores dos últimos 20 anos.
Filmes selecionados
Alguns filmes selecionados para a Mostra Tiradentes 2024 já foram divulgados. A primeira mostra a ser anunciada foi a Aurora, conhecida por lançar olhar a realizadores que arriscam novas estéticas e narrativas, sendo que os cineastas precisam ter lançado até três longas-metragens na carreira. São filmes inéditos no país e a maioria em pré-estreia mundial. A curadoria tem a coordenação de Francis e é composta, nesta 27ª edição, por Tatiana Carvalho Costa e Juliano Gomes e assistência de Rubens Anzolin. Eles são avaliados pelo júri oficial e concorrem ao Troféu Barroco, além de outros prêmios de parceiros da Mostra.
Os filmes são: “Eu também não gozei” (SP), de Ana Carolina Marinho; “O tubérculo” (SP), de Lucas Camargo de Barros e Nicolas Thomé Zetune; “Maçãs no escuro” (SP), de Tiago A. Neves; “Sofia foi” (SP), de Pedro Geraldo; “Not dead” (BA), de Isaac Donato; “Lista de desejos para Superagüi” (PR), de Pedro Giongo; e “EROS” (PE), de Rachel Daisy Ellis. De acordo com a organização, neste ano, a curadoria recebeu cerca de 240 inscrições de longas-metragens.
Outra delas foi a Olhos Livres, que traz realizadores que já têm circulado nos festivais. Além disso, essa mostra é um espaço de abordagens estéticas que caminham para possibilidades lúdicas e criativas. O nome é uma homenagem ao cineasta Carlos Reichenbach, que abordava a proposta de olhos livres na sua criação. Juntos, os seis longas-metragens selecionados, que são inéditos no país, trazem estilos diferentes e concorrem ao troféu que também leva o nome do cineasta homenageado.
O júri jovem é que avalia os filmes, que são: “Terror Mandelão” (SP), de Felipe Larozza e GG Albuquerque; “A câmara” (DF), de Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão; “Foram os sussurros que me mataram” (PR), de Arhur Tuoto; “SOAP” (RJ/SP), de Tamar Guimarães; “Aquele que viu o abismo” (SP), de Gregorio Gananian e Negro Léo; e “Seu Cavalcanti” (PE), de Leonardo Lacca.
Oficinas
Até o dia 5 de janeiro, estão abertas as inscrições para o programa de formação da mostra. São 12 atividades, sendo cinco oficinas para adultos, quatro para jovens e três laboratórios que integram o CineMundiLab. No total, são 247 vagas. As aulas são presenciais e acontecem em Tiradentes durante os dias de realização do festival. As inscrições podem ser feitas no link mostratiradentes.com.br/programa-de-formacao.
Conheça as oficinas:
Oficinas para o público adulto:
-Roteiro para Televisão: Uma Introdução com Ana Maria Moretzsohn | RJ
-Direção de Atores no Audiovisual com Sabrina Greve | SP
-Atuação e Cinema com Renan Rovida | SP
-O Produtor Criativo no Audiovisual com Clélia Bessa | RJ
-Audiência do Audiovisual _ Como os Filmes Podem Alcançar Seus Públicos com Zé Agripino | SP
Oficinas para o público jovem:
-Jogos Teatrais na Sala de Aula com Bárbara Oliveira | MG
-Desenvolvimento de Personagem para Animação com Henrique Kopke | MG
-Cinema, Artes Plásticas e o Fio Que Tece o Tempo…com Dani Penna | MG
-Oficina Processos Audiovisuais Cocriativos com Vinícius Cabral e Gabriel Lamounier | MG
Cinemundi Lab:
-Laboratório de Desenvolvimento de Projetos de Longas | ProjetoLab com Guilherme Fiuza e Júlia Nogueira | MG
-Laboratório de Projetos de Documentário | Imersão DocBrasil com Cleber Eduardo | SP
-Laboratório de Realização de Projetos de Curta-Metragem de Ficção com Mário Borgneth | SP
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