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Outras ideias com Eduardo dos Santos Porcino

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Eduardo e a família: Vida transformada a partir das previsões
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Eduardo e a família: Vida transformada a partir das previsões

O que os búzios lhe contaram Eduardo? “2015 vai ser um ano difícil para mim, como para todos nós brasileiros. Um ano de muitos desafios. Mas terei a dádiva de estar vivo”, diz. Peço mais objetividade. “Será um ano legal para mim”, ele ri. “Tem coisas que não posso falar”, explica. O próximo ano, regido por Oxalá, no início, e, no segundo semestre, por Ogum, será de paz, mas também de intensas lutas. Para ele, momento de mais prosperidade. Aos 40, Eduardo dos Santos Porcino conhece bem a fartura e a riqueza, que Oxóssi, o orixá caçador do qual é filho, representa. Òké Aro! (saudação a Oxóssi)

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Nascido na Avenida Sete de Setembro, em 8 de janeiro, ainda muito menino, aos 6 anos, viu os pais se separarem e, com isso, sentiu o gosto amargo das tempestades. “Meu pai, quando se separou de minha mãe, separou-se de nós também. Então, tive que começar a trabalhar para ajudar a sustentar meus dois irmãos gêmeos”, conta, recordando-se de ver a mãe fazendo faxinas e trabalhando de lavadeira. Lembra-se também de ter que catar esterco de vaca para vender num condomínio no Tiguera e do ofício de servente de pedreiro, iniciado ainda com pouco mais de uma década de vida. “Ajudei na construção da Creche Central, em frente à Academia de Comércio, da fundação à pintura”, orgulha-se. Depois, tornou-se auxiliar de padeiro, mecânico e ajudante em oficina, até servir o Exército, onde foi soldado mecânico. “Tenho habilidade para consertar coisas, sempre tive. Hoje conserto gente. Deixei de consertar máquinas para consertar a vida das pessoas”, sorri.

Enquanto tentava ganhar a vida, na Bahia, o jovem Eduardo estreitou ainda mais seus laços com a fé que passou a seguir aos 11 anos. “Minha madrinha me levou para conhecer o Centro Espírita Venâncio Café, na Rua Santo Antônio. Quando fui convidado a me assentar para receber o passe, minhas mãos começaram a transpirar muito, e meu corpo tremia. Seu Olívio, o chefe do terreiro me disse que eu era médium e tinha que desenvolver. Na terceira semana, já estava com a roupa branca”, recorda ele, que também foi médium na casa do Seu Silvino, no Bairro Esplanada. Com Vandico D’Oxóssi, na baiana Jequié, tornou-se Eduardo D’Oxóssi, o mais conhecido babalorixá de Juiz de Fora. “Tomei um Bori, iniciação ao Candomblé, e depois o Orô, que é quando raspamos a cabeça. Foi Vandico quem me deu a ‘mão de faca’, que é a permissão para fazer as obrigações do Exu (orixá que liga o mundo espiritual ao material), e a ‘mão de fogo’, que é para poder queimar a fundanga (queima de pólvora usada para afastar energias negativas)”, explica o homem alto, negro, de voz firme, diante de uma peneira com seu jogo de búzios, na sala ornada com santos e pinturas, no alto de um edifício da Rua Halfeld.

Com a permissão para abrir seu próprio terreiro e fazer suas consultas de búzios, Eduardo retornou à Juiz de Fora. “Voltei sem a mínima condição de alugar uma casa. Um senhor me emprestou um imóvel, e lá comecei a fazer sessões. Dormíamos, eu e minha mulher, em uma cama de solteiro, meu filho, em um berço. No dia das sessões, apertávamos tudo para fazer o batuque no quarto”, conta. Um dia, o tal senhor lhe procurou com um problema e, após a resolução, resolveu lhe doar um terreno, no Parque Independência. Pouco a pouco, e com a ajuda de empresários que o procuravam para consultas e depois retornavam lhe presenteando como prova de gratidão, construiu no lugar sua casa e seu terreiro. “Minha religião não está na moda, não fecha um botequim e abre um terreiro. Historicamente, ela é perseguida, por ser uma religião de negros e escravos. Deus e os orixás são os que, às vezes, me presentearam e me blindaram”, afirma. “Dentro do meu terreiro, frequentam minha esposa e meus filhos, um deles toca o atabaque. Se eu praticasse algo de mal, você acha que envolveria minha família?”, indaga o marido de Viviane, pai de Eduarda, 10, Arthur, 12 e Matheus, 20. Suas consultas, ele faz próprio espaço, mas também por internet ou telefone, para estrangeiros e brasileiros que moram longe. “Um dos meus consulentes mora no Japão. Ele tem uma rede de restaurantes lá, não fala português, mas a esposa brasileira intermedia nossas conversas. Tenho também na Itália e na França”, enumera.

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Bem articulado, Eduardo fala italiano e francês. “Quando as pessoas me procuram com um problema fisiológico, falo para marcar um médico. Mas tem casos que são espirituais. Há algo além da nossa matéria, acima das nossas cabeças. Pai de santo não é mágico, é um conhecedor de uma religião de matriz africana, que existiu há 422 anos antes de Cristo”, diz, enfático. Num álbum, registra consulentes ilustres, como o Presidente Itamar Franco, homem que o inspirou a entrar na política. Em 2000, filiou-se ao Partido Verde (PV) – “o objetivo era representar meu segmento”, comenta – e foi assessor do deputado federal Antônio Roberto por quase oito anos. “Representava o mandato dele em toda a Zona da Mata e articulava todos os terreiros de umbanda e candomblé dentro do estado. Hoje tenho trânsito político em 75% dos terreiros de Minas”, pontua. Em 2015, Eduardo vai compor o gabinete do deputado federal sub-tenente Gonzaga, do PDT e ex-PV. Mas não é aí que está expressa sua prosperidade. “Comecei a gostar de construção. Hoje possuo 60 casas alugadas e, no Parque Independência, construí 40 outras casas, que estão em fase de acabamento. Minha vida mudou muito”, diz, sorrindo. Atualmente ele mantém um contrato com a editora Abril para anunciar em revistas de grande circulação, como “Viva”, “Ti-ti-ti”, “Veja Rio”, “Veja São Paulo”, e muitas outras publicações, que, no total, somam cerca de 2,5 milhões de leitores semanais. Com a benção dos orixás, o filho de Oxóssi nem precisa jogar os búzios para prever um novo ano ainda mais próspero.

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