Juiz de Fora recebe esta semana espetáculos da “Trilogia em Dança-Tragédia”, coreografados e dirigidos pelo juiz-forano René Loui. A produção é organizada pelo Coletivo Independente de Artistas (CIDA) do Rio Grande do Norte e leva para os palcos “Corpos turvos”, “Reino dos bichos e dos animais, Esse é o Meu Nome” e “Insanos e beija-flores a dois metros do chão”. A programação faz parte do Ocupa Dança 2024, e tematiza as dificuldades enfrentadas por grupos sociais marginalizados. Além disso, os espetáculos também abordam as complexidades do existir e os conflitos internos dos personagens, questionando os problemas vividos nos três diferentes atos. As peças acontecem nesta quarta-feira (28) e na quinta-feira (29), no Cine-Theatro Central, com distribuição de ingressos gratuitos na bilheteria do teatro.
O CIDA chega à cidade com curta temporada, mas com objetivo de questionar marcadores sociais e fazer críticas sociais sobre as complexidades de existir. A programação de “Trilogia em Dança-Tragédia” começa com “Corpos Turvos” e “Reino dos Bichos e dos Animais, Esse é o Meu Nome” fazem parte do primeiro dia de apresentação, às 19h. Em seguida, “Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão” encerra a trilogia, na quinta-feira, às 20h. Todas as sessões contam com Libras e audiodescrição.
As apresentações foram criadas pelo coreógrafo René Loui, com interlocução dramatúrgica de Jussara Belchior e elenco formado por nomes que são referências para as artes cênicas do Rio Grande do Norte (como Ana Cláudia Viana, Jânia Santos, Marconi Araujo, Pablo Vieira, René Loui e Rozeane Oliveira). Já a criação cênica sequenciada acessível teve sua pesquisa iniciada no ano de 2019 a partir de uma Residência Artística na Odisha Biennale, na Índia. Os espetáculos foram contemplados pelo Prêmio Funarte – Dança Acessível 2021, Prêmio Sesc de Artes Cênicas 2022, Prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro 2022 e Sesc Pulsar 2023.
Na sexta-feira (30), às 19h, o coletivo participa de um debate no Teatro Paschoal Carlos Magno aberto ao público geral. O Ocupa Dança 2024 é uma proposta do Fórum de Dança para celebrar a dança e a arte em Juiz de Fora, e inclui mostras de dança e videodança, espetáculos com convidados especiais, oficinas, performances, criação artística, exposições, bailes e seminários em sua programação. O objetivo é enriquecer a vida cultural da cidade e proporcionar trocas para a comunidade artística.
Saiba mais sobre os espetáculos da “Trilogia em Dança-Tragédia”
A “Trilogia em Dança-Tragédia” coloca em foco a “estigmatização, desumanização, extermínio e invisibilidade das pessoas pretas, de toda comunidade LGBTQIAPN+, pessoas com transtornos mentais, pessoas com deficiência, mulheres, dos povos originários e pessoas que vivem e/ou convivem com o HIV ou AIDS”. De acordo com o coletivo, em “Corpos Turvos”, é abordada a urgência da sobrevivência e um pedido por empatia com todos os corpos. “Corpos Turvos inaugura uma criação que pensa coreograficamente de modo a não excluir a pessoa com deficiência, contrariamente, se constrói a partir das possibilidades de cada corpo que dança”, afirma o coletivo, em nota.
Já “Reino dos bichos e dos animais, esse é o meu nome” é livremente inspirada nas poesias de Stella do Patrocínio, uma mulher preta que viveu por quase 30 anos em ambiente manicomial. A peça busca discutir o que pode ou não ser considerado dança e teatro. “Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão”, que encerra a trilogia, traz uma obra autobiográfica, que foi livremente inspirada em fatos reais.” A obra narra as perspectivas de seis diferentes indivíduos que vivem há sete anos encarcerados no porão de uma casa conhecida como Hospício da Praia Vermelha”, esclarece o coletivo. O espetáculo traz como referência a vida e obra de Arthur Bispo do Rosário, um artista plástico nordestino.
Conheça René Loui
René Loui nasceu em Juiz de Fora, mas reside em Natal, no Rio Grande do Norte. Ele é bacharel em Artes e Design pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Também é um dos fundadores do Coletivo CIDA, gestor do Espaço Cultural Casa Tomada e diretor do Festival Casa Tomada. Seu trabalho é de um artista multidisciplinar, e já foi reconhecido nacional e internacionalmente através das 20 criações cênicas já realizadas e da participação em mais de 10 residências artísticas. Atualmente dedica-se à obra literária intitulada “Dança-Tragédia”, que aborda os processos criativos e a metodologia autoral homônima aplicada em suas obras.