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Cris Carcará, nascido em JF, ganha troféu de Melhor Violeiro

Cris Carcara Divulgacao
Cris Carcara
Segundo o artista, vencer o troféu é como um sinal de que a música é seu caminho e a viola, quem sabe, é seu instrumento (Foto: Thiago Wierman/ Divulgação)
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Cris Carcará quase não se inscreveu no Festival de Viola de Piacatuba, deste ano. O músico não se considerava “violeiro o suficiente” para estar no meio de outros tantos que dedicam sua vida à viola. Apesar disso, ele se inscreveu, muito por causa da insistência de sua esposa. E, no fim das contas, ganhou o troféu de Melhor Violeiro, na última sexta-feira (25), quando a competição aconteceu. Dias depois, ele segue emocionado: “Foi um tempo muito curto entre eu ter falado que não era violeiro o suficiente para me inscrever e, agora, vejo esse troféu aqui na frente, escrito ‘Melhor Violeiro'”.

O evento, em sua 18ª edição, elegeu os melhores intérpretes, as melhores composições e o melhor violeiro. A canção “Resistência Severina”, de Fabrício Manca, ficou em primeiro lugar, seguida da “Décima do cantador”, de Raffael Silva Lopes, em segundo, e “Capoeirão”, de Ricardo Aguiar Campos, em terceiro. Enquanto Walter Lage foi considerado o melhor intérprete da noite. “Mas, para mim, o troféu que ganhei é o mais significativo, até porque é um festival de viola, né?”, brinca.

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Cris tem, em sua certidão, Juiz de Fora como cidade de origem, mas conta que só nasceu aqui e logo voltou para Santos Dumont, cidade de sua família. Hoje, ele mora em Descoberto. Mas, ainda assim, pode-se dizer que o lugar onde ele se desenvolveu mesmo como músico foi em Juiz de Fora, além de ter cursado Filosofia. Foi em terras juiz-foranas, por exemplo, que ele produziu seu primeiro disco, o “Não deixe o blues acabar”, de 2011, tendo como principal foco o blues.

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Há cerca de um ano, Cris dava aula na cidade de Liberdade. Passava a noite na casa de um amigo quando tinha que lecionar, porque ia e voltava para Descoberto. Em uma dessas noites, o irmão de seu amigo chegou com uma viola em casa. Cris, como já tinha afinidade com a guitarra, pegou o instrumento e, de maneira intuitiva, tocou alguns blues. Foi uma brincadeira, mas que, na hora, quem estava em volta percebeu que ele levava jeito. “Eu achei interessante, mas não estava botando muita fé. O irmão do meu amigo começou a me incentivar a comprar a viola e praticar. Eu não achava que tinha capacidade, mas achei bonito. Eles me falaram tanto que dava certo que comprei minha própria viola. Isso faz exatamente dez meses, inclusive terminei de pagá-la esses dias”, brinca.

A viola ficou lá. Ele pegava, às vezes, e praticava, mas sempre foi intuitivo. Quando começaram as inscrições do festival, também não acreditou que fosse possível. “Eu me perguntava o que eu, que estava começando com o instrumento, ia fazer no meio desse povo”. Sua esposa leu o edital e o incentivou. Para concorrer, ele pegou a música de seu primeiro disco, “Blues do cangaço”, e fez uma versão para viola. “Eu fiz cerca de umas 15 versões até chegar na que eu achei boa. Quando eu vi meu nome entre os 15 selecionados para apresentar, já comecei a ficar emocionado.”

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Cris já teve algumas formações de bandas, mas, no momento, estava sem grupo. Ele decidiu que iria se apresentar sozinho mesmo. “Eu queria passar também uma coisa de ‘bluseiro’ solitário. O foco ia ser a viola.Fui já pensando que, se fosse ganhador, seria nas categorias individuais. Então eu investi mesmo na viola e ensaiei muito. Acho que ir sozinho até me ajudou, porque eu fui o único, acredita. Ele emenda: “Aliás, não estava sozinho. Meus amigos estavam na plateia e torceram muito por mim. Senti Deus comigo também”.

Depois de sua apresentação, Cris conta que não estava tão confiante, mas, fora do palco, ainda com a viola na mão, foi recebendo pessoas que falavam que ele tinha, sim, chance de estar entre os ganhadores. “Até um outro concorrente me chamou de violeiro e aí eu passei a acreditar”. Quando foi chamado ao palco como o melhor violeiro do festival quase não acreditou. “Aliás, eu ainda não estou acreditando e, quando lembro, ainda choro.”

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Para ele, esse troféu é como um sinal de que a música é seu caminho e a viola, quem sabe, é seu instrumento. “Foi um recomeço para mim. Tem muito tempo que eu não faço shows. Eu toco mais em sala de aula. mas talvez seja um sinal para voltar. A vida de músico é um turbilhão de emoções”. Agora, com o título de violeiro, ele confessa que pensa até em, futuramente, lançar seu quinto disco com a viola como protagonista. “Mas, por enquanto, estou só curtindo o momento.”

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