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Movimento Samba das Mulheres comemora um ano na praça de Santa Luzia

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Para a comemoração do aniversário, a organização ressalta que todos são bem-vindos para se divertir na roda de samba (Foto: Divulgação/Movimento Samba das Mulheres)

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Para a comemoração do aniversário, a organização ressalta que todos são bem-vindos para se divertir na roda de samba (Foto: Divulgação/Movimento Samba das Mulheres)
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Neste sábado (29), às 17h, o Movimento Samba das Mulheres completa um ano de existência em Juiz de Fora. A comemoração vai ser feita na praça de Santa Luzia e aberta para todo o público. São mais de quarenta mulheres tocando na roda, dentre elas as que tocam, cantam e que estão ainda aprendendo. O repertório que vai ser apresentado na data, assim como nas outras ocasiões, dá preferência às grandes damas do samba e também valoriza o local em que a roda vai acontecer, que é considerado de grande importância para a história do samba em Juiz de Fora.

O que atrai na praça, para Andréa Mello, uma das produtoras do movimento, é justamente que ela é feita para todo mundo estar lá junto. Em sua experiência, conta que vê chegarem por lá mulheres de todos os bairros e que, tocando, se esquecem até dos próprios problemas e se incentivam mutuamente a continuar, valorizando os feitos de cada uma. Este é o diferencial: “Essa coisa da roda, quando você olha, não tem início nem fim. Não tem a melhor e a pior, a que é mais e a que é menos. Todas somos iguais. Essa horizontalidade é muito bacana, e é algo antigo na roda, é algo muito importante para nós. Também mostra que não estamos sozinhas, estamos juntas”, diz. E acrescenta: “O que mais me chama a atenção é a felicidade que eu vejo nas mulheres que são visibilizadas, que são trazidas pra luz e reconhecidas. Eu vejo que o que mais chama a atenção no movimento, na minha opinião, é essa valorização e esse incentivo”.

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É por isso que, na comemoração, ela explica que todos são bem-vindos. “Queremos que a comunidade venha e se divirta com a nossa roda”, explica. Antes de chegar, o grupo fez uma pesquisa sobre a praça e o bairro, e constatou que Santa Luzia, que antigamente chamava Cachoeirinha, é considerado um “reduto do samba raiz”. Explica que é de lá que vieram os Bacharéis do Samba, o primeiro grupo de samba de JF que ano que vem completa 50 anos de formação. É de lá também Dudu Costa e o Bar da Laje, que foi fundado por uma mulher e abriga o samba raiz há anos. “É um bairro no qual temos a honra de tocar, por sua história e seus feitos no samba”, afirma. Antes mesmo da roda acontecer, afirma que já tem pessoas da comunidade ajudando, e que os comerciantes e a associação dos moradores estão apoiando. “Isso que é o bacana: a gente já chegar abraçado pela comunidade, e poder dar o retorno na forma de diversão, cultura e arte para aquela comunidade”, diz.

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No aniversário de um ano do Movimento, ela ainda se surpreende com o crescimento que está testemunhando. “Eu sinto que ele foi pro mundo, está criando braços e pernas. Eu não imaginava que fosse se transformar da maneira que vem crescendo. O movimento tem sido um grande aprendizado pra todas nós, no primeiro momento achávamos que íamos chegar, sentar, tocar e ir embora, mas não foi nada disso”, explica. A principal mudança vem desde o primeiro Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba, que foi realizado em 2018. Foi um marco inicial para essa mudança. Vimos vários grupos, várias mulheres, vários projetos, várias oficinas.

Samba em construção para todas

Quando olha para a roda, Andrea enxerga o que construíram e o que ainda podem construir. Explica que é uma democracia se desenvolvendo ali. “Quando a gente olha pra roda, ainda não vejo todas as mulheres lá, ainda faltam as mulheres cadeirantes, as mulheres com deficiência, as mulheres surdas, as mulheres cegas. As mulheres trans também. E quantas outras mulheres que ainda vamos descobrir que ainda não estão conseguindo ou não estão podendo chegar até lá. A gente quer olhar para essas mulheres e criar as condições para elas estarem ali”, explica. Nesse sentido, diz que uma das necessidades é a presença de voluntárias para traduzirem libras e também para brincarem com crianças, permitindo que mais mulheres também possam estar lá.

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Passando no ‘Murilão’ (Programa Cultural Murilo Mendes da Prefeitura de Juiz de Fora), ela enxerga que foi possível estruturar mais a roda, tanto em questões técnicas de som como também com banheiros químicos adaptados para mulheres cadeirantes ou com deficiência física, que assim podem ser melhor acolhidas. A mudança, no entanto, só vai acontecer durante cinco rodas e, depois, precisam novamente criar meios de possibilitar que isso ocorra novamente. “Pretendemos, nos próximos anos, conseguir ter uma estrutura. Precisamos de parcerias, para que empresas nos apoiem financeiramente para que a gente consiga continuar”, revela, a respeito dos próximos passos.

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