A Fundação Museu Mariano Procópio (Mapro) ainda desconhece o próximo diretor-superintendente. Ao menos desde 29 de janeiro, a prefeita Margarida Salomão (PT) tem em sua posse a lista tríplice elaborada pelo Conselho dos Amigos do Museu, mas mantém o diretor-superintendente Antônio Carlos Duarte, nomeado ainda pelo ex-prefeito Bruno Siqueira quando reeleito. Além da Emcasa, o Mapro é o único órgão das administrações direta e indireta sem um titular nomeado por Margarida. Porém, a indecisão, na verdade, estaria relacionada a uma reforma estrutural que o Executivo planeja para a fundação.
A intenção de Margarida, segundo interlocutores, seria encaminhar um projeto de lei com a nova estrutura administrativa do Mapro à Câmara Municipal de Juiz de Fora no próximo período legislativo, que começa apenas em 16 de março. Ainda que garantam que o Mapro não será incorporado à Funalfa como planejava o ex-prefeito Antônio Almas, por exemplo, não há detalhes sobre a proposta. Atualmente, o Mapro é estruturado nos departamentos de Acervo Técnico e Ações Culturais; Planejamentos, Parcerias e Fomento; Parque e Edificações; e Execução Instrumental. Além disso, o organograma da fundação tem os conselhos Técnico e de Administração.
Inclusive, desde 1º de janeiro, três das quatro chefias de departamento do Mapro estão vagas, além de nove supervisões. Na ocasião, Alexandre Fonseca de Castro, gerente de Parque e Edificações, Manoel Denezine Tavares, de Execução Instrumental, e Sergio Eduardo Evangelista dos Santos, de Acervo Técnico e Ações Culturais, foram exonerados, de acordo com o registrado pelo Diário Oficial Eletrônico do Município. Nenhum servidor foi nomeado para substituir tanto os gerentes quanto os servidores. Diante das circunstâncias, há quem já considere dois meses de gestão perdidos, uma vez que os problemas da fundação são graves _ o Museu Mariano Procópio está fechado desde 2008.
Questionado pela Tribuna, o presidente do Conselho dos Amigos do Museu, Carlos Eduardo Paletta Guedes, afirma que o colegiado já cumpriu o próprio papel institucional. “O nosso papel institucional era entregar a lista tríplice dentro do prazo. Respeitamos o tempo da prefeita, principalmente entendendo o contexto em que o foco natural seja a pandemia. Mas aguardamos ansiosamente a nomeação.” A respeito da reforma estrutural, Carlos Eduardo diz que nada foi informado ou encaminhado ao Conselho. “Acreditamos que qualquer medida deve contar com o diálogo direto com o Conselho, que não pode ser mero coadjuvante, dadas as suas atribuições institucionais e a sua responsabilidade histórica.”
A legislação do Mapro, por exemplo, não determina um prazo para que o prefeito nomeie o diretor-superintendente, “permanecendo o atual ocupante do cargo em pleno exercício de suas funções até a escolha de seu sucessor”. A ausência de prazo, aliás, foi apontada pela própria Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) em nota encaminhada à Tribuna após ser questionada sobre a situação. “Reconhecemos a importância de agilizar o processo sucessório e informamos que a demanda é avaliada com especial atenção, por tratar-se de um dos mais representativos bens geridos pelo Município. Essa preocupação, associada ao fato de estarmos em um complexo processo de instalação da nova gestão, tem impedido maior celeridade na escolha do nome do novo diretor.”
Os indicados pelo Conselho
A lista tríplice elaborada pelo Conselho dos Amigos do Museu é composta pelo ex-diretor-superintendente do Mapro Douglas Fasolato (ocupou o cargo entre 2009 e 2017), pela museóloga Alice Colucci (a única que não é membro do colegiado) e pela historiadora, bibliotecária e arquivista Maria Lúcia Ludolf de Mello. Há conselheiros que acreditam que a escolha de Margarida deve provavelmente ficar entre Fasolato e Alice, já que Maria Lúcia não seria alinhada ideologicamente à prefeita. O nome dela teria sido escolhido para completar os três necessários para o instrumento.
Alice é representante de Juiz de Fora e Região no Sistema Estadual de Museus de Minas (Semmg). Entre 2004 e 2013, trabalhou na Assessoria de Programação e Acompanhamento do próprio Museu Mariano Procópio, em que também desempenhou a função de assistente de produção. Em 2018, ajudou a implantar, em Matias Barbosa, sua cidade natal, o Memorial Histórico e Cultural do Legislativo Municipal. Alice é graduada em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Douglas, por sua vez, é coordenador geral de Museus da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado de Rio de Janeiro (Funarj), na qual também é diretor da Casa da Marquesa de Santos – Museu da Moda Brasileira. Foi conselheiro do Conselho Municipal de Cultura (Concult) entre 2011 e 2017, e do Conselho de Estado de Políticas Culturais do Rio de Janeiro entre 2019 e 2020. Douglas é graduado em direito pelas Faculdades Integradas Vianna Júnior e mestre em memória e acervos pela Fundação Casa Rui Barbosa.
Já Maria Lúcia, aposentada, trabalhou entre 1974 e 2002 na Fundação Casa Rui Barbosa, Rio de Janeiro. Lá, entre 1985 e 2002, foi chefe do Arquivo Histórico do Centro de Documentação, e, entre 1997 e 2002, ocupou cargo de comissão de chefia do Arquivo Histórico e Administrativo. Maria Lúcia é graduada em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e, também, em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade de Santa Úrsula, Rio de Janeiro. Além disso, é pós-graduada em Estudos Ultramarinos pela Universidade Técnica de Lisboa.
Embora permaneça na superintendência enquanto Margarida não escolhe o sucessor, o arquiteto Antônio Carlos Duarte abriu mão de ser indicado pelo Conselho dos Amigos à recondução ao cargo. À reportagem, o diretor confirmou que renunciou à possibilidade de integrar a lista tríplice, sem entrar em detalhes. Apesar de estar na fundação desde 2017, ele já havia sido titular do Mapro entre 1997 e 2004.