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Cinemas permanecem fechados mesmo com cidade na onda verde

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As 18 salas de cinema de Juiz de Fora permanecem fechadas esta semana, mesmo com o decreto publicado pela Prefeitura no último sábado (24), determinando a passagem da cidade para a onda verde do programa Minas Consciente. A nova determinação libera o funcionamento dos cinemas, desde que seguindo espaçamento de dez metros quadrados por indivíduo em ambientes fechados, segundo orientação do programa estadual. O regramento, de acordo com gestores ouvidos pela Tribuna, inviabiliza a operação tanto das salas, quanto dos equipamentos culturais com plateia, já que reduz drasticamente o público.

“Algumas cidades, quando liberaram o decreto, colocaram regras específicas para cinema. Em Juiz de Fora não teve isso e temos que seguir o protocolo do Minas Consciente, que fala que esse tipo de evento deve ter uma pessoa a cada dez metros quadrados, e sem poder colocar pessoas da mesma família lado a lado”, lamenta a responsável pelo departamento de marketing da rede Cinemais, Brunna Costa. “Nas outras cidades tivemos uma redução da nossa capacidade. É inevitável e precisamos respeitar o distanciamento, mas essa distância é muito grande e torna inviável o funcionamento.”

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Com dez cinemas em nove cidades, o Cinemais reabriu as salas da mineira Ituiutaba, que também se encontra na onda verde do programa. No decreto de 16 de outubro, que dispõe sobre a nova onda na cidade, a Prefeitura de Ituiutaba estabelece que atividades artísticas, criativas e de espetáculos, incluindo os cinemas, devem ter a capacidade reduzida pela metade, observando distanciamento de dois metros entre cadeiras. Questionada sobre a possibilidade de Juiz de Fora agir de maneira semelhante, a assessoria de imprensa da PJF explicou que o município não possui autonomia para flexibilizar o programa do estado de maneira a conferir maiores permissões. É possível restringir ainda mais, mas não o inverso.

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Determinação para que salas funcionem somente com espaçamento de dez metros quadrados por indivíduo, segundo exibidores, inviabiliza operação. (Foto: Felipe Couri/Arquivo TM)

Sinal vermelho para os cinemas
Já diminutas, as duas salas do Cine Minas, no Santa Cruz Shopping, possuem cerca de 150 metros quadrados e menos de 150 lugares. De acordo com seu proprietário, Fernando Costa Júnior, a obrigatoriedade do espaçamento de 10 metros quadrados por indivíduo reduziria a capacidade da sala a menos de 15 pessoas por sessão. “Esse tipo de exigência é inviável. Não temos condições de acatar. Para viabilizar tem que haver um mínimo, que não chega nessas condições”, pontua o empresário, apontando, ainda, que a própria negociação com as distribuidoras também fica comprometida com perspectivas tão baixas de público. Há mais de sete meses fechadas, as salas de cinema da cidade acumulam um prejuízo histórico.

Na também diminuta equipe liderada por Fernando Costa Júnior não houve desligamento desde o início da pandemia, mas o sinal de alerta está ligado. “Esperávamos que fosse passar mais rápido. Não tenho força emocional para dispensar essas pessoas. Espero dias melhores”, aposta o dono do resistente cinema, único no Centro de Juiz de Fora, e que no próximo ano comemora 20 anos de trajetória. “Parar por sete meses tem um impacto muito grande em todos os nossos setores”, assevera Brunna Costa, do Cinemais, sem revelar números referentes a desligamentos, mas garantindo o tamanho da rede. “Ainda não tivemos que fechar nenhuma sala e isso não está nos nossos planos. Temos a expectativa de reabrir todas as salas. Se dependesse de nós, reabriremos todos os cinemas o quanto antes”, assegura a responsável pelo departamento de marketing. “Agora optamos não reabrir, mas estudamos possibilidades”, diz.

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Em Uberlândia, onde fica a sede administrativa da rede Cinemais, existe o projeto de inaugurar um drive-in fixo. “Nesse período de pandemia abrimos drive-ins em Lorena e Montes Claros, por um período apenas. Foi uma experiência que teve participação, mas como o custo é muito alto optamos por ser temporário”, explica Brunna, acenando para os aprendizados trazidos com a pandemia. Nas cidades onde a rede reabriu seus cinemas, o encorajamento do público, conta, tem se mostrado crescente. O rigor com protocolo de higiene são fundamentais para isso. Carro-chefe da campanha de reabertura do UCI Cinemas, o informativo sobre a segurança dos espectadores envolve obrigatoriedade do uso de máscaras, disponibilização de álcool gel e preferência às compras on-line, bem como purificação do ar das salas. Indagada sobre a previsão de reabertura das cinco salas da rede no Independência Shopping, a assessoria de imprensa do UCI não retornou o contato. Informações do shopping, no entanto, dão conta de que ainda não há data definida.

Programação morna
Enquanto pouco a pouco os cinemas do país vão reabrindo, as distribuidoras vão remarcando suas estreias, esfriando a agenda de lançamentos de 2020 e aquecendo a do ano que vem. Esta semana encontram-se em cartaz na rede UCI Cinemas um festival dedicado ao cineasta Christopher Nolan, com o novíssimo “Tenet”, o premiado “Dunkirk” e outras produções de sucesso, a animação “É doce!”, o infantil “Cães e gatos 3” e o aguardado “Os Novos Mutantes”. O filme de fantasia sobre os heróis mutantes também está em exibição na rede Cinemais, junto de “Scooby – O filme” e “Tenet”, o mais recente filme de Nolan, lançado durante a pandemia. “Grandes filmes de grandes empresas exibidoras já foram remarcados para o ano que vem, mas temos expectativa para esse ano, ainda. ‘Mulher Maravilha’, por exemplo, ainda não foi remarcado e permanece este ano”, aponta Brunna Costa, do Cinemais. Entre os longas adiados estão a live-action da Disney “Mulan”, o novo de James Bond, “007 – Sem tempo para morrer”, o brasileiro “A menina que matou os pais”, sobre o Caso Richthofen, e “Velozes e furiosos 9”.

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Equipamentos culturais públicos seguem fechados
A onda verde também não impactou, ao menos em sua primeira semana, a agenda cultural de Juiz de Fora, já que os principais equipamentos públicos seguem fechados, ainda que com a liberação da PJF para funcionarem. De acordo com a assessoria de imprensa da Funalfa, ainda não há previsão de reabertura dos equipamentos culturais administrados pelo órgão. A fundação estuda protocolos específicos para seus espaços, seguindo as orientações do Minas Consciente, o que deve ser divulgado nas próximas semanas.

Já a UFJF, que tem autonomia destacada no decreto municipal, afirma ter relacionado diferentes protocolos e sujeitado aos conselhos da instituição dois pedidos de reabertura. Um deles busca reabrir o Museu de Arte Murilo Mendes no dia 10 de dezembro. O outro, solicita a reabertura do Cine-Theatro Central para o dia 23 de novembro, apenas para o projeto Palco Central, para que artistas e técnicos possam utilizar as instalações da casa para gravar suas apresentações, sem público.

Central pode reabrir em novembro, mas apenas para gravação de apresentações, sem público. (Foto: Fernando Priamo)

A reabertura parcial do Central é fundamental para atender o edital Janelas Abertas, publicado pela Pró-Reitoria de Cultura da UFJF e cujas inscrições terminaram nesta segunda (26). O mecanismo de apoio à classe artística durante a pandemia previa a possibilidade de utilização do teatro para gravações de espetáculos. De acordo com Valéria Faria, pró-reitora de Cultura da UFJF, os pedidos de reabertura levam em conta modalidades capazes de garantir segurança e pequeno fluxo de pessoas. O Jardim Botânico, segundo ela, por envolver grande número de estudantes como monitores, torna-se, assim, inviável no momento. “Nenhum auditório será reaberto”, garante Valéria, para em seguida concluir: “Eventos com público não têm previsão de serem retomados, por enquanto”.

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