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A força da formação em cinema em Juiz de Fora

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Passam as casas modernistas, os azulejos com pombas brancas e azuis de Anísio Medeiros no Educandário Dom Silvério, a ponte de entrada da cidade com vista para o Clube do Remo. Passa uma Cataguases inteira sobre os olhos de Carmem e também do espectador de “Minha mãe chamava Tereza”, dirigido por Mariana Medeiros. Emocionante, sobretudo, para os que conhecem a cidade na Zona da Mata mineira, e também para aqueles que transferem para aquela Cataguases suas mais genuínas raízes. Memórias são memórias independentemente de onde pisam.

E os olhos se enchem de lágrimas não apenas comovido com a atuação da experiente Soraya Ravenle, mas por um roteiro capaz de compreender os silêncios como os mais verborrágicos versos. Cuidadoso do início ao fim e sem excessos, o preciso curta-metragem de 17 minutos que encerrou o terceiro dia da Mostra Competitiva Regional do Festival Primeiro Plano, na quinta (26), sintetiza uma sessão cuja uniformidade foi capaz de apontar para o alto nível formado pelo cinema local, justificado tanto pela potência de sua escola quanto dos novos mecanismos de financiamento disponíveis.

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Realizado no Projeto Usina Criativa de Cinema de 2017, que tem apoiado jovens cineastas da região do Polo Audiovisual da Zona da Mata em suas produções, o filme conta a história de uma mulher cuja morte da mãe, Tereza, a faz ser confrontada com o passado que há décadas deixou para trás. Extremamente palatável, “Minha mãe chamava Tereza” equilibra-se entre o cinema autoral e popular, na medida em que faz escolhas que o tornam sensível, poético e, acima de tudo, acessível.

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“14º”, de Ingryd Lamas, em seus dois minutos também vai fundo. Protagonizado por Tairone Vale, o filme baseado num conto do editor da Tribuna e escritor Wendell Guiducci narra impressões profissionais de um ascensorista enquanto o elevador sobe 14 andares. Preciso, transfere para a telona o mesmo poder de síntese, ironia e leveza do texto literário. Absolutamente independente, divide com “Parcialmente nublado”, de Gabriel Souza e Ivan Santaella, a experiência da produção sem verbas, mas com uma equipe afinada, comprometida e criativa. Realizado para a disciplina Som e montagem/edição: teoria e prática, do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da UFJF, o curta de 12 minutos impressiona pela destreza com que elabora iluminação e som (direto e indireto) a partir de poucos recursos.

Na história entre o humor e o drama, Caio se vê diante de uma síndica irritante, a fome que aperta e o apartamento sem luz. Lado a lado com a resolução de seus problemas, o jovem mostra-se confuso e perdido. Diferentemente de Caio, estão Laura e Lúcia, mulheres bem resolvidas que se encontram ao acaso e decidem tomar uma cerveja, no curta “Filé”, de Natália Reis. Contemplado no edital do Prêmio BDMG Cultural/ Fundação Clóvis Salgado de Estímulo ao curta-metragem de baixo orçamento de 2015, o filme reserva uma das mais belas cenas da sessão regional, com as protagonistas bailando num bar da parte baixa da cidade ao som de “Maria Magdalena (I’ll never be)”, da cantora alemã de discotecas Sandra.

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Nova escola

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Simpático e colorido, o curta-metragem “Vitrine”, de Caio Parizi, demonstra os novos domínios de uma UFJF que, nos primórdios do Festival Primeiro Plano, abastecia a cena com documentários, em sua maioria, depois ficções e, agora, também com animações. Trabalho de conclusão de curso do Bacharelado em Cinema e Audiovisual de Caio, a produção retrata a relação de dois seres através de uma vitrine, num gráfico bastante arrojado.

Igualmente cuidadoso, “Maria Cachoeira”, de Pedro Carcereri, retira do perfil de improvisação e precariedade ao qual é submetido o cinema de gênero e lhe confere sofisticação no trabalho que conta com financiamento da Lei Murilo Mendes e narra a misteriosa relação entre uma mulher e uma cachoeira. Abordando outra relação, do homem com a tecnologia, “Love.app”, de Diogo D’Melo, por fim, opta pela linguagem documental para questionar aspectos negativos e positivos do uso de aplicativos amorosos.

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