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Teatro Paschoal Carlos Magno recebe o show ‘Para Lennon & McCartney – os Beatles e o Clube da Esquina’

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Para os idealizadores do show, a ideia é pegar uma música do Clube da Esquina e ver qual música dos Beatles serviu para inspirá-la e tentar fazer essa conexão (FOTO: Gustavo Stephan/Divulgação)
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O assunto é místico. Envolve tanta coisa que fica difícil resumir em palavras o que significa apresentar um show que mescla os Beatles com o Clube da Esquina. João Freire, um dos integrantes da banda que apresenta o espetáculo “Para Lennon & McCartney – os Beatles e o Clube da Esquina”, dá a letra: “É difícil descrever, a gente fala, fala, fala, e não consegue descrever tudo”. O jeito é, então, embarcar em uma viagem que ultrapassa o oceano: da América do Sul para a Europa; de Minas Gerais para Liverpool; das ruas Paraisópolis e Divinópolis para a Abbey Road. Neste sábado (30), o Teatro Paschoal Carlos Magno recebe a apresentação deste show, a partir das 20h. Os ingressos podem ser adquiridos no link.

O assunto é místico porque envolve, basicamente, uma conspiração do universo que desaguou em uma união que deu fruto a um clube do clube. Foi Sérgio Sansão quem encabeçou o projeto. Foi ele o responsável-primeiro por dar o passo responsável pela conspiração. Ele, que se considera igualmente mineiro e carioca, estava viajando, em uma serra, ouvindo o repertório do Clube da Esquina, para além do disco que leva o mesmo nome. “Eu pensei que, se tivesse uma experiência que eu queria viver, era essa de tocar esse repertório no palco. Eu estava lendo o livro ‘Os sonhos não envelhecem’, de Márcio Borges, e ficou ainda mais clara a referência do Clube da Esquina nos Beatles. E veio essa ideia de mesclar os dois repertórios”. Ficou nítido que não é um puro achismo perceber semelhanças entre os dois: os mineiros beberam mesmo da música dos britânicos. E, hoje, tudo o que veio na música depois deles, de certa forma, bebe dessa confluência. “O que a gente faz não é uma descoberta, porque isso sempre foi dito. O Márcio falou isso uma vez, em um show nosso que ele participou, que todo mundo sabia que eles se inspiraram nos Beatles, mas que a gente juntou em um espetáculo isso e mostrou na prática a vizinhança, a proximidade, dos Beatles e das músicas deles.”

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“Tantas harmonias do Clube da Esquina encaixam bem com harmonias dos Beatles: às vezes, a levada da música; às vezes, questões harmônicas; às vezes, o tema”, explica Sérgio. “Às vezes, tudo ao mesmo tempo”, completa João. Sérgio desceu a serra e foi contar para um amigo essa ideia que parecia pretensiosa na mesma medida que apropriada. “A primeira pessoa que eu contei foi o Deco Fiori. Eu tinha várias outras ideias, e essa do Clube com os Beatles era a primeira. Eu falei isso e ele nem deixou eu continuar com as outras. Falou que era aquilo. Ficou amarradão. Aos poucos fomos juntando as pessoas”. Foram cerca de três meses de imersão no Clube da Esquina, percebendo os encaixes nos Beatles, pensando em arranjos e, por fim, montando um espetáculo. Eduardo Braga, que Sérgio considera um dos nomes mais importantes para essa realização, foi quem assinou a direção musical.

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O caminho para a mescla

Trata-se de duas bandas com um vasto repertório, de músicas imortais e ainda atuais. Apesar de João ter entrado, primeiro, como roadie e, em seguida, ter passado a compor a banda, ele conta que pensar nesse repertório para o show não foi lá tão difícil. Ainda mais que algumas referências são óbvias, para quem ouve as duas bandas. Ele cita uma das mais clássicas: “Trem azul” e “Something”. Durante um bom tempo, as músicas eram fixas e, aos poucos, outras foram sendo incorporadas, principalmente com o retorno do pós-pandemia. “Às vezes, eu estou trabalhando e do nada tenho uma ideia de um arranjo, e chego em casa e fico malhando para tentar descobrir como faz para um entrar no outro e depois voltar nisso”, assume. E resume: “A ideia é pegar uma música do Clube e vê qual música dos Beatles eles se inspiraram e tentar fazer essa conexão”.

É mesmo como um caminho, como Sérgio aponta: “É tipo assim: a gente está aqui, aí cai a dinâmica, sobe, muda, volta, faz uma nova manobra, volta para a que estava antes. Não é uma regra. Às vezes, a gente faz uma introdução de uma música e toca outra, e depois volta. Às vezes, a gente usa elementos do arranjo de uma tocando a outra. Algumas citações, por exemplo. E a criação do repertório foi toda coletiva mesmo, cada um dando uma ideia e construindo ele”. Como são clássicos da música mundial, não é tão simples assim mexer nas canções e é por isso que, quando a mistura tão flui tão bem, eles nem insistem: seguem no que faz realmente sentido. “A gente tem a nossa maneira de tocar, tem a nossa formação instrumental, coloca o nosso tempero, mas o respeito é muito grande ao original. Então, a gente faz tudo no tom original, por mais difícil que seja”. Na apresentação, além das músicas, eles inserem depoimentos dos músicos que integraram o Clube da Esquina. Inclusive, nos 88 shows que fizeram nesse tempo, em alguns deles contaram com a presença e participação, além de Márcio Borges, de Toninho Horta e Telo Borges.

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Show acontece neste sábado, a partir das 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno (FOTO: Gustavo Stephan/Divulgação)

Um clube de amizade

E subir ao palco com um show desse é uma realização para todo mundo da banda, atualmente formada, além de Sérgio e João, por Deco Fiori, Dudi Baratz, Lourival Franco, Hugo Belfort e Marcelo Vig. É uma realização porque toca em um lugar que eles consideram sagrado que só o Clube da Esquina toca: o lugar do pertencimento e do reconhecimento. “Eu acho que, por eu ser filho de mineiros, algumas coisas que são ditas, que estão nesse disco, tocam, a gente reconhece o que fala ali. O trem, por exemplo, as montanhas. Eu me sinto como mineiro, apesar de não ser”, afirma Sérgio. E João completa: “Além do aspecto geográfico-cultural, que eles tocam muito, tem o aspecto pessoal, que é maravilhoso, todo brasileiro se identifica com isso”. E é isso que justifica eles ficarem por horas falando de histórias que são deles, mas são, principalmente, dos mineiros e do lugar dos Beatles nisso tudo.

“É por isso que eu falo que foi uma felicidade montar, a partir disso, meu próprio Clube da Esquina”, ri Sérgio. “E, às vezes, a gente chora.” João justifica: “É porque tem isso da amizade entre a gente no palco. A gente está tocando uma coisa que é super significativa com pessoas que a gente gosta muito. É melhor ainda”. “A gente não simplesmente toca as músicas, é o clima das músicas. Esse sentido do Clube que é o de aproximar, fazer amizades”, afirma Sérgio que, prontamente, menciona esse algo místico: “E o Clube da Esquina é algo enigmático, é como se passasse por um local que é meio místico, uma coisa elevada. E por isso é mesmo uma responsabilidade. Não é só tocar o acorde certo, é a maneira de tocar o acorde, de fazer uma levada”. E João completa: “É responsabilidade em todos os aspectos: cultural, social, místico, musical, harmônico”.

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Tudo isso é sintetizado no nome escolhido para o show “Para Lennon e McCartney”, a música de Fernando Brant, Lô Borges e Márcio Borges, que deixa explícita a referência dos Beatles no Clube da Esquina. Muito do que Sérgio, João e o resto da turma sabem é porque eles ouviram dos próprios mineiros, sobretudo do Márcio – o que torna tudo mais especial e místico. “Os vários acasos do universo. O misticismo acaba com a gente”, brinca João.

“Para Lennon e McCartney – os Beatles e o Clube da Esquina” já rodou pelo Brasil e eles querem rodar ainda mais. Planejam, inclusive, fazer outros shows em Juiz de Fora, mas, por enquanto, celebram o acontecimento de sábado e os frutos desse show e do próprio Clube. “Aqui é minha outra cidade. O Milton já morou aqui. A gente passou por momentos difíceis. E o show foi sempre um alento. E a gente sempre volta nisso que o Clube tinha essa questão dos vínculos, das amizades, é tão importante quanto tocar, curtir, estar com aquelas pessoas, e a gente retomou isso”, finaliza Sérgio.

 

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