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Mozart Couto ilustra o álbum de quadrinhos Veneno de Deus

mozart couto que ja trabalhou para a marvel e a dc ilustra trama sobre o embate do bem o e mal

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Mozart Couto, que já trabalhou para a Marvel e a DC, ilustra trama sobre o embate do bem o e mal
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Mozart Couto, que já trabalhou para a Marvel e a DC, ilustra trama sobre o embate do bem o e mal

Alexandre Grincenkov tinha um sonho. Fã de histórias em quadrinhos há mais de 30 anos, ele queria publicar sua própria trama, ainda mais se ela fosse desenhada por um de seus artistas preferidos, Mozart Couto. A concretização do seu desejo terá início neste sábado, quando será feito o lançamento do álbum gráfico “Veneno de Deus”, na Taberna Conclave. Mesmo sendo fã de personagens como Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, entre outros, ele preferiu se concentrar em um tema que lhe é caro, a espiritualidade. Ateu convicto até pouco mais de dez anos atrás, ele diz ter passado por uma mudança que o fez acreditar em um poder superior, resultando em um livro sobre o tema, ainda não publicado. A trama, porém, encontrou nova chance através da Nona Arte.

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“A Marvel apresentou em 2003 um concurso para publicar uma história inédita de um novo autor, e resolvi adaptar o livro. Fiz tudo em três dias, mas não consegui concluir a tempo. Foi bom, porque o contrato da Marvel era abusivo, eles ficam com todos os direitos da história. Eu sempre fui fã do Mozart, então resolvi convidá-lo para desenhar a história. Ele topou, mas não tinha tempo devido às outras atividades que tem. Então, quando surgiu a oportunidade, em 2010, ele fez os desenhos”, conta ele, acrescentando ter entrado em contato com todas as principais editoras do país, sem ter resposta – o motivo, para o escritor, seria o interesse apenas em histórias de heróis e mangás. Resolveu, em 2012, apresentar o projeto para a Lei Murilo Mendes, conseguindo a aprovação.

À história, então. Desenhada em preto e branco e com acabamento digital, tudo por conta de Mozart, “Veneno de Deus” é centrada no personagem Eric, preparado por uma ordem maligna com séculos de existência para assumir um papel parecido com o do Anticristo e abrir, assim, as portas da Terra para as criaturas demoníacas. Ele, porém, vai aos poucos mudando de opinião e passa a ter uma visão diferente do mundo, o que o coloca como inimigo dos seus tutores. Essa ordem, surgida ainda no século XIV na Europa, foi criada por um padre alemão que se deixou corromper pelas forças ocultas e atualmente é comandada por um homem chamado Necro.

Eric, ao fugir dos seus mentores, acaba por fixar sua residência em um ponto afastado de Juiz de Fora, cidade que escolheu por ficar praticamente no meio do caminho das três principais cidades do país (Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo). Ele é encontrado pelos seus inimigos, e o município do interior mineiro torna-se palco do confronto final entre as forças do bem e do mal. “O pessoal pode até achar que é parecido com o que é produzido para (o selo) Vertigo (da DC Comics), mas é totalmente diferente do que se vê no mercado”, acrescenta o escritor.

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E foi esse clima de aventura fantástica, com viés “místico-espiritualista” (nas palavras do próprio desenhista), que fez com que Mozart topasse encarar o projeto. “O Alexandre tem uma visão diferente das HQs tradicionais, mesmo com os elementos de aventura, ação, violência e misticismo que podem ser vistos na história. Em um momento, o Eric tem contato com uma força superior e questiona os motivos de ter passado por tudo isso, há essa dualidade do bem e do mal, que é muito interessante. A abordagem da trama não é feita de forma malévola, como costumamos ver em outros quadrinhos, ela vai por uma terceira via, diferente do materialismo e fundamentalismo que observamos no mundo”, opina Mozart.

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Coleção de peso

Além do livro que se transformou em quadrinhos, Alexandre tem romances, poesias e livros infantis prontos, à espera de uma oportunidade com uma editora. Mas a ideia de se tornar roteirista de histórias em quadrinhos vem desde os 6 anos de idade. “A primeira revista que ganhei foi uma do Hulk, do meu pai, quando tinha 4 anos. Já são mais de 30 anos colecionando revistas, principalmente da Marvel e DC, tenho mais de dez mil edições em casa, e 98% delas são de super-heróis. Eu gosto de ler quadrinhos de heróis e europeus, mas na hora de escrever prefiro algo ligado à espiritualidade”, diz ele, fã de escritores e desenhistas – além do próprio Mozart – do porte de Stan Lee, John Buscema e Jack Kirby, criador do personagem que foi a maior inspiração para “Veneno de Deus”, Etrigan.

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Grincenkov espera desenvolver ainda outros dois projetos com Mozart Couto, mas é preciso continuar a lidar com a agenda cheia do desenhista. Além de livros em que ensina técnicas de desenho, ele trabalha com ilustrações para livros em geral e encomendas, e ainda desenvolve projetos em parceria com outros escritores e publicações próprias, por meio da Editora Atomic. Entre seus trabalhos mais recentes, estão a minissérie “Gilvath”, em parceria com Alvimar Pires dos Santos, o álbum “Biocyberdrama”, com Edgar Franco, e as publicações autorais “Prakan”, “Depois da escuridão” e “Os guerreiros de Ha-Kan”.

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Entre a Marvel, DC e Image

Mozart iniciou sua carreira como ilustrador e roteirista em 1979. No final da década de 80, começou a ter material publicado no exterior (Bélgica, França, Alemanha, Dinamarca e Holanda). Ele acabou por participar, ainda, da “invasão” de artistas brasileiros no poderoso mercado norte-americano durante os anos 90, quando Roger Cruz, Mike Deodato e Ed Benes, entre outros, foram contratados pela Marvel, DC Comics, Image, Dark Horse e Valiant.

Trabalhando com Dedodato e Emir Ribeiro, ele teve a oportunidade de mostrar seu traço – em conjunto ou sozinho – para diversos personagens, como Thor, Mulher Maravilha, Gamera, Bishop (dos X-Men), Turok, Glory. Esse período, porém, durou cerca de três anos, apenas, por desejo próprio. “O estilo de desenhar na época não era o meu, diferentemente de quando lia as histórias, estava por fora do mercado norte-americano. Foi bom mesmo assim, me ajudou a descobrir novos caminhos, como o das ilustrações”, diz Mozart, que destaca a influência de vários artistas e escritores na sua carreira, indo dos clássicos Richard Corben, Harold Foster e John Buscema – além do mestre Jack Kirby – até o traço único de Bill Sienkiewicz, sem se esquecer dos europeus Moebius, Manara, brasileiros da linhagem de Flávio Coli e japoneses como Katsuhiro Otomo (“Akira”) e Hiroaki Samura.

VENENO DE DEUS

Lançamento neste sábado, às 14h

Taberna Conclave

(Rua Padre Café 273)

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