
É impossível estabelecer quando a magia do circo foi criada. Tradição que pode remontar há milhares de anos, com os malabaristas chineses, os números circenses na Grécia Antiga ou os artistas que se apresentavam para a nobreza ou pelas ruas na Idade Média, é fato que o circo como conhecemos surgiu no século XVIII, mais exatamente em 1768, quando o inglês Philip Astley ergueu uma lona e sob ela realizou seu espetáculo. Depois de se espalhar pela Europa, a próxima parada foi nos Estados Unidos, no século seguinte, e daí não parou mais e chegou a todo o mundo.
Inclusive o Brasil, ainda no século XIX, o circo acontecia muitas vezes graças aos ciganos que fugiam da perseguição no Velho Continente. Com suas inúmeras atrações, entre trapezistas, equilibristas, números com animais (hoje em dia proibidos por lei) e palhaços, entre outros, o circo faz parte do imaginário popular brasileiro. E todo ano, em 27 de março, é comemorado no país o Dia do Circo, data escolhida por ser a do nascimento de um dos mais famosos palhaços brasileiros, Piolim (1897-1973), personagem de Abelardo Pinto.
Os tempos mudaram, outras formas de entretenimento surgiram, o circo perdeu público, mas ainda vive e tem admiradores fiéis. Em Juiz de Fora, por exemplo, o Parque Patati Patatá Circo Show ocupa o estacionamento descoberto do Independência Shopping desde o último dia 9 e só vai embora em 28 de abril. Com sessões de quinta-feira a domingo, incluindo diversos números circenses, a atração principal é o show dos palhaços Patati Patatá, acompanhados de personagens como Floffy, Alegra, Amarga e Azedo.
É uma oportunidade para pais, mães, filhos e filhas, avós e avôs compartilharem a experiência e magia que atravessa gerações. Emmanuelle de Souza Batista levou o filho Enzo, de 3,7 anos, para assistir às atrações no último dia 17. Ela conta que essa é uma paixão que surgiu ainda criança, em Barbacena, quando o circo sempre era montado perto da casa em que morava. “Não lembro quando foi (a primeira vez em que fui ao circo). Mas me lembro exatamente da magia que proporciona. Por isso gosto de levar o Enzo, para ele sonhar mesmo, viver essa magia de que podemos ser o que a gente quiser”, diz. Dentre as lembranças da infância, estão a de ter conhecido Beto Carrero, que sempre comparecia à primeira apresentação do circo na cidade, e a de ir ao Circo do Fuça, que contratou músicos vindos dos Estados Unidos. “Tínhamos facilidade para ir aos espetáculos, ganhávamos ingressos… Já quis ir embora com o circo (risos).”
É por essas e outras razões que Emmanuelle já levou o filho quatro vezes ao circo, duas delas para o show de Patati e Patatá. “O Enzo ama o Patati e Patatá, quando os dois surgiram os seus olhos brilharam, eu senti que ele estava realizando um sonho de quem os vê somente na TV. A partir daquele momento ele fazia de tudo para chamar a atenção dos dois, dava tchau, gritava pelos nomes deles. Ao final do espetáculo, eles se despediram e naquele momento eu pude perceber o quanto tinha mexido com as emoções do Enzo, ele chorou porque eles estavam indo embora, e aquela magia ia ficar guardada somente na memória. Mas o Patati se aproximou, e meu filho pôde dar um beijinho no nariz dele, saiu dali transbordando alegria.”
Quem teve uma experiência que reuniu três gerações foi Leonardo Goliatt da Fonseca. Ele foi ao Parque Patati Patatá Circo Show com a mãe Victoria e o filho André e sua amiga Maria Clara. “Sempre que tem um circo na cidade, procuramos ir, pois as crianças gostam muito”, explica Leonardo, que pode assim reviver bons momentos do passado.
“Eu me lembro de estar no circo acompanhado de minha mãe e meu pai; do chão de terra antes de entrar embaixo da lona, da pipoca, dos palhaços e dos animais (na época em que ainda havia animais nos circos). Era algo que me transportava da realidade para um universo espetacular”, relembra. “Levamos o nosso filho ao circo pois entendemos que seria uma experiência cultural importante para ele. A sensação é de voltar um pouco a ser como as crianças; não se preocupar com nada e se encantar com as histórias que os artistas apresentam no picadeiro.”
Parque Patati Patatá Circo Show
Quintas e sextas, às 20h. Sábados, domingos e feriados, às 15h, 17h30 e 20h. Até 28 de abril no Independência Shopping (Av. Presidente Itamar Franco 3.600)