O diretor Alessandro Driê nunca se esqueceu do dia, em 2009, em que ficou gripado durante a pandemia de H1N1, que ficou conhecida como gripe aviária. “Eu estava em um vagão do metrô em São Paulo, na Estação da Sé, quando senti uma bolinha entrando no nariz. Pensei na hora: ‘vou gripar’, e realmente fiquei doente. Foi uma semana de cama.”
Driê conta que essa história nunca saiu de sua cabeça, e que ela foi um dos motivos para _ com a chegada de uma nova pandemia, a de Covid-19 _ produzir o curta-metragem animado experimental “ChaOsVID”, realizado com o apoio da Lei Aldir Blanc de Minas Gerais. Com 2 minutos de duração, o curta é definido pelo cineasta como uma visão alegórica sobre a situação com a qual a humanidade se viu obrigada a lidar nos últimos 20 meses.
“Já tinha essa ideia na cabeça há muito tempo devido ao que vivi em 2009, por isso fiquei mais preocupado ao ver que as pessoas não se preocupavam tanto com a pandemia. Eu era o chato da família, vi muitos conhecidos morrerem por causa da Covid. Quando surgiu o edital da Aldir Blanc, aproveitei essa experiência pessoal para começar a produção do curta. Vi que era preciso alertar as pessoas, ter esse registro histórico que pode servir de aprendizado para todos nós, pois não aprendemos com a gripe espanhola e os especialistas têm alertado que podemos ter novas pandemias no futuro próximo.”
Segundo Alessandro, o curta levou cerca de dois meses para ser produzido. “ChaOsVid” está disponível para o público desde agosto em seu site, onde também é possível assistir a seus trabalhos anteriores. A produção também já participou dos festivais ExperimentAnima e Festival Curta Campos do Jordão, e foi selecionado para a edição 2021 do Marte XP, na Paraíba; a mostra Baixada Animada, em Duque de Caxias (RJ); o Lumiar – Festival Interamericano de Cinema Universitário, em Belo Horizonte; e o Festival de Cinema de Alter do Chão, no Pará – todos on-line.
Audiodescrição
“ChaOsVID” é o primeiro produto cultural de Driê com o recurso da audiodescrição, uma das exigências do edital. Para isso, ele contou com narração e roteiro de Patrícia Almeida, além da consultoria de Jairo Jardim. Por isso, ele decidiu não usar uma trilha sonora na animação, incluindo apenas alguns efeitos sonoros, para facilitar o acesso do maior número possível de pessoas ao trabalho.
“Conhecia a audiodescrição assistindo a outros trabalhos, não havia utilizado o recurso antes. Fiquei deslumbrado, pois graças ao trabalho da Patrícia e do Jairo foi como entrar na mente de outras pessoas que assistiram ao filme. Você amplia seu público e aumenta a oferta de postos de trabalho”, diz o diretor, formado em arquitetura e urbanismo e acostumado a lidar com a questão da acessibilidade.