Sentar noite afora, depois de muitas conversas, com um parceiro musical de longa data, pode ser a maneira de encontrar e colocar para fora qual é o motivo para seguir – e registrar em um papel, com o violão a postos para a melodia. Como um encontro, uma verdade escancarada de “quero mesmo é me fazer feliz”, Laura Jannuzzi lançou, nesta sexta-feira (24), “Sede da manhã”, música que dá nome ao seu segundo álbum e tem previsão para ser lançado em novembro. A canção, uma parceria com Pablo Quaresma, registra uma nova fase da cantora: “o novo disco é a maneira como eu enxergo o mundo agora”, acredita.
Pablo é seu parceiro desde “Ondes” (2016), seu primeiro disco. Nele, ele assina cinco músicas. Laura conta que a parceria dos dois é sincera e intuitiva. É também quando o subconsciente trabalha e revela o que, muitas vezes, a boca não fala. “Sede da manhã” é isso: essa busca pelo que mata essa vontade que nasce ao acordar. Assim como o disco novo, é um amadurecimento, que veio depois de muitos caminhos abertos e novos encontros. Por isso, ela fala que essa é a música que mais sintetiza o álbum. Ele também apresenta letras que passam por vários lugares, como ela, até findar nessa recém-lançada, nesse encontro do motivo para ser feliz.
“Sede da manhã” é densa e leve. “Intimista e interior”, como fala Laura. A letra poética é transpassada pela densidade do cello de Federico Puppi e o piano de Lautaro Michaux. Uma MPB quase bolero. Ela ainda conta com a participação de César Lacerda, cantor e compositor mineiro. Raul Misturada, que assina a produção musical, foi quem sugeriu a parceria, que intensifica a voz da coragem.
Desvendando qual é a sede da manhã
O casamento entre todas essas camadas ficou completo com o vídeo dirigido por Amanda Pomar, codirigido por Mia Mozart e com ilustração do coletivo Inhamis (Lucas Borges, João Pedro Castanheira, Fernanda Roque, Amanda Pomar e Francisco Franco), lançado também na sexta-feira (24). Laura tinha vontade de trazer esse universo animado às suas composições, além de ser uma facilidade na pandemia, com contatos restritos. O resultado é um clipe que dá ainda mais margem para enxergar e entender qual é a sede da manhã, essa costura que perpassa caminhos e procuras.
“Ondes” e “Sede da manhã”, tanto a música quanto o álbum, são obras diferentes porque representam outras formas de ver o mundo. Apesar de a procura do para onde ir ser recorrente, os espaços são outros. A voz que sussurra e grita é a mesma. Por enquanto, ela encontrou o lugar para estar. “O próximo disco pode ser totalmente diferente. Vai saber”, ri.
A música foi feita antes da pandemia, mas é certo que, se procurar, um pouco dessa realidade está inscrita nela. Com o disco já pronto, até Laura encontrou essas coincidências. “Talvez seja porque o disco foi gravado durante a pandemia, acaba pegando um pouco desse momento.” Talvez por causa disso também, a sensação de pertencimento é recorrente. Fazer do ouvinte personagem principal da história narrada por suas letras é uma das ideias de Laura com “Sede da manhã”.