Lugar de pertencimento, o Centro de Artes e Esportes Unificados, a Praça CEU da Zona Norte, tornou-se exemplo na cidade e no país ao ultrapassar seus dois primeiros anos de atividade sem avarias. Pelo contrário, o cuidado coletivo torna o local ainda mais propício ao encontro. Tomando o conceito de convergência, o livro “Universos divergentes” (Editar Editora) tem seu lançamento justamente no lugar que melhor concretiza o termo. Superlativa, a publicação é protagonista de um sábado com eventos literários que se iniciam às 14h e terminam às 20h. Fôlego alcançado na reunião de tantas vozes.
“Fazemos muitos livros coletivos na área do direito e da medicina, mas não na literatura. Então convidamos nossos autores a participarem de um projeto que, a princípio começou em 40 e chegou a 108 escritores fazendo poesia. Em Juiz de Fora existem vários grupos poéticos que não se comunicam. Convidamos vários deles e escolhemos lançar num local público que, de fato, seja do povo. É a primeira vez que o espaço recebe um evento com tantos grupos de pensamentos diferentes”, destaca o coordenador da Editar Editora, André Luiz Gama, que em parceria com a Funalfa realiza o evento.
Dentre os mais de cem autores, estão integrantes da seção local da União Brasileira de Trovadores, do Chá com Poesia, da “Revista Oblívio”, do Projeto Ponto Pra Quem Lê, da Liga dos escritores, ilustradores e autores de Juiz de Fora, além da Confraria dos Poetas, cada um com seu espaço para leitura de poemas, performances e declamações. “A maioria desses autores já confirmou presença. Então, será difícil pegar autógrafo de todos eles. Vai ser um livro hiperautografado”, ri Gama, um dos autores da antologia organizada pela filha Cristiane Gama.
Com sonetos e versos livres, a publicação reúne veteranos e iniciantes, numa faixa etária de autores que parte dos 13 anos e chega aos 82. “Esse encontro vai permitir que os grupos falem entre si, se conheçam. E o leitor também terá o contato com esse público diversificado”, destaca Gama, editor que em 2016 publicou mais de 30 títulos de poesia e, somente este ano, já passou dos 20. “Somos a única editora que já lançou mais de mil títulos na cidade”, orgulha-se ele, com planos ousados para novas convergências. “Já temos o projeto de fazer coletâneas de contos, receitas, sempre com essa ideia de unir grupos distintos.”
Minas em canção
No cancioneiro brasileiro Minas Gerais merece um capítulo exclusivo. Em épocas distintas e gêneros também diferentes, o estado produziu marcantes músicas que o maestro Sylvio Gomes reúne no projeto “Compositores mineiros”. Com financiamento da Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura, o projeto passeia pela cidade e desembarca, neste domingo, às 16h, na Praça CEU da Zona Norte. A antiga Orquestra de Jazz Pró-Música, hoje denominada Sylvio Gomes Orquestra, faz sua leitura de 16 composições das bandas de cá.
“É uma visão minha para músicas como ‘Aquarela do Brasil’, do Ary Barroso, e ‘Canção da América'”, exemplifica o maestro, que encarou o desafio de fazer uma seleção a partir de uma constelação de grandes músicos. “Esses mais de 50 anos de carreira me ajudaram a peneirar duas músicas de cada compositor”, conta ele, que escolheu reverenciar Lô Borges, Milton Nascimento, João Bosco, Toninho Horta, Ary Barroso e Alcir Pires Vermelho. Olhando para Juiz de Fora, também homenageia Geraldo Pereira, com sua “Falsa baiana” e Mamão, com sua famosa “Tristeza pé no chão”, além da inédita “Sei lá porquê”, parceria de Sylvio Gomes e Mamão, composta há pouco mais de dois meses.
“É sempre muito bom encontrar o público tão de perto, de todas as faixas etárias e origens. O feedback tem sido muito positivo”, festeja o veterano maestro, que já passou, com o show, pelo Bar da Fábrica e pelos museus Ferroviário e Mariano Procópio, defendendo uma Minas de muitas melodias e letras, gigante por natureza.