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Loja Unbox recebe a exposição ‘Acrílicas’, de Jean Michel

Jean Michel Foto por Roney Goncalvesdestacada
Jean Michel Foto por Roney Goncalves
Exposição contempla dez telas dispostas entre as áreas planejadas dentro da loja; quadros registram as fases pelas quais Jean passou até a sua tela mais recente, “Marajó” (Foto: Roney Gonçalves/ Divulgação)
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O mergulho é por inteiro. Quando Jean Michel pinta uma tela, fica imerso nela. “Eu penso nisso o dia inteiro. Durmo pensando, sonho com a tela. E isso só para quando eu acabo”, afirma. O arquiteto, que, além de pintor, é também músico, com atividades na banda Visco e solo, consegue encontrar as similaridades em todos esses processos profissionais. E fazer uma tela, um projeto ou uma música tem mesmo intenções parecidas. O zero é uma tela em branco, independente do que vai sair dali. Parte disso que saiu propriamente das telas, está disponível para ser conferido na exposição “Acrílicas“, até o dia 16 e agosto, na Unbox, loja que fica na Rua São Mateus 1104 – São Mateus.

São, ao todo, dez telas dispostas entre as áreas planejadas dentro da loja. E essas telas, mais que momentos, registram as fases pelas quais Jean passou até a sua tela mais recente, “Marajó”. Isso porque, de fato, apesar de desenhar desde pequeno, ele só foi se aprofundar na pintura em 2009, logo depois de formar em Arquitetura, quando fez um curso na área. Mas ali, naquele momento, era apenas um passatempo. Tanto que as primeiras telas registram, sobretudo, imagens mais arquitetônicas, urbanas, como dos prédios de Juiz de Fora. Ele ficou um tempo parado, e, em 2008, voltou verdadeiramente para a área, já a vendo de maneira mais profissional. E, com isso, as próprias telas foram mudando, tanto de técnica quanto de assunto.

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“Essa parada que eu dei, muito porque a música, naquele momento, estava ocupando um lugar maior, foi importante porque eu já voltei com outra cabeça. As técnicas mudaram, eu passei a pintar outras coisas um pouco mais distantes da arquitetura, até os tamanhos das telas mudaram. Quando olha as telas, fica nítida essa mudança.” Essa ideia de retorno também partiu da crescente no interesse em encomendar as telas de Jean. E era comum, por exemplo, que as pessoas mandassem fotos a ele para que ele as transformasse em tela. O mais importante para ele, nesse caso, é mais o contexto que os rostos: é essa ambientação que ele tenta recriar.

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“Marajó”, por exemplo, a tela mais recente que está exposta em “Acrílicas” é fruto de uma foto. Mas, ainda assim, para Jean, é como se ela representasse uma nova fase. O tamanho é maior, as cores estão mais vivas, é mais tropical não só pelo tema, um homem dentro de um barco, mas pela escolha das técnicas, das cores e das texturas que sugerem, ainda, o que não está contido na tela. Mesmo que seja um novo caminho, Jean não se limita a ele: tudo pode acontecer. “Não está delimitado que, a partir de agora, eu vou seguir por esse caminho mais tropical. Mas, quem sabe.”

Nesta exposição, mesmo que não exista uma ordem cronológica entre as telas, já que elas estão dispostas de maneira a combinar com os cômodos, toda a obra de Jean está ali. Foram escolhidas dez, a partir de dois critérios: os que estavam disponíveis, porque ele considera que seu acervo é pequeno, e os que ele acha que têm melhor qualidade técnica, olhando agora para a totalidade do trabalho. “Quando cravou dez, achei interessante, porque conta mesmo uma história. E os quadros estão espalhados no tempo, então tem uma trajetória. Eu emoldurei ainda alguns para que eles conversem ainda mais entre eles, além dos cenários. Tem gente que fala que não encontrou todos lá, eu falo que é para olhar direito que encontra”, brinca.

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Exposição dez telas dispostas entre as áreas planejadas dentro da loja; quadros registram as fases pelas quais Jean passou até a sua tela mais recente, “Marajó” (Fotos: Roney Gonçalves/ Divulgação)

Sobre seu acervo ser pequeno, ele dá um motivo: “Eu tenho pintado muito sob encomenda. Então, meu acervo pessoal fica restrito. E a eles eu não consigo nem precificar para vender. São como filho. Aos de encomenda eu não tenho tanto apego. Por isso que as telas que estão expostas não estão à venda. Eu prefiro, por exemplo, que a pessoa me sinalize o que deseja, qual agradou, e a gente faz uma releitura. E a encomenda é interessante que me força a pintar e a experimentar mais”. Uma forma de ver seu trabalho, além da exposição, é seu Instagram (@jeanvisco), em que ele compartilha suas telas, e mais um pouco de arquitetura, e mais um pouco de música.

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O músico e o pintor

Entre as tantas atividades, é preciso encontrar o tempo da pausa, o tempo da mistura. Para ele, o começo de uma tela é difícil. “A pintura é lenta. Do começo ao meio me dá uma crise, porque não dá para saber onde vai chegar. O bom é quando toma forma. E eu, como sou teimoso, vou até o final. Mergulho no universo, e isso me consome. Existe os momentos para cada coisa. Tem tempo que eu estou mais imerso na música, outros na pintura, como agora. As a pintura é mais maleável, porque é só eu. O problema é quando junta as duas coisas, como aconteceu no ano passado, mas dá jeito.”

Isso fica mais fácil quando encontra o tempo do encontro. “Eu acho que tudo artisticamente dialoga é na sensibilidade. Quando quero uma nota a mais na pintura é porque eu quero pintar melhor, um som a mais. A gente consegue inserir textura e cor na música, por exemplo. E todo começo é mesmo uma incógnita total. Às vezes a gente não consegue ver o fim de uma música, na gravação, porque só tem bateria e baixo, como é o começo de uma tela, só tem alguns traços e cores.”

 

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