Na TV, no streaming e no cinema, recriações, reboots e spin-offs têm ganhado o coração dos nostálgicos e o desprezo de quem acha este apelo esvaziado. O que não se pode negar é que o “revival” está na moda, como se vê nas telonas com “Alien: Romulus” e “Twisters”, que estão em cartaz; e, na telinha, com a flopada “Renascer” e o aguardado remake de “Vale Tudo”, ambas na Globo.
No hype da memória, e de forma bastante promissora, “Cidade de Deus: A Luta Não Para”, dirigido pro Aly Muritiba, estreia na Max e na HBO neste domingo (25), às 21h, 20 anos depois do lançamento do filme que alçou o cinema brasileiro nos holofotes do mundo para uma geração que não assistiu obras-primas como “O Quatrilho” (1994, Fábio Barreto) e “Central do Brasil” (1998, Walter Salles).
A série chega como uma continuação dos desdobramentos do filme filme, abordando, ainda, a violência e a luta do tráfico, mas trazendo mais profundidade às diferentes vivências dos personagens, sobretudo das mulheres. Destaque do cinema nacional e nome por trás de obras como “Para Minha Amada Morta”, “Ferrugem” e “Deserto Particular”, Aly Muritiba também , para o streaming, primeira temporada da aclamada “Cangaço Novo”.
Já no primeiro episódio, o público se reencontra com personagens que, até hoje, povoam o imaginário popular, como o narrador Buscapé (Alexandre Rodrigues), Barbantinho (Edson Oliveira) e Berenice (Roberta Rodrigues). Também são apresentadas algumas caras novas, como a de Jerusa (Andréia Horta).
Uma das narrativas se desdobra em torno do dilema de Buscapé, agora Wilson, que se tornou um grande fotojornalista da editoria policial, passando a ter sentimentos conflituosos por isso, já que é cria deste universo marcado pela violência e a criminalidade. Outro plot narra o retorno de Bradock (Thiago Martins), assassino de Zé Pequeno (Leandro Firmino), que no filme era um menino de 12 anos que se tornou o líder dos Moleques da Caixa Baixa. Recém-saído da cadeia, ele entra em disputa com o atual líder do tráfico, Curió (Marcos Palmeira).
Além de Berenice, outra personagem grande reaparece é Cinthia (Sabrina Rosa), antes reduzida a namorada de Mané Galinha (Seu Jorge). Agora, as duas vão ganhando destaque como líderes comunitárias, abrindo espaço para discussões sintonizadas com a atualidade e com a realidade das favelas que não foram abordadas no cinema.
20 anos depois do filme e 20 anos antes dos dias atuais
A história de “A Luta Não Para” é situada no tempo 20 anos após os eventos do filme, e se passa por volta de 2004, 20 anos antes do que vivemos hoje. Isso abre margem para um olhar ao entendimento de certos processos sociais, econômicos e políticos depois que eles já aconteceram. É o que acontece com a abordagem das milícias (na época, ainda chamadas de “mineiras”), que no tempo fílmico estacam tentando entrar na Cidade de Deus. Uma das novas personagens que se destaca nesta subnarrativa é Lígia (Eli Ferreira), uma jornalista que se dedica com sangue nos olhos à investigação das mineiras.
“Cidade de Deus: A Luta Não Para” estreia neste domingo (25) às 21h, na HBO e na Max. Os episódios serão lançados semanalmente na plataforma de streaming.