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Dora Morelenbaum se apresenta no Muzik, nesta quinta-feira

Dora
DORA MORELENBAUM by Lucas Nogueira Divulgacao
Dora Morelenbaum faz show no esquema voz e violão no Muzik (Foto: Lucas Nogueira/Divulgação)
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Dora Morelenbaum gosta dos contrastes. Ela diz que a música é feita essencialmente disso: do complemento entre som e silêncio – mesmo achando que é a pausa o brilho do som. Acredita também que é necessário primeiro ouvir bem para depois saber cantar. Antes da pandemia, fez um disco sobre o mais íntimo. Já durante, criou um projeto que precisa do coletivo. Imersa na música já no berço, ouvindo e vivendo o que seu pai, o violoncelista e maestro Jacques Morelenbaum, e sua mãe, a cantora Paula Morelenbaum, faziam, Dora foi ter seu primeiro lançamento em 2021. “Dó a dó”, uma declaração amorosa e orquestrada, abriu terreno para o lançamento de “Vento de beirada”, seu EP de três canções. Bala Desejo, banda formada por ela e seus amigos de colégio, Lucas Nunes, Zé Ibarra e Júlia Mestre, foi nascer já no final do ano passado. O disco “SIM SIM SIM” foi lançado no começo deste ano. É entre os dois projetos que Dora vai mostrando seus contrastes. Um pouco de cada coisa e mais uma terceira Dora de um disco que ainda virá serão apresentados no show que ela faz no Muzik nesta quinta-feira (25), às 21h, em formato de voz e violão: fazendo do lugar, também balada, um teatro – são esses os seus contrastes.
A música já era seu cotidiano. A possibilidade de fugir disso era para descarte. Mesmo já imaginando que cedo ou tarde viveria de arte, Dora só foi entender, realmente, que era esse o seu caminho quando descobriu a composição e sentiu o prazer que é ter em mãos essa força estranha de escrever. Antes disso, fez parte do Zanzibar, grupo vocal carioca no qual ela foi ver a música enquanto potência harmônica e de voz. Foi quando ela aprendeu a ouvir para cantar – seu exercício de percepção. “Compor foi depois disso. Eu via meus amigos de escola (além dos três que formam o Bala Desejo, Tom Veloso, filho de Caetano Veloso) compondo e eu queria ter um pouco mais disso para mim. Queria sentir esse prazer.” Esse outro tipo de exercício foi surgindo junto com as parcerias, que eram inevitáveis.

Medo e vontade

“Japão” foi a primeira música em que Dora acreditou. “É que acontece de a gente compor e não se identificar com a letra”, explica. A música, que fala sobre suas referências entre o Japão e Minas Gerais, veio a ter unidade com “Avermelhar” – essa já mais sobre seus desejos. Ela conta que a sensação foi como de cura no processo de composição. O trio musical ficou completo, tanto na poética quanto sonoridade, com “Vento de bei rada”, escrita por Zé Ibarra, Lucas Nunes e Victor Vasconcellos, mas que também traduzia o que ela queria dizer. A própria expressão “vento de beirada” já definia o que ela estava sentindo: “Essa sensação de mergulhar na escuridão de um novo projeto, de se jogar mesmo e sentir o frio na barriga de se atirar ao desconhecido. É ingênuo, mas é bonito e diferente não saber onde chegar. É como olhar para o abismo e mergulhar, sim, com medo, mas com vontade de comer”.
Já o single “Dó a dó” foi lançado antes. A música, que não está no EP, foi um presente de Tom Veloso no qual Dora contou com ajuda do pai para terminar a harmonia. Ainda em 2019, ela já tinha chamado Ana Frango Elétrico, Lucas e Guilherme Lírio para produzirem o disco compacto e, juntos, chegarem à sonoridade esperada. Com vontade de fazer shows de lançamento, ela foi postergando o nascimento, que avalia ter acontecido no momento certo. “Outras coisas foram acontecendo. Eu fui morar com Júlia, Lucas e Zé e a gente começou a pensar no Bala Desejo, que ainda nem tinha nome, mas começamos nesse mergulho. Nesse tempo, as músicas foram se ressignificando e eu fui me identificando com elas de outras formas. Quando lancei, eu já estava com outros projetos. Mas foi engraçado porque parece que foi no momento certo para as pessoas. E eu fui descobrindo isso que eu não conhecia de jogar uma música no mundo e perceber a força dela. Porque parece que a música está viva, porque ela vai mudando, mas a verdade é que é a gente que está vivo, né?!”

Contraste

O Bala Desejo oferece a Dora a oportunidade de viver no contraste. “O ‘Vento de beirada’ é um projeto diferente do Bala. As duas coisas se complementam e me deixam viver todas as nuances. Quando nós quatro nos encontramos, a gente descobriu uma cura teatral, pela dança. No meu projeto solo, é um outro tipo de possibilidade. São duas Doras completamente verdadeiras.” Agora, ela está em turnê com esses dois projetos, vivendo a possibilidade de mostrar as versões e as maneiras como elas se encontram. A terceira Dora, do futuro disco, que ela avalia como uma “comunhão”, ainda está nascendo, depois do choque de contrastes entre as duas outras.
Juiz de Fora esteve no seu caminho durante a pandemia, já que passava por aqui para fazer o trajeto entre Rio de Janeiro e Barbacena, aonde os quatro iam em época de lua cheia para compor algumas das músicas de “SIM SIM SIM”. É seu primeiro show em palcos juiz-foranos, já com vontade de vir, futuramente, acompanhada. “Todo show é uma surpresa. E eu adoro isso, porque ainda sinto aquele vento de beirada.”

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