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Gerson Guedes lança novo livro nesta quinta

Gerson Guedes
Gerson Guedes
Novo livro de Gerson Guedes conta a história de Juiz de Fora por meio de seus desenhos e seus poemas (Foto: Divulgação)
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Debruçar-se sobre a história de Juiz de Fora e registrá-la por meio de pinturas é trabalho que Gerson Guedes faz desde sempre. Com seus traços tão característicos, o artista plástico tem em suas obras uma cartografia completa da cidade, daquilo que chega até ele como fagulha do registro. São espaços, prédios e momentos que fazem despertar sensações antigas de um menino que buscava pelos porquês de tudo o que via. Eternizar tudo isso é contar a história de uma cidade cheia das curiosidades, que ganha as páginas do livro “Juiz de Fora, linhas e cores da história: das origens ao início do séc. XX”, que Gerson lança nesta quinta-feira (25), a partir das 19h, no Bahamas, no Pátio Ferreira Guimarães (Rua Benjamin Guimarães 315, Democrata). A renda da venda das obras será destinada ao Hospital Ascomcer.

Apesar de ter nascido em Juiz de Fora, Gerson foi criado em Santo Antônio de Chiador. Lá, desenhava no chão de barro o que via: a movimentação dos trens, dos carros de bois, das pessoas que passavam por ali. Já nesse contexto é que surge seu traço que permeia todas as suas produções. “Ele veio em mim e eu não sei para onde ele vai. O que me importa é evoluí-lo”. No chão da fazenda, que limpava sempre para ficar de uma forma ideal para desenhar, ele já tentava traduzir suas inquietações.

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Mas tem um ponto: “Minha mãe sempre disse que antes de eu ser desenhista, eu sempre fui contador de história”. E é por isso que, de certa forma, seus desenhos são histórias narrativas. “Eu tinha uma necessidade de dentro da pintura contar histórias”, explica. Mais tarde, quando voltou a Juiz de Fora se deparou com outros detalhes que o fisgaram. “Eu fui fascinado pelas curiosidades de Juiz de Fora. Desde o nome da cidade ao nome do Rio Paraibuna, do Morro do Cristo. E esses porquês habitavam meu imaginário infantil e, desde pequeno, eu tive curiosidade em relação à cidade.”

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Em Santo Antônio de Chiador, onde tem a primeira estação ferroviária de Minas Gerais, era o trem que cortava a cidade. Quando volta a Juiz de Fora, então, se depara com os bondes andando pelas ruas. “O bonde foi o meu meu primeiro mote desafiador de desenho. Porque eu não tinha conhecido nada mais incrível. Ali era o sinônimo de tudo o que há de liberdade em um tempo muito difícil de ter liberdade”. Ele passou a desenhar os bondes e, com isso, passou a desenhar a cidade. E não só desenhar, escrever também, mesclando poesia e pintura sempre de forma aproximada. “Desenhar Juiz de Fora, escrever Juiz de Fora virou meu grande desafio e vem sendo até hoje por mais de 40 anos de carreira na pintura.”

Olhar para a cidade

Gerson enxerga Juiz de Fora como uma grande colcha de retalhos ligada pelas linhas sejam da história ou do trem ou do bonde. E em suas exposições, na grande maioria, foi a cidade, realmente, a protagonista do que apresentava. Mas não era simplesmente desenhar o que encontrava. Além de tudo, Gerson passou a estudar de forma aprofundada para apresentar os contextos que envolvem o que existe no momento. Ou o que ele chama de detalhes, que são capazes de dizer até mais que as próprias imagens principais de seus quadros.

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Em uma de suas últimas exposições, “Rua Direita”, Gerson se dedicou a cartografar a Avenida Rio Branco. E sua história ele conta de cor, da mesma forma como descreve o motivo de Juiz de Fora receber esse nome. E ele explica o motivo: “Para você trabalhar a linguagem visual, é necessário que você dialogue com a história, para você ter um conteúdo no que vai compor visualmente. Eu acho que essa tríade da poesia, da história e da pintura tem um apelo muito maior do que apenas elas isoladas. Eu procuro sempre andar por essa tríade”. Foi realizando essas pesquisas, tanto para pintar quanto para responder as suas perguntas presentes ainda na infância, que Gerson reuniu a história de Juiz de Fora em forma de imagem e em forma de texto, prosa e poesia. Ele montou uma palestra apresentando essas principais curiosidades, com um material amplo. Dela, surgiu o livro.

Gerson mais que falar sobre Juiz de Fora, em seu novo livro traz todo o processo que deu origem à cidade. Passa, inclusive, por Portugal, pelas cidades históricas, os caminhos e os motivos que foram responsáveis pelo povoamento da cidade. Em 137 páginas, o artista consegue apresentar Juiz de Fora de forma poética e histórica: processo feito, mesmo que de forma intuitiva, desde sempre, e que agora se concretiza em “Juiz de Fora, linhas e cores da história: das origens ao início do séc. XX”. O livro ainda dá conta de apresentar as mineiridades juiz-foranas, sua diversidade de povoação e construção que coexistem até hoje pelas terras. “A cidade mudou mesmo. Mas ainda tem esse ar de montanha maravilhoso”. A ideia, de acordo com ele, é fazer uma segunda parte do livro, até a contemporaneidade. Mas é coisa para um outro momento.

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(Foto: Reprodução)

Traço de Gerson

Apesar dos diferentes momentos em que os registros e as produções foram feitas, Gerson mantém um traço característico e que caminha junto com o tempo. Apesar de ser coisa cultivada desde a infância, outras, assim como a própria vida, como diz, mudam. E, além dos traços, as cores, a forma de escrever a poesia. “O meu traço vai amadurecendo também. Em cada mostra e em cada exposição pode-se alterar cor, formatação, mas o traço é a nossa gênese, a nossa alma. Não tem como. No seu conteúdo, independente da linguagem artística, você acaba tendo que colocar você no seu trabalho. Isso é inevitável. E tudo está sujeito a mudanças, mas dentro da raiz.”

Exposição em maio

Ainda como maneira de apresentar a cartografia de Juiz de Fora, Gerson expõe esses quadros do livro e alguns textos na Galeria RH Espaço Arte, a partir de 9 de maio até 5 de julho, como uma viagem no tempo. “É interessante que a galeria fica no caminho que leva ao Morro do Cristo, e a exposição fica em um período de comemoração do aniversário da cidade”, explica. Ele complementa afirmando que é uma forma de ver o diálogo ampliado entre o verbal e o não-verbal. E finaliza: “Eu faço minha poesia com as cores. Eu tenho uma aventura literária. Mas essas artes todas se encontram”.

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