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PJF organiza exposição com fotos de intervenções artísticas nos pontos de ônibus

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A exposição “Caminhos das Artes Urbanas” vai seguir em exibição de maneira virtual no site pjf.mg.gov.br/caur (Foto: Caur/ Divulgação)
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Margeados pelo Rio Paraibana, adentrando os caminhos que cruzam a Avenida Brasil, indo nas direções de leste a oeste, norte a sul, 52 pontos de ônibus foram coloridos pelos coletivos Alcateia Urbana, Caminho Estúdio Criativo, Graffiteiras da Mata e Underground Graffiti Crew, em 19 bairros da cidade. Eles foram aprovados pelo edital Caminhos das Artes Ubanas (Caur), uma iniciativa do Programa Boniteza, da Prefeitura de Juiz de Fora, com recurso do projeto destinado pelo vereador Cido Reis. As artes estão lá: no refúgio da espera, a deixando mais colorida. Mas, ainda hoje, por maior que seja o cuidado, elas quase têm prazo de validade, sobre as condições do vento, do calor, da chuva. Fotografá-las seria como eternizá-las, de alguma forma, guardar, contando uma história do que foi e ainda vai ser.

Weslla Nascimento e Fernando Itaborahy, que acompanharam todo o processo desde a idealização do projeto, receberam, então, a missão de fotografar esses pontos sem muita pretensão. Com o tempo, foi surgindo a ideia de levar o resultado para dentro de um galeria. Ser motivo de visita planejada, para além das espontâneas pelos lugares. Essa exposição foi aberta na última quarta-feira (19), e segue até esta quarta-feira (26), na Galeria Ruth de Souza, do Teatro Paschoal Carlos Magno, das 9h às 21h. A ideia, para além de apresentar o trabalho feito, foi também homenagear os coletivos aprovados pelo edital. O projeto ganhou ainda um site, desenvolvido pela Secretaria de Governo (SG) e pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), em que estão todas as fotos dos pontos, bem como suas localizações e informações gerais do Caur.

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Arte urbana em galeria

Outro intuito dessa exposição é reunir, em um mesmo lugar, todas as artes para que as pessoas tenham uma visão completa do trabalho. “A gente encontrou na exposição uma forma de que todas as pessoas pudessem apreciar um pouco dessas artes espalhadas pela cidade”, afirma Weslla. Levar essas artes, de acordo com Fernando, para dentro de uma exposição tem, ainda, um caráter que o fotógrafo considera interessante: “Levar a arte urbana para esses espaços é subverter um pouco a lógica. Porque ela está na rua, é acessível, para todo mundo ver, é democrática, e entra em um espaço que a princípio a gente já pensa nele como um pouco excludente, né?! Só quem entra tem acesso. Pegar a arte popular e entrar nesse lugar é democratizar o acesso a esses espaços, ainda mais em um galeria que é pública, pertence ao público de Juiz de Fora. Inclusive, a cidade está sendo retratada nesse lugar”. Weslla completa: “Ocupar o teatro com fotografias da arte urbana, para além da questão do mundo ao meu ver, é uma forma de expandir a arte urbana para quem não conhece, para o público geral compreender a sua importância e o quanto pode ser transformadora”.

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Muitos olhares

É interessante que olhares diferentes a partir de diferentes olhares é o que forma essa exposição. Cada coletivo imprimiu ali sua história a partir de seus traços. E, com isso, Weslla e Fernando adicionaram mais olhares que estão impressos, agora, nas fotos. “Na escolha de equipamento a gente reflete esse nosso repertório: os ângulos são diferentes, a profundidade de campo é diferente, a gente traz um olhar diferente que enriquece ainda mais a exposição que já era muito rica por ter esses artistas dos coletivos. Até as artes se diferenciam muito dependendo do lugar e do coletivo que pintou”, afirma Fernando.

Eles levaram seus repertórios com a fotografia e registraram ali o que viam para além até dos pontos e das artes. É comum ver, por exemplo, esses espaços ocupados pelos moradores que estão registrados na imagem. “A fotografia é a forma que eu enxergo o mundo, a cidade, as pessoas, a vida. Poder retratar a arte urbana em sua essência, no momento que a vida está acontecendo, na rua, me projeta a vontade de levar para outras pessoas o quão a vida é interessante de ser observada e apreciada. Gosto da ideia de que outras pessoas podem ver o mundo através desse mesmo olhar. Isso só a fotografia proporciona”, acredita Weslla.

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Dois dias foram o suficiente para que eles tirassem essas fotos. Foram, exatamente, duas manhãs. Os pontos, geralmente, estavam cheios. Alguns toparam participar da foto, outros recusaram. E essa dinâmica é própria da vida na cidade: o vai e vem. “Era impossível fazer foto somente da arte. E como tinha essa ideia de exposição, nada mais justo que o encontro da vida com a arte. E a arte urbana tem essa proposta. Então foi intencional dar essa ambientação, ver como a arte integra a cidade e a vida das pessoas”, diz Weslla.

A fotógrafa ainda completa que é diferente ver como um ponto ganha uma outra vida com cor, perdendo um cenário cinza. “Foi interessante ver também como cada bairro tem suas individualidades. É legal perceber a rotina de cada bairro. Acho que a fotografia, e fazer esse trajeto todo, proporcionou acompanhar o ritmo da cidade, e isso foi uma parte muito interessante.” Fernando concorda e completa: “São 19 bairros atendidos. E, em cada um, a gente viu como, apesar de a maior parte estar nas zonas periféricas da cidade, tem bastante diferença, até na própria geografia do local. Morro, plano. A gente viu essa constância de estar à margem da avenida. A gente ainda pegou os pontos de ônibus na ordem e viu essa história sendo contada através dos pontos de ônibus”.

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O que fica

A exposição também tem prazo de validade: durou apenas uma semana. Mas o registro fica para outras oportunidades e segue de maneira virtual no site. Algumas coisas ficam. No ponto, essas artes persistem. Mas, para Fernando, o que fica é a importância de valorizar o que é realmente feito em Juiz de Fora, pelos que moram aqui, para os que moram aqui. Para Weslla, fica uma reflexão do espaço da arte: “É muito interessante a ideia de conectar a arte nesses momentos, que, às vezes, pode ser o único momento do dia em que a pessoa pode ter esse contato. O edital também pode proporcionar aos artistas experiências muito únicas. Entrar na rotina de um bairro com ritmo oposto de sua vivência é desafiador também. A cada ponto é um ritmo diferente, uma rotina de uma pessoa, apenas uma passagem de outra. O edital pode levar Juiz de Fora em essência para todos os coletivos”, finaliza.

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