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Novidades no som alternativo de músicos de JF

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Dois nomes do cenário musical alternativo de Juiz de Fora chegam até os serviços de streaming com trabalhos fresquinhos, fresquinhos, e que marcam os primeiros registros sonoros oficiais das respectivas empreitadas. Um deles é responsabilidade única e exclusiva de Pedro Baptista: o baixista da Alles Club aproveita o período de recesso dos mestres jedi do shoegaze juiz-forano para apresentar o primeiro EP de seu projeto solo, o retrô-futurista-tudo-ao-mesmo-tempo-agora BAAPZ, que faz seu primeiro show nesta sexta-feira, às 19h (abertura da casa), no Uthopia. O outro é o também debutante EP do duo Blizterin’ Sun, que está na área com o enérgico “Target”.

No caso de Pedro Baptista, o EP “Remoto” (Pug Records) chega aos ouvidos do povo depois de o cantor, compositor e músico vencer a insegurança que dava um jeito de sobrepujar aquela vontade de mostrar suas produções. Ele conta que a mais antiga delas, “Um dia qualquer”, já rodava por aí há alguns anos e teve várias versões inacabadas; a proposta inicial é que ela entrasse na trilha sonora de um filme que levaria o mesmo nome, com direção de Julio Napoli, mas que foi lançado como “Cidade do Aço”.

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“Acho que o que realmente me fez querer produzi-las e lançá-las foi o contato e as oportunidades que foram aparecendo assim que entrei para a Alles Club. Ver o Rodrigo Lopes tão empenhado nas produções dele me fez querer ‘impressionar’, e cada vez mais fui me dedicando e dando o meu melhor, até que mostrei uma demo de ‘Viajante do tempo’ e o Du (Eduardo Vasconcelos, da Pug Records) se ofereceu para lançar como um single. Depois disso não parei mais de produzir.”

Das cinco faixas de “Remoto”, quatro delas começaram a ser produzidas pelo artista em 2018 no seu homestudio, o Mixirica Records. Como dono da bola, ele fez as letras, cantou e tocou quase tudo no EP. Mas aí parou, pensou, e convidou Pedro Tavares para tocar o contrabaixo em “Incerto”, Marcio Reis para fazer a bateria “humana” das faixas – que antes eram eletrônicas – e Isabel Oliveira para dividir os vocais em “Um dia qualquer”, que ele define como “uma grande colagem de registros temporais. É uma faixa amadora em sua essência, que é possível ouvir rangido de cadeira, violões ‘mascando’, desafinações e fugas do metrônomo. Isso tudo porque muitas coisas foram gravadas de formas mais simples em anos anteriores e misturadas a coisas que gravei dias antes da finalização”.

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Pedro Baptista junta o futurista, o retrô e o contemporâneo no projeto BAAPZ. (Foto: CAIO DEZIDERIO/DIVULGAÇÃO)

Influências

Para quem conhece a Alles Club, o projeto BAAPZ surpreende por ser diferente do shoegaze que marca a sonoridade do grupo. “Remoto” é futurista, contemporâneo e retrô em diversas camadas. Um encontro entre o pop eletrônico dos anos 80, Clube da Esquina, Marcos Valle, Daft Punk, The Smiths e Michael Jackson, entre outras influências. “Acredito que a minha música reflete muito a forma que eu tenho de consumi-la”, diz. “Eu nasci em 1995, então é impossível afirmar que eu vivi conscientemente a cultura noventista e muito menos as décadas anteriores a esta. Minhas lembranças de infância foram ouvindo coisas do anos 2000 para frente, como as diversas (coletâneas) ‘Summer Eletrohits’ que minha mãe comprava para fazer esteira dentro de casa. Mas por outro lado, convivo com muitas pessoas mais velhas, sempre absorvi muita coisa da música brasileira e estilos diferentes de outros países, como as vezes que me viciei em blues raiz e gypsy jazz.”

“Penso muito nos elementos específicos que poderiam combinar com a estética que estou propondo, mesmo sem saber ao certo aonde quero chegar. Por exemplo, certo dia eu escutei uma música que tem uma parte com flauta transversal fazendo algo meio rítmico, e já estou doido para achar uma oportunidade para fazer algo do tipo. O resultado sempre vai ser diferente das influências pelo simples fato de apresentar outras melodias e acordes, outros intérpretes e, por fim, outros contextos.”

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Reflexões cotidianas

Quanto às letras, Pedro Baptista trata de temas pessoais, que passam por saudade, distância, amores outras questões existenciais – e tudo cantado por ele, que de discreto baixista agora está ali na frente, tendo que receber as flores e (será?) pedradas. “Acho que nunca me senti tão vulnerável a críticas e a elogios. Críticas são inevitáveis e muitas vezes, quando são construtivas, geram uma reflexão boa e uma reafirmação da sua arte e daquilo que você acredita. Pode ser bobo falar sobre o amor, mas ainda acho que é a arma mais poderosa em tempos como esse. E eu acho que o ouvinte se identifica. Meu objetivo é fazer a música chegar a todos sem muito rebuscamento nas letras, mas que traga algumas pequenas reflexões cotidianas que não são tão abordadas assim.”

“Sobre assumir o posto de vocalista, ainda não sei ao certo. A julgar pelos ensaios, sinto que o posto de frontman é complicado. Tenho déficit de atenção, e às vezes é difícil não ficar reparando no que cada integrante está fazendo e tocar guitarra ao mesmo tempo, se concentrar em cantar minimamente afinado e ainda lembrar da letra (risos), mas a partir do quinto ensaio tudo já fluiu de uma forma que me deixa mais seguro para apresentar.”

Dupla do barulho

Quem também está com o primeiro trabalho na praça – e fazendo barulho há alguns meses pela cidade – é a dupla (nada sertaneja) Blizterin’ Sun. “Target”, o EP, chega nove meses depois dos primeiros ensaios, em novembro passado, quando o grupo ainda era um quarteto. Quando perceberam que a coisa dava liga num formato “mais seco”, o que era quatro se tornou dois, com Anna Luísa Moraes respondendo pela guitarra e vocais e Rafael Guedes tocando a bateria. Se pensou em White Stripes e The Black Keys, as comparações até são válidas em termos de formato, mas Rafael adianta que as influências são outras.

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“Gostamos muito do som de Seattle em geral. Bandas como Pearl Jam, Nirvana, Screaming Trees, Stone Temple Pilots e Soundgarden estão sempre presentes em nossas playlists. Mas também ouvimos outras coisas como Green Day, Blink 182, Slipknot, System of a Down, e por aí vai. Nos juntamos no intuito de fazer um som autoral com letras que envolvem questões sociais, psicológicas e comportamentais.”

As gravações do EP começaram em maio, no estúdio Maquinaria, e logo saiu o primeiro single, “Target” – que também se tornou o primeiro videoclipe do grupo, produzido pela turma da Inhamis. O processo de gravação se estendeu até julho, e no último dia 9 o trabalho chegou aos serviços de streaming e afins, com produção de André Medeiros. “Esperamos o clipe ficar pronto para lançamos tudo de uma vez. Eles fizeram um excelente trabalho. Todo o material foi primeiramente lançado de forma independente e sem incentivo algum, financiado com nossa própria grana. Agora será relançado pelo selo Dinamite Records, que tem sua base em São Paulo e em Nova York”, antecipa, explicando o motivo de um EP tão conciso em sua duração. “Inquietação e vontade de passar nossa mensagem por intermédio de um som diferente, bem trabalhado e que retrata exatamente o que somos.”

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A inquietação, aliás, explica os planos para o futuro imediato. “Pretendemos iniciar as gravações do primeiro disco ainda em 2019, mais para o final do ano. (Depois) lançar no primeiro semestre de 2020 e entrar em uma tour pelo Brasil para divulgar nosso trabalho.”

Rafael Guedes e Anna Luísa Moraes lançam o primeiro EP do Blizterin’ Sun, ‘Target’. (Foto: CLAUDIA NUNES/DIVULGAÇÃO)
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