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Trio apresenta combinações versáteis de viola, clarineta e piano

Piano Viola e Clarinete destacada
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O quarto dia do 30º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, nesta quarta-feira (24), traz um repertório pensado para explorar todas as variações de combinação entre três famílias de instrumentos: a viola, a clarineta e o piano. O trio é composto pelas juiz-foranas Flávia Motta (violista) e Elisa Galleano (pianista), e o belo-horizontino Iura de Rezende (clarinetista). Os mineiros interpretam como primeira obra o duo para viola e clarineta de uma das primeiras mulheres a tocar em uma orquestra profissional, a compositora inglesa chamada Rebecca Clarke (1886-1979). “Ela era violista e escreveu diversas obras de música de câmara com viola. Escolhemos esse duo porque é muito bonito, bem escrito e pouco divulgado. Raríssimas vezes são tocadas obras escritas por mulheres, tanto no ambiente orquestral quanto na música de câmara. Isso também nos motivou a escolher esse duo”, ressalta Flávia, por meio de assessoria.

As juiz-foranas Flávia Motta (violista) e Elisa Galleano (pianista), e o belo-horizontina Iura de Rezende (clarinetista) (Foto: Divulgação)

A segunda obra a ser apresentada é uma sonata para viola e piano, concluída pelo russo Dmitri Shostakovich poucos meses antes de sua morte. Ele foi um importante compositor do século XX, autor de 15 sinfonias, seis concertos, 15 quartetos de cordas, duas óperas e inúmeras músicas para filmes, dentre outras obras (sonatas, quintetos, octetos). “É muito importante no repertório para viola e na história da música. Trata-se de uma obra autobiográfica”, explica a violista. Seu primeiro movimento apresenta a imagem da Rússia durante a segunda guerra: o frio, a neve, bombas caindo. O segundo movimento retrata sarcasmo, ironia, raiva, maldade e revolta. O terceiro movimento, fúnebre, é uma homenagem a Beethoven em razão de sua morte.

O repertório inclui ainda “Introdução e Rondó op. 72”, obra para clarineta e piano de Widor (1844-1937), que demonstra virtuosismo e explora as cores e possibilidades do instrumento, segundo Flávia Motta. A composição também foi escolhida para fazer uma ponte entre a densidade e a intensidade de Shostakovich e a leveza e a transparência do trio de Mozart que encerra a apresentação. Sua obra, especialmente produzida para o trio clarineta, viola e piano, foi escrita em 1786, época em que a clarineta ainda não havia se popularizado.

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Cidade musical

Flávia Motta, que iniciou seus estudos de música aos 7 anos em Juiz de Fora, afirma que o Festival teve um importante papel em sua história. “Não me lembro da minha infância e adolescência sem o festival nas férias de julho. Minha família recebia em nossa casa crianças que vinham de fora. Laços fortes de amizade foram criados”, relembra. Ela participou do primeiro festival aos 8 anos e, como musicista, ressalta a oportunidade de estudar com professores nacionais e internacionais, além conhecer pessoas do Brasil inteiro, como algumas das contribuições do evento para sua formação. “Juiz de Fora, nesses 30 anos, foi sempre conhecida como uma cidade musical, devido ao trabalho realizado pelo Pró-Música e o festival”, comenta a violista que diz ter orgulho de andar pelas ruas com seu instrumento. Desde 2016, ela integra o Quarteto Boulanger, grupo dedicado à música contemporânea, que em breve estará lançando seu primeiro disco.

Recital de Piano, Viola e Clarineta
24 de julho, às 20h, no Auditório do Museu de Arte Murilo Mendes (Rua Benjamin Constant 790, Centro)

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