
O Memorial Itamar Franco abre espaço para, até o dia 19 de agosto, contar outras histórias além da do ex-presidente, a quem o museu homenageia. Na exposição “Tantas trajetórias”, aberta desde a última quinta-feira (23), nove artistas expõem os seus olhares sobre a memória e aquilo que chega quando se fala de história. O próprio público é convidado a interligar a sua com as expostas no espaço, afinal, em algum momento, todas elas podem se cruzam. O convite reflexivo é feito logo na fachada, com a pergunta adesivada: “Qual é a sua história?”. A exposição tem visita guiada, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. As visitas podem ser agendadas no e-mail cultura.memorial@ufjf.br.
São várias as formas que mostram tantas trajetórias. Nina Mello, por exemplo, com a fotografia, mostra isso da maneira mais clara: com fotos de família. A sensação é aumentada com o uso de um fone, no qual uma pessoa reflete sobre suas memórias. Francisco Brandão, com a instalação “Pan em Glória”, aciona tato, visão e audição, com portas fora de contexto que sinalizam, simbolicamente, a força, as pressões internas e o que há de mais íntimo. César Brandão propõe um ready-made com placas de ruas – uma delas faz referência à Avenida Independência, que hoje leva o nome de Itamar Franco, propondo, também, as mudanças dos percursos.
Já Júlia Vitral, também na perspectiva de passagem, expõe uma escultura em forma de coração, com uma pedra bem no meio, utilizando o poema de Carlos Drummond de Andrade, apontando para a pedra que há no meio do caminho. A mais jovem entre os artistas da exposição é Ana Berenice, que estreia com colagens que trazem a temática da metamorfose. Expondo a própria intimidade, Adauto Venturi , em três gravuras de metal, fala sobre o caminho da reclusão à liberdade. Os artistas Petrillo, Ramon Brandão e Valéria Faria completam a “Tantas trajetórias”.
Além das obras de diferentes linguagens, a curadoria, feita pelo jornalista Mauro Morais, decidiu estampar o chão do espaço com trechos literários de vários escritores, incluindo um da poeta juiz-forana Laura Conceição. A ideia é, através disso, mostrar que a sociedade é um cruzamento de trajetórias.
De acordo com o curador, a proposta da exposição é apontar a possibilidade de construção de uma sociedade que, formada pelas histórias individuais, mira na democracia. “O desejo de falar sobre isso se relaciona com a proposta do Memorial, que preserva e narra uma trajetória, a do presidente Itamar Franco. Essas memórias que aqui conservamos guarda muitas outras, agrega muitas pessoas, muitas vivências. O Memorial ganha em sentido quando, à trajetória de Itamar, percebemos a nossa própria trajetória. Um espaço de memória deve servir ao passado, ao presente e ao futuro. Os trabalhos e também as referências poéticas defendem a potência das memórias.”